Reportagem com Jorge Fonseca no Jornal Sporting desta semana
Foi Paris que acolheu o regresso de Jorge Fonseca às grandes provas e logo numa competição como o Grand Slam. Mesmo depois da série de atentados de que a cidade foi alvo em Novembro de 2015, o atleta do Sporting salienta: “Não notei nenhum reforço efectivo na segurança, embora não tenha existido qualquer problema a esse nível”.
Nos longos meses em que esteve afastado, o judoca ‘leonino’ não deixou de lutar. Lutou contra uma situação clínica complicada que não estava relacionada com a sua actividade desportiva e voltou a pisar o ‘tatami’ para os combates de que realmente gosta. “Ultrapassei bem a minha ausência. Acabou por não ser um processo difícil, quando comparado com a situação delicada pela qual passei”.
Chegou, viu e entrou a ganhar na prova realizada na capital francesa, derrotando o senegalês Baboukar Mane (72.º da hierarquia) por ippon em apenas 1.52 minutos. Continuou o seu caminho e logo chegou ao grande momento da sua prestação: uma vitória sobre o sexto melhor do Mundo, o alemão Dimitri Peters, em pouco mais de um minuto (1.05), feito que o judoca admite ter tido um sabor especial: “Estava com muita vontade de competir com ele porque tinha perdido nas duas vezes em que nos tínhamos defrontado. Estudei--o muito bem”. Tudo isto vindo de um atleta que estava há... sete meses sem competir. Não ficou deslumbrado com o feito. Queria mais! O húngaro Gergo Fogasy (51.º no ranking mundial) apareceu-lhe pela frente e Jorge Fonseca superou-o por yuko. A sequência de vitórias do atleta luso só esbarrou no cotado gaulês Cyrille Maret, quinto melhor do Mundo, tendo caído para as repescagens. O actual 23.º classificado do ranking mundial partiu para a competição com o objectivo de alcançar uma medalha e, apesar da primeira adversidade, continuava a ter a medalha de bronze no horizonte. Uma aspiração que se dissipou depois de ter sido derrotado pelo holandês Michael Korrel, a 32 segundos do final do combate e quando já acumulava três castigos. “O adversário holandês conhecia-me muito bem”, admitiu, reconhecendo todo o mérito do seu opositor e com a consciência de que tem de continuar a aperfeiçoar as suas lacunas: “Conseguiu evitar os meus ataques mais fortes e aproveitar os meus pontos fracos. Saí de cabeça erguida e com vontade de trabalhar mais para conseguir corrigir alguns aspectos técnicos”. Os últimos suspiros da corrida não foram suficientemente fortes para chegar ao pódio, mas não apagaram as letras douradas de um regresso feliz.
A falta de ritmo do judoca, que se apaixonou pela modalidade há nove anos, disfarçou-se de ambição e garra, permitindo-lhe somar pontos preciosos para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, que se irão realizar em Agosto. “Quero atingir o mínimo para os Jogos Olímpicos o mais rápido possível. Neste momento, estou em 19.º lugar, mas quero alcançar o décimo o quanto antes, para que possa ficar confortável até Agosto e não me preocupar. Tenho de me focar em fazer o máximo de competições possíveis até lá, pois só assim conseguirei equiparar o meu ritmo com o dos outros atletas”, reforça, apesar de não conseguir esconder a tristeza por não ter alcançado o seu objectivo: “O positivo seria ter ganho uma medalha. Não consigo ficar satisfeito, mas não avalio a minha prestação de uma forma negativa, visto que tive sete meses parado”.
Não existem dúvidas quanto ao potencial de Jorge Fonseca que, depois de ter vencido Dimitri Peters no segundo encontro, voltou a demonstrar que continua a ser um dos melhores do mundo. Luta olhos nos olhos contra os obstáculos que a vida lhe coloca, um princípio que também leva para dentro do ‘tatami’. Não teme nenhum adversário, mas preserva a humildade. E é por isso que, mesmo com um tímido sorriso, garante sem quaisquer