Pippo Russo abordou forma como se utilizam os jornais para branquear situações

O tema que iniciou o segundo painel do II Congresso Internacional ‘The Future of Football’ trouxe ao Auditório Artur Agostinho uma das maiores lutas que Bruno de Carvalho decidiu travar desde que chegou à presidência do Sporting Clube de Portugal e um dos guerreiros que mais se tem destacado no campo de batalha pela sua coragem e persistência, o jornalista e sociólogo italiano Pippo Russo. Falamos, claro está, das controvérsias que existem em redor dos fundos de investimento. Célebre pelas várias investidas contra as actividades que podem prejudicar o futuro do desporto rei, Pipo tentou mais uma vez destapar questões crucias que têm de ser assimiladas, conhecidas e diferenciadas. ‘Contra-informação’ foi a linha condutora de um quadro que se focou nas ‘Relações com os Media’.

“Quando se fala em propaganda, qualquer um acha que estamos a utilizar um termo demasiado excessivo, mas isso não é verdade. Por vezes, os jornais são mesmo utilizados para espalhar essa propaganda, para branquear situações. Os fundos já lançaram centenas de mensagens na imprensa com esse objectivo”, afirmou Pipo Russo, antes de fazer referência a Nélio Lucas, CEO da Doyen Sports: “Se eu fosse um jornalista português tentaria descobrir o que é que esse senhor anda a fazer no mundo do futebol”.

Enquanto teve a palavra, o italiano colocou frente a frente diversas discussões: os fundos são necessários para os clubes de futebol que estão em crise vs. os fundos são o fim das economias autónomas dos clubes de futebol; os fundos dão aos clubes a possibilidade de ficar com jogadores que, de outra forma, seriam incapazes de agarrar vs. os fundos exploram os clubes para que eles fiquem sem os seus jogadores de futebol; a aliança entre os clubes de futebol e os fundos é uma estratégia boa para ambos vs. os clubes de futebol são estrangulados e ficam cada vez mais dependentes dos fundos.

Pippo Russo defendeu todos os cenários que beneficiam um percurso limpo dos fundos de investimento pelo futebol mundial, tendo sido pronto a dar a sua opinião em relação a uma notícia recente que dá conta da possibilidade do irmão do actual dono do Manchester City comprar o clube de Liverpool: “Não há nada legal que impeça esse negócio, mas é necessário ter em atenção o dinheiro que será envolvido e todos os volumes de financiamento. Se o futebol vencer, não encontro problemas”, finalizou.