Futebol Maior
05 maio, 2022
Com uma esclarecedora vitória por 4-1 perante um Gil Vicente que luta por lugares europeus, conseguiu o Sporting Clube de Portugal assegurar o segundo lugar, carimbar o passaporte para a Liga dos Campeões e continuar a lutar, até ao fim, pela revalidação do título de campeão nacional. Meros três pontos, dirão uns. Mais que a nossa obrigação, dirão outros. Comentários desconhecedores, digo eu. E por razões bem simples de ver. É preciso recuar até ao nosso campeonato de 1970 para terminar o campeonato do ano seguinte em segundo lugar. Ou seja, nos cinco campeonatos conquistados em 1974, 1980, 1982, 2000 e 2002, terminámos no campeonato a seguir sempre em terceiro lugar. E, uma das vezes, a uma distância aflitiva do campeão, com mais de 20 pontos de diferença. A história ensina o que não podemos repetir. Neste caso, ensina-nos que temos sempre que defender o nosso estatuto de campeão até ao último segundo da última parte do último jogo da última jornada. Não foi o que fizemos no passado. É o que estamos a fazer agora.
Também não é uma curiosidade numérica que seja a segunda vez que vamos duas vezes seguidas à Champions League sem ter que disputar pré-eliminatórias. Só nas épocas de 2006/2007 e 2007/2008 o tínhamos conseguido. Aliás, desde 1992/1993, com a prova disputada no actual formato, em apenas oito vezes alcançámos qualificação directa para a Liga milionária. E duas dessas vezes pertencem, com todo o mérito, a Rúben Amorim, que também conseguiu, nesta edição, a qualificação para os oitavos-de-final, a segunda da nossa História. Não são, portanto, meras curiosidades. Mas sim sinais de uma escalada consistente e vencedora.
Ao que o jogo diz respeito, foi um jogo à Sporting, com ataque contínuo e produção ofensiva bastante. Não fosse a enorme exibição do guardião gilista, e os números da nossa vitória seriam outros. Para mim, e não é de agora, quando Nuno Santos está em campo com esta intensidade, é sempre com água na boca que o vejo pegar na bola. Lá foi ele, rasgando avenidas velozes, com o perigo à espreita em cada finta. Sofreu penálti, arrancou o 3-1 ao infeliz adversário que meteu a bola na própria baliza e, por duas vezes, devia ter marcado. Não só ele se destacou. Matheus Nunes, Palhinha, Porro e o inevitável Sarabia deram muito a uma das melhores exibições da época. É este futebol maior, que merece ser campeão e que faz jus à grandeza do Sporting CP. E é este futebol que queremos continuar a ver, nas próximas épocas, em Alvalade, nos estádios espalhados pelo país e por toda a Europa.