João Sampaio: "O que se passou ontem não se pode repetir"
11 Out, 2019
Vice-presidente e responsável pela área jurídica falou sobre a actualidade Leonina
O vice-presidente e responsável pela área jurídica do Sporting Clube de Portugal, João Sampaio, falou na tarde de sexta-feira ao Jornal Sporting sobre a AG, as contas do Clube e a relação com os grupos organizados de adeptos.
Contas aprovadas
"O Conselho Directivo congratula-se pelo facto das contas terem sido aprovadas. Isso é o mais importante porque é sinal da responsabilidade que os Sócios colocaram no seu sentido de voto. Para o Clube, enquanto instituição, é muito importante ter as contas aprovadas na sua relação com todas as entidades externas como os bancos e o Estado. Seria muito negativo que as contas não tivessem sido aprovadas. Os Sócios deram, uma vez mais, um sinal de responsabilidade aprovando umas contas que estão completamente em linha com orçamento que eles mesmos tinham aprovado. Portanto, a primeira nota é de saudação pela responsabilidade manifestada pelos Sócios", começou por dizer.
Mais votos com menos votantes
"A diferença entre as maiorias no número de votos e nos votantes reflecte uma diferença estatutária em que eu, pessoalmente, me revejo. Admito que seja discutível, mas a minha posição pessoal, e penso que falo pelo Conselho Directivo, é que isso faz sentido porque, numa associação centenária, a antiguidade deve ser premiada com mais direitos. Felizmente, estas matérias estão sempre em discussão porque os nossos Associados são muito participativos. Ainda assim, convivo muito bem com esta regra porque premeia a antiguidade e a fidelidade à Associação", referiu.
Comportamento menos correcto na AG
"Acho que todos nós, Sportinguistas, devemos fazer um balanço crítico do que se passou. Não podemos admitir que, numa Associação que tem a democracia tão instituída nos estatutos, haja uma pessoa que não consegue falar na AG. No Conselho Directivo, temos gerido as críticas com alguma sageza e algumas delas são violentas e fora de tom. O que se passou demonstra uma situação muito grave e os Sportinguistas devem mobilizar-se para que isto não se repita. Ontem, um ex-presidente do Sporting CP, José de Sousa Cintra, não conseguiu falar na AG do Clube de que é Sócio. (...) Isso é gravíssimo e os Sócios do Sporting CP têm de se mobilizar para que isto acabe. E os Sócios que fazem mais ruído em função das críticas que fazem a esta Direcção têm de perceber que nas AG todos podem falar. Todos podem criticar a Direcção e nós respondemos ao que podemos e ontem fizemos um esforço para esclarecer tudo, tal como tínhamos feito na AG da SAD. Mas há uma coisa que quero deixar clara: o que se passou ontem não se pode repetir. Se for feita uma análise, ontem subimos um grau na escala de violência verbal. Isto porque associou-se a este descontentamento, que tem em parte que ver com as feridas do passado e os maus resultados desportivos, o descontentamento que vem de um grupo organizado de adeptos. (...) Os Sportinguistas já se aperceberam, têm dado sinais no Estádio, e nós apelamos a que critiquem quando têm de o fazer, mas sempre de forma pacífica, respeitando os direitos de todos e deixando que a democracia flua no Clube. O que não podemos tolerar é que as pessoas nos digam que não estão para se sujeitar aquela violência verbal que pode tornar-se física nas AG. Pedimos que os Sportinguistas se mobilizem para que isto não seja possível novamente. Queremos restaurar novamente a confiança na AG e que as pessoas possam falar tranquilamente e dizer o que pensam, mesmo que seja para criticar a Direcção", reforçou.
Protocolo e relação com os GOA
"O Conselho Directivo identificou que a relação que estava a ser instituída com os GOA (grupos organizados de adeptos) não era saudável porque introduzia uma enorme injustiça na relação do Clube com os outros Sócios e na relação com os GOA. Os GOA eram claramente beneficiados relativamente aos outros Sócios, o que nos pareceu uma injustiça atroz e que era preciso colmatar. O que fizemos, já este ano, foi propor aos GOA a celebração do novo protocolo que passava por comprarem bilhetes a um preço reduzido e terem outro tipo de regalias como apoio em viagens e a coreografias comuns quando decidissem fazê-las no Estádio. Três dos GOA aceitaram muito bem este protocolo e têm-no cumprido sem dificuldade. O outro GOA não está muito satisfeito, mas é preciso que tudo isto seja entendido no contexto de mudança de relação com os GOA. Não porque achemos que eles não são importantes ou porque não os queiramos ajudar a apoiar os atletas do Sporting CP, mas devem apoiar no verdadeiro sentido do termo. Não devem confundir as dificuldades de relação que tenham com a Direcção com o seu papel de adeptos que é apoiar os atletas que, todos os dias, suam a camisola nos treinos e respeitam o emblema no campo. O descontentamento com a Direcção, seja ele dos GOA ou dos outros Sócios, deve ser dirigido à Direcção. Os Sócios e os GOA estão cá, em primeiro lugar, para apoiar os atletas", concluiu.