"Queremos voltar a ser dominantes no futebol"
21 Abr, 2016
Resumo da entrevista de Bruno de Carvalho à TSF no 'The Future of Football'
Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting Clube de Portugal, concedeu uma extensa entrevista à TSF na antecâmara do Congresso Internacional ‘The Future of Football’, explicando os frutos colhidos na primeira edição e os desafios para os painéis que ontem tiveram início no Auditório Artur Agostinho. “Todos os anos temos de ir falando de situações distintas. No ano passado falámos de temáticas relevantes como as novas tecnologias e as ‘Third-party ownership’, que as pessoas conhecem mais como fundos mas que é muito mais do que isso, e foram assuntos em que o Sporting teve uma grande intervenção cá e além-fronteiras de forma vincada e assertiva. Foram pontos importantes para nós, apesar de já dever ter sido apresentada uma legislação transparente em relação a essa matéria para atrair mais parceiros financeiros para o futebol. A nossa batalha e uma das nossas ideias fundamentais, que eram as novas tecnologias, já têm hoje um discurso correcto. Este ano falamos de novas matérias, tocando ainda alguns pontos da primeira edição, como as novas fontes de receitas, apostas, direitos televisivos, quais são os mercados emergentes e perceber como funcionam, e a relação dos media com o desporto. É preciso perceber essa ligação porque se está a moldar milhões de pessoas”, comentou o líder ‘leonino’ a propósito do evento. “Se o ambiente acalma com estas introduções das novas tecnologias? Penso que é importante sendo acompanhado de outros pontos. Exemplos: como se classificam os árbitros, quais são as regras para isso, como fazem os observadores as análises... Sabe-se tudo no futebol menos isso, que é algo importante. Para trazer racionalidade ao futebol é necessário trazer a transparência. Sou uma pessoa que gosta de defender com paixão aquilo em que acredita. Disseram-me que, em relação aos fundos e às arbitragens, seriam necessários 20 anos; três anos depois, estão à vista as mudanças. Alguns dirigentes têm segundos objectivos e querem criar pressão junto dos árbitros, sendo que já disse várias vezes junto das instituições que se colocam a jeito e como poderiam fugir a isso. Como as pessoas estavam aborrecidas de corrupção no futebol, tudo deu uma volta de 180º. Irrita-me estar num mundo onde as pessoas acham que é tudo corrupto e assobia--se para o lado. Se as nomeações, observações e classificações não são entendidas por ninguém, tenho de alertar a opinião pública da realidade e do que deve acontecer. Ouvi de pessoas responsáveis, mais do que uma, na FIFA, na UEFA e na ECA, que quando deixar de haver esta guerra relacionada com a arbitragem o futebol morre – este raciocínio é arcaico e assustador”, acrescentou.
Em paralelo, Bruno de Carvalho falou de diversos temas da actualidade ‘verde e branca’ e do futebol. “Estou a aguardar pelo programa, é por aí que nos guiamos. Para mim, primeiro é o que se quer fazer e depois se a pessoa consegue ou não exercer o cargo. No futebol, infelizmente, é sempre ao contrário: quem são as pessoas é que interessa. Se for aquilo que trabalhámos em conjunto e que apresentámos como propostas, acredito nisso em pleno. Mas estou à espera de saber se será assim”, comentou a propósito da hipótese de José Fontelas Gomes, actual líder da APAF, substituir Vítor Pereira no Conselho de Arbitragem. “Ser campeão é um objectivo assumido e se não formos admito que será uma desilusão grande para a nação Sportinguista, porque se percebe que, apesar de alguns resultados menos bons, continuam a encher estádios. Sabíamos que estávamos a lutar com uma realidade em que diziam que fechávamos em três meses, que não tínhamos grande parte das percentagens dos jogadores mas que devíamos manter o lema do Clube que é a glória, onde se chega com esforço, dedicação e devoção. Estabilizámos o Sporting em termos financeiros, num caminho muito difícil mas onde conseguimos entrar de forma directa na Champions. O Jorge Jesus é o cimento que veio agarrar toda a infra-estrutura e este projecto, alguém com ambição, excelência, compromisso – ou seja, todas as qualidades que nos permitem consolidar o projecto financeiro e desportivo, que nunca podemos separar. Não ser campeão será uma desilusão mas não põe nada em causa porque toda essa consolidação já é uma realidade”, destacou sobre as próximas quatro jornadas do Campeonato, antes de abordar o actual plantel ‘leonino’: “Este plantel já foi reformulado naquilo que eram as ideias e as vontades do que se queria para o Sporting lutar pelo título e ter um aproveitamento claro da formação. Aconteça o que acontecer, não coloca em causa o projecto nem eleições antecipadas. Nada!”.
“O Sporting conta na próxima época com Alan Ruiz, é mais ou menos público. Tivemos uma política muito clara de renovações e deu uma mensagem muito clara para dentro e para fora do balneário do que quer para o futuro. Quando vejo as notícias da venda das pérolas, não percebo... Queremos voltar a ser dominantes a nível do futebol, algo que já somos a nível desportivo – o Clube é a maior potência desportiva nacional mas ainda não o é no futebol. Por isso, queremos estabilizar a base do plantel e não vamos entrar em loucuras de vender os melhores jogadores. O Sporting vai manter os seus valores e de forma cirúrgica fazer duas ou três aquisições. A mensagem está dada, só não percebeu quem não quis: não renovamos para saírem mas sim porque queremos que continuem”, explicou ainda o Presidente ‘leonino’, completando: “No Sporting nunca estou tranquilo, quero sempre mais e melhor porque não posso nunca ficar satisfeito. Estarmos a uma vitória da Liga dos Campeões é algo natural pelo trabalho que fomos fazendo, apesar de não ser algo regular no Clube. As ambições do Sporting, do Presidente e do treinador, é de reafirmação europeia. O que tem sido feito a nível de resultados desportivos e financeiros tem sido excepcional mas não podemos passar de uma equipa que não lutava pelo título para, de repente, uma equipa campeã e que vai à final da Champions. Temos de ir com calma. Um jogo europeu exige outra preparação e outra mentalidade a quem nem estava habituado a ir à Champions”.