Diga 23!
07 Jul, 2022
(P'ra mentira ser segura
E atingir profundidade
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade)
António Aleixo
Não sou jurista. Logo não quero julgar pareceres jurídicos, sob pena de me estar a meter em algo que não domino minimamente.
Agora o que domino, porque gosto de saber da história do futebol português, bem como de todas as modalidades, é o que constato por verdade, e a leitura de todo um passado que, com mais ou menos conquistas, não deixa de ser grandioso do nosso Sporting Clube de Portugal.
E porque, também, nunca me foi imposta nenhuma regra por quem dirige o nosso Jornal quanto ao que escrevo semanalmente, logo o termo "cartilheiro" não me assenta de todo, nem as pessoas o pretendem, hoje quero que a verdade seja mesmo verdade, e que a mesma não se transforme em mentira, só porque sim, ou neste caso porque dá jeito.
Gosto desde muito cedo de ser um estudioso de tudo o que é desporto, e consulto regularmente enciclopédias para ler sobre aquilo que a idade não me permitiu visualizar.
E no futebol, o que li desde sempre é que a primeira − e então única − competição oficial que se realizou foi na época de 1921/1922, com a denominação de Campeonato de Portugal, e a quem era, sem dúvida alguma, pese o método de disputa, atribuído o título de Campeão de Portugal a quem vencesse a competição, para o qual, basta consultar os jornais da época para aferir desta verdade. Assim o foi entre a época acima citada e a de 1937/1938. Mas porque nada é estanque, e a mudança não me choca mesmo nada, foi disputado a título de carácter experimental com o formato de todos contra todos − e em conjunto com o Campeonato de Portugal (oficial) − entre 1934/1935 e 1937/1938, uma competição denominada Campeonato da Liga, que o nosso Clube não ganharia alguma e que os rivais conquistaram três e uma, respectivamente. A partir de 1938/1939 começaram então a realizar-se duas competições, o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal.
Da década de 30 até à de 90, nunca em vez alguma esta competição experimental foi contabilizada. E para aferir o que estou a dizer basta consultar jornais e revistas da época. Até que num golpe de magia, eis que tudo mudou. O que era experimental, e disputado em conjunto com a única prova que era oficial, começou a contar. E é isto que, junto de amigos, sempre combati. Muito mais do que se o nosso Clube tem 23 títulos nacionais, ou 19+4, que dá os mesmos 23. Isto é irrefutável. O Sporting ganhou a competição que atribui o título de campeão de futebol por 23 vezes. Dizer o contrário não é falar verdade. A história está escrita. Reescrever a mesma com falsidades quiçá movidas por interesses, é que não pode passar a ser verdade.
Outra verdade, e para isso basta consultar o site oficial da FPF, é que também na Supertaça duas edições foram de carácter oficioso até ser disputada de forma oficial, e foram igualmente ganhas por outros clubes e − incrível − também contabilizadas. Se, como dizia o meu falecido avô numa expressão portuguesa do antigamente, "só quero o que é meu", o que é que eu quero.
Apenas que a verdade não seja mentira. Porque se foi sempre verdade durante 60 anos, o incrível é porque é que tudo mudou?
O Sporting CP conseguiu por 23 vezes o título máximo do futebol português. Contabilizem da forma que quiserem. Se sou mais de letras do que de números, contar 19+4 é de soma fácil. São mesmo 23!