Saber ganhar... ou talvez não
15 Jun, 2023
Fico sempre muito feliz quando o Sporting Clube de Portugal ganha. Gosto tanto de viver esses momentos de plena felicidade, como aconteceu no passado fim-de-semana, com a conquista da Taça de Portugal de andebol masculino e com a obtenção do título nacional de ténis de mesa feminino.
A minha felicidade é, contudo, sempre muito mais interior do que aquela que acabo por a exteriorizar. Cada um tem a sua forma de ser e de estar.
E se fiquei contente com estas conquistas, obviamente que, sabendo que ninguém ganha sempre, não gosto nada de perder contra ninguém, quanto mais ante o eterno rival. Como já aqui o disse, e sabem os que me são mais próximos, fico mesmo com uma descomunal azia. E isso aconteceu no basquetebol. Mas aquilo que sucedeu após o jogo, em que claramente o adversário venceu bem, provocou-me sobretudo repulsa e fez-me lembrar os meus saudosos pais que me ensinaram a estar no desporto. Não participar na entrega do troféu de campeão que era da sua pertença e não estar presente na entrega das medalhas ao finalista vencido e aos árbitros, não só me causou estupefacção, como até a mais profunda indignação. Quem apregoa a moral de que "as vitórias não são contra ninguém" deveria de ser coerente. E, mesmo que achem que lhes assiste alguma razão, deveriam sobretudo respeitar quem estava no Pavilhão, e tinham lá adeptos seus, bem como o Sporting Clube de Portugal, que era o anfitrião do espectáculo que decidia o título. Era o mínimo exigível. Quem não respeita não merece ser respeitado. Saber ganhar é tão ou mais importante do que saber perder. E isso, como terreno tenho defeitos, até por ser condição humana, um que não tenho é que prezo-me de saber ganhar e de saber perder, e como na tristeza da derrota fiquei feliz ao ver os Sportinguistas a aplaudirem a nossa equipa, no rescaldo de uma época em que conquistámos a Supertaça e a Taça Hugo dos Santos, estivemos na final four da Taça de Portugal e ainda fomos vice-campeões nacionais.
Mas o que me leva a escrever semanalmente neste espaço não é de factores colaterais ao desporto. É mesmo sobre desporto.
E aí, que bom foi assistir no sábado, na meia-final da final four da Taça de Portugal, a um jogo estratosférico de andebol entre o Sporting CP e o FC Porto, ao qual arrisco a dizer ao nível do que melhor se vê pela Europa. Caiu para nós após prolongamento, com todo o mérito. O mérito de quem quis mais e acreditou até ao último segundo. O mérito de quem valoriza o trabalho, como é o caso de Ricardo Costa e sua equipa técnica. O mérito de quem merecia mais no Campeonato e trabalhou muito para obter esta conquista - a nossa 17.ª Taça de Portugal, que seria confirmada na final ante o CS Marítimo (30-29).
Mas os êxitos não ficaram por aqui. Também o ténis de mesa feminino foi feliz em terras transmontanas e, sob o comando técnico de Marco Rodrigues e com um plantel formado por Galia Dvorak, Anna Hursey, Patrícia Santos, Juliana Silva e Diana Gomes, de lá saiu com o seu 15.º título de campeão nacional, que era pertença do CTM Mirandela. Foi também ele um título decidido com sangue, suor e lágrimas apenas no último jogo, e que jogo ele foi, que acabou com a vitória da nossa Galia Dvorak sobre a opositora Inês Matos e com ela a respectiva posse do título nacional para as nossas Leoas chegado apenas na ‘negra’. Estamos de parabéns, e o Museu Sporting mais rico.
Agora mais títulos estão por decidir. São os de hóquei em patins e de futsal, já em andamento nas respectivas finais dos play-offs, e a do ténis de mesa masculino, com a final a começar no próximo sábado, na Madeira, frente ao CD São Roque. Mais modalidades estarão a ver chegar os grandes momentos. Recordo por exemplo o atletismo masculino e feminino na pista, depois dos títulos nacionais em pista coberta.
Que venham mais conquistas. E sabendo ganhar. Que é tão ou mais importante do que saber perder.