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Oh captain, my captain

Por Juvenal Carvalho
11 Jul, 2024

A notícia chegou-me no passado sábado, quando liguei o WhatsApp: "O Coates vai sair". Foi assim, desta forma lacónica, que recebi de um amigo a informação, então ainda não oficializada pelo Sporting CP, mas que chegaria poucos minutos depois, num vídeo emocionante de despedida publicado pelo nosso Clube. Logo fui pesquisar as reacções do universo Sportinguista a este adeus do nosso "Seba", do nosso "El Patrón", do nosso "Captain".  

Todas eram de profunda estima e de compreensão. Todos nós nos habituámos a estimar alguém que passou a ser uma referência do nosso Clube, e nos dias de hoje, na era do futebol indústria, cada vez menos isto é possível. Todos nós ficámos tristes pela saída de um dos nossos, que quis terminar, por razões pessoais, a carreira no seu país, no seu outro amor, o Nacional de Montevideu. 

E por tudo o que representas, vou escrever-te uma missiva sincera e de coração aberto:

“Olá, Sebastián Coates. Primeiro, desculpa o trato por "tu", até porque não nos conhecemos pessoalmente, mas sei que não vais levar a mal. Chegaste em Janeiro de 2016, vindo da Premier League, mais concretamente do Sunderland. Assumo que sabia pouco de ti. Posso dizer-te até, levado pela sinceridade, porque é assim que sei e gosto de estar, que não eras, na fase inicial, o protótipo do jogador que me enchesse as medidas. Fiz-te até críticas no meu círculo de amigos, porque não te achava aquilo que o Sporting CP necessitava. No fundo, estou a assumir aquilo que foi a realidade e não apenas dizer-te palavras bonitas, porque sim. Mas sabes, Sebastián Coates, que bom ter estado errado, e como me penitencio por isso. Depois de teres Alvalade a desconfiar de ti – sim, não era só eu – subiste a corda da confiança de todos nós a pulso. E como o fizeste. Se já sabia que eras um profissional de mão cheia, porque és daqueles que não enganas, conseguiste encher o meu (nosso) coração de Leão, porque para isso tanto lutaste. Oito anos e meio de Leão ao peito depois, na despedida afirmaste ter sido "uma decisão e um dia muito difícil". E foi. Para ti e para mim – afinal, para todos nós. Ganhaste oito troféus (dois Campeonatos Nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e quatro Taças da Liga), tantas vezes com golos decisivos teus; mas ganhaste muito mais que isso. Tornaste-te no nosso "Capitão", no jogador estrangeiro que mais jogos fez pelo Sporting Clube de Portugal. Entraste no top ten de jogadores com mais jogos efectuados de Leão ao peito. Ganhaste definitiva e decididamente o coração de quem ama o também agora, e para sempre teu, Sporting CP. Que te posso dizer mais, além de te agradecer muito estes oito anos e meio. Só te posso pedir desculpa pela desconfiança inicial. Que tu afinal não o merecias. Partes, não só como um dos nossos, mas sobretudo como uma referência do Sporting Clube de Portugal. Estarás para sempre no nosso coração. Agora, depois de nos fazeres muito felizes, regressas ao teu país e ao teu outro clube do coração. Vou recordar para sempre a alegria com que levantaste todos os troféus que ganhaste ao serviço do nosso Clube. Recordar a tua alegria quase de criança com que no Marquês de Pombal ou na Câmara Municipal de Lisboa festejaste com os teus colegas de equipa o nosso 24.º título nacional. 

Vai ser emocionante ter que me despedir de ti no Estádio José Alvalade no Troféu Cinco Violinos. Muito emocionante mesmo. Mas sem seres avançado, como eram esses "monstros" da nossa História, conquistaste indelevelmente o estatuto de "violino". Um "violino" da era moderna. 

Sei que sou um pouco lamechas e não deveria dizer isto para um Leão como tu, que és um lutador indomável: Foi com muita emoção que te escrevi estas linhas. 

Já tenho saudades tuas!

Obrigado por tudo!”.

P.S – Este texto para Sebastián Coates poderia servir – e serve também – para homenagear e agradecer igualmente a Antonio Adán, Luís Neto e Paulinho. Também eles de partida. Também eles enormes. Também eles ficarão eternizados na nossa História.