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Ainda o Basquetebol

Por Pedro Almeida Cabral
11 Jun, 2021

Fica o nosso campeonato, 39 anos depois. E a ansiedade para a próxima época. A história nunca se repete. Mas seria muito bonito repetir o bicampeonato 40 anos depois

Na ressaca das melhores semanas de sempre da história do Sporting Clube de Portugal, com a conquista do tão desejado Campeonato Nacional de futebol e das Ligas dos Campeões de futsal e de hóquei em patins, é ainda tempo de falar do enorme triunfo alcançado no basquetebol.

Ao contrário do que se pensa, apesar dos intervalos em que o basquetebol vai surgindo na vasta oferta de modalidades que o eclectismo Leonino oferece aos seus Sócios, esta modalidade tem raízes fundas no Clube. Sempre que tivemos cincos fortes e vencedores, Sócios e adeptos acompanharam o basquetebol Leonino com entusiasmo. Quer nos anos 50, com os primeiros três Campeonatos Nacionais. Quer mais tarde nos anos 60 e anos 70. E, sobretudo, no início dos anos 80, com o bicampeonato de 1981/1982, em que se destacaram os fabulosos irmãos Baganha e os norte‑americanos John Fultz e Mike Carter. Com um historial tão rico, o Sporting CP não podia regressar para passear na quadra. E não passeou. Ganhou o primeiro campeonato após o regresso, juntando às duas Taças de Portugal conquistadas de seguida, a de 2020 e a de 2021. Mais do que voltar à modalidade, o Sporting CP regressou honrando a sua história.

Quem não tenha visto os cinco jogos da fase final contra o FC Porto poderá pensar que se venceu tranquilamente. Nada mais errado. Levar de vencida uma equipa como a do FC Porto, reforçada para a fase final com um extremo da qualidade de Nevels, exigiu do Sporting CP o melhor que o Clube pode dar. Travante, Ventura, Catarino, Ellisor, Smith e Downs assinaram prestações memoráveis. Ganhar um campeonato com tanto mérito só foi possível com esforço intenso, dedicação permanente e devoção absoluta. Foi também esse o sentido do belíssimo discurso do nosso treinador, Luís Magalhães, cujas palavras e maneira de estar não são apenas as de um campeão. São as de um homem experimentado que sabe que a essência do desporto é a superação de nós mesmos e não o ódio e a raiva ao adversário.

Por fim, se houve jogo de basquetebol emocionante nesta temporada, foi o que deu o campeonato ao Sporting CP. Voltas, reviravoltas e ansiedade até ao fim. Já devo ter visto o último minuto desse desafio uma dezena de vezes. Sobretudo os dois pontos de Smith a sete segundos do fim e a desastrada falta do poste Anderson do Porto, que permitiu a Downs fazer o 86‑85 final em lance livre. As lamentáveis cenas no final do jogo e as afirmações destemperadas dos dirigentes portistas não merecem mais do que esta menção. Fica o nosso campeonato, 39 anos depois. E a ansiedade para a próxima época. A história nunca se repete. Mas seria muito bonito repetir o bicampeonato 40 anos depois.