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Até sempre e obrigado, Eterno Capitão!

Por Juvenal Carvalho
04 Jul, 2024

"Heróis são lembrados. Lendas ficam para sempre"

Existem textos que nunca os desejamos escrever. Acreditamos até, quais sonhadores, que é impossível virem a acontecer. Mas não, inevitavelmente aconteceu aquilo que nenhum de nós desejaria, apesar dos sinais dos últimos tempos nos trazerem já, aqui ou ali, indicadores menos bons. 

O Manuel Fernandes, o nosso Manel, o nosso Eterno Capitão, a minha referência maior enquanto Sportinguista, partiu no dia 27 de Junho de 2024, muito poucos dias após ter completado os 73 anos de idade.

A notícia chegou-me através de um grupo de Sportinguistas no WhatsApp. Assim, cruel: "Morreu o Manuel Fernandes". Esfreguei os olhos e voltei a ler como que não acreditando. Julgando que seria um equívoco ou que aquilo que estava a ler não passava de um pesadelo. Fui logo pesquisar aos sites dos jornais, acreditando que não se concretizaria aquilo que li. Mas não só se confirmou, como que quase gelei.

Estava consumada a partida da lenda. Aquele que, nascido em 1951 em Sarilhos Pequenos, e que em criança já ouvia os relatos do "seu" Sporting no velhinho rádio de pilhas e que a sua mãe, também ela uma Leoa de antes quebrar que torcer, lhe dizia desde muito cedo que ele iria jogar no Sporting CP e isso, qual premonição materna, acabaria mesmo por acontecer. Chegou ao clube do coração, vindo da CUF, em 1975/1976, e estava chegado o momento de se iniciar uma história fascinante. De classe e de amor ao emblema do Leão, onde foi jogador, treinador e dirigente. Como jogador realizou 433 jogos e fez 257 golos, num trajecto de 12 anos. Ganhou dois Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal e uma Supertaça. Foi ainda Bola de Prata, por ter sido o melhor marcador, na época de 1985/1986. Depois de uma dispensa muito controversa – sim, a lenda nem sempre foi bem tratada, regressaria a casa como treinador-adjunto de Bobby Robson, primeiro, e depois como timoneiro principal ganharia uma Supertaça ao FC Porto, em Coimbra, num jogo em que estive presente, como aliás em tantos outros dele com o número 9 na listada verde e branca, dos mais de 400 que realizou com o símbolo do Leão rampante ao peito. Também foi presença regular na Selecção Nacional, e só não foi mais por manifesta injustiça, como por exemplo as ausências incompreensíveis, no Euro 84 e no Mundial 86. 

Para mim, falar do Manel é falar da figura maior do meu imaginário de jovem Leão. Daquele que, como já aqui escrevi neste meu espaço por mais do que uma vez, me "forrava" as paredes do quarto com os seus posters. Daquele que em adolescente me deu um autógrafo à saída da Porta 10-A do antigo estádio, que ainda o guardo religiosamente. Daquele que, nos célebres 7-1 ao eterno rival, me fez ficar louco de alegria a cada um dos seus quatro golos. Que momento épico. 

Quis o destino que no meu percurso de Sportinguista com ele tivesse privado algumas vezes. Em cada uma delas, menos do que aquelas que gostaria que tivessem acontecido, bebi ensinamentos. Em cada uma delas quis saber mais. A última vez que com ele estive pessoalmente, quis o destino que fosse em Parambos, a aldeia mais Sportinguista de Portugal. Um momento que jamais esquecerei.

O Sporting Clube de Portugal – mas também o futebol português, porque era inquestionavelmente um jogador e um Homem transversal, ficou muito mais pobre sem o Manuel Fernandes. O Conselho Directivo – a quem, pela mais elementar justiça quero deixar o meu obrigado pela forma como trataram o nosso Manel até ao fim dos seus dias – deu dignidade ao momento do adeus. Tantos e tantos Leões, bem como figuras gradas de outros clubes e até da nação, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, estiveram na despedida no Hall VIP do Estádio José Alvalade. Foi um momento de tristeza infinita, mas de um reconhecimento sem paralelo. Numa demonstração fantástica de um amor incrível ao Eterno Capitão. 

Até sempre, Manuel Fernandes! Heróis são lembrados. Lendas ficam para sempre! Por cada Leão que cair, outro se levantará!

P.S – No dia 1 de Julho o Sporting Clube de Portugal fez 118 anos de uma História inolvidável feita de Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. 

Parabéns ao nosso grande amor!