Técnico agradado com a resposta Leonina diante do SPR Wisła Płock
Após o triunfo sobre o SPR Wisła Płock (34-29), na jornada inaugural do grupo A da EHF Champions League, o treinador Leonino Ricardo Costa deixou rasgados elogios aos seus comandados, considerando que estes fizeram “um grande jogo a nível defensivo” mas também “talvez o melhor jogo em termos ofensivos desta época”.
“Os nossos guarda-redes não fizeram muitas defesas, mas colocámos muitos problemas à dinâmica do SPR Wisła Płock tanto nas situações de 6x0 como no 5x1. Conseguimos subir e procurar que não houvesse demasiados 1x1. Mas mesmo quando houve, o [Christian] Moga e o Edy [Silva] tiveram a capacidade de parar o [Gergö] Fazekas, o que é muito difícil, e a sua relação com o pivô. Nessa fase do jogo, não lhes demos muitas opções, sendo que fomos alternando os sistemas defensivos”, começou por analisar o técnico na conferência de imprensa pós-jogo.
“Houve uma ou outra situação na primeira parte em que podíamos ter jogado um pouco mais fluido e até conseguir uma vantagem de cinco ou seis golos, mas fizemos um jogo completo. Recuperámos muito bem defensivamente e conseguimos muitas vezes impedi-los de fazer as trocas que queriam fazer, com o [Mirsad] Terzic e o [Leon] Susnja. Procurámos não fazer as nossas trocas e acelerar o jogo para tentar marcar golos na transição”, disse, acrescentando: “Era a estreia na Champions para quase todos e era importante entrarmos muito bem, com este sabor de vitória, ainda por cima em nossa casa”.
Ricardo Costa sublinhou depois a atitude da equipa, que controlou sempre bem o aspecto emocional e não se deixou levar pelas incidências do jogo.
“A este nível de Liga dos Campeões tudo importa, seja a mentalidade ou saber que o jogo não vai correr da forma que desejamos do início ao fim. Lembro-me de uma situação em que tínhamos mais um jogador, mas a jogada foi revista pelo VAR e levámos dois minutos. É um momento difícil para nós, mas até nisso fomos muito fortes em termos mentais. A abordagem dos jogadores ao jogo foi fantástica, mas como lhes disse o nosso sonho não é estar aqui, é seguir fortes. Por isso, a cada jogo em que tivermos chances de lutar pelos dois pontos vamos fazê-lo”.
O timoneiro verde e branco foi ainda questionado sobre a maturidade da equipa em campo, visto que o adversário tem um plantel bem mais experiente e batido nestes palcos, mas o técnico garantiu que não ficou surpreendido com a resposta Leonina.
“Sendo jovens, já temos muitas finais nas pernas de Taças de Portugal, campeonatos, Mundiais e Europeus. (…) O Martim [Costa], por exemplo, já tinha jogado a Champions pelo FC Porto, embora não tivesse a importância que tem hoje no nosso plantel. Já o [Mohamed] Ali nunca jogou Champions mas actua numa selecção de topo Mundial e acredito que essa ambição e querer jogar bem na Liga dos Campeões faz diferença. Não temos experiência e isso vai notar-se nos jogos fora, que são muito mais difíceis do que em casa, mas quando a tivermos seremos uma equipa muito difícil de derrotar”, sublinhou.
A fechar, Ricardo Costa deixou ainda uma palavra de agradecimento aos Sportinguistas que encheram as bancadas e apoiaram constantemente a equipa.
“O Pavilhão João Rocha é a nossa fortaleza e, sempre que conseguir falar, vai ajudar-nos. Houve um momento na primeira parte em que me arrepiei. Aos 20 minutos, quando estávamos a ganhar por seis, valeu a pena sentir na pele o ambiente e o espírito saudável que há entre os adeptos e os jogadores. Não temos nada a dizer em relação aos adeptos, mas ainda havia uma ou outra cadeira vazia e estes atletas merecem que os 3000 lugares estejam sempre esgotados. Senti-nos muito confortáveis aqui, mas aproveito para deixar o convite para se deslocarem à Dinamarca no próximo encontro porque vão ajudar-nos a lutar pela vitória”, realçou.
Já Martim Costa, que foi o melhor marcador da partida com dez golos, lembrou que a equipa vinha de uma exibição “menos conseguida” frente ao Vitória SC para o campeonato e sabia que tinha de reagir dentro de campo, tal como aconteceu.
“Tínhamos de dar uma resposta e ser muito melhores do que fomos contra o Vitória SC se queríamos competir contra esta equipa. Temos muita vontade de estar nestes palcos, todos gostam de jogar a Liga dos Campeões. A equipa preparou-se muito bem mentalmente, ainda que estes jogos sejam mais fáceis de jogar porque todos querem jogá-los. Percebemos que com aquela atitude não podíamos competir contra este tipo de equipas e foi um pouco essa a chave do jogo”, explicou, considerando que a sensação de jogar a EHF Champions League “é muito boa”.
“Estivemos três anos a lutar para estar aqui, sendo que em dois deles perdemos o campeonato por muito pouco. Crescemos muito na Liga Europeia pois tivemos jogos muito duros, a ir jogar fora e a perder. Jogar fora na Europa é muito diferente e esses três anos ajudaram-nos a ganhar maturidade para chegarmos aqui. Estamos todos de parabéns, fizemos um grande caminho e agora temos de continuar a segui-lo. É trabalhar cada vez mais porque certamente os resultados vão aparecer”.
O lateral abordou ainda o reencontro com Mirko Alilovic, guarda-redes de 38 anos do SPR Wisła Płock com quem costumava treinar remates em criança quando este jogava com o seu pai e treinador, Ricardo Costa, no Ademar León, em Espanha.
“Foi especial. Na última vez que ele me viu eu tinha 1,50 metros, agora já estou um pouco maior [risos]. Foi uma referência para mim desde miúdo, via o meu pai a treinar com os melhores e no final ia fazer muitas vezes remates com ele. É especial agora jogar contra ele, tal como joguei com o Martin Stranovsky, que na altura era companheiro de equipa dele. É especial conviver com pessoas que já jogaram com ele”.