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Sporting em tarde ‘imperial’

Por Jornal Sporting
29 maio, 2015

‘Leões’ estrearam Estádio Nacional em 1944 com vitória no ‘derby’

O dia 10 de Junho – o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – parece ser uma boa data para inaugurar estádios. Foi assim em 1956, quando o Estádio José Alvalade abriu as portas, pela primeira vez, às 60 mil pessoas que lotaram as bancadas do ‘velhinho’ recinto. Reza a história que, quando o então Presidente da República, general Craveiro Lopes, chegou à celebração e se ouviram as primeiras notas do hino nacional, já não cabia nem mais uma pessoa nas bancadas – que logo de seguida se prepararam para assistir às centenas de atletas no relvado, perfilados, formando as iniciais SCP, num dos momentos mais significativos (e ovacionados) daquela tarde de sol.

12 anos antes, no mesmo dia de 1944, inaugurava-se o Estádio Nacional, no Vale do Jamor – e também com o selo de qualidade (e de vitória) do Sporting, que fez o pleno em todas as competições do dia. A cerimónia teve um carácter marcadamente político – o novo recinto era visto, aliás, como uma obra emblemática do Estado Novo – e contava com uma extensa agenda de eventos de natureza política e desportiva, que incluía desfiles e discursos, e que arrancou com o entoar do hino nacional, seguido do lançamento de foguetes.

Entre o vasto rol de acontecimentos, estava a disputa das primeiras provas no ‘tartan’ do novo estádio: duas corridas, de 100 e 800 metros, onde competiram os melhores atletas nacionais. Primeiras provas, primeiras vitórias ‘leoninas’.

Mas o atletismo era só o aperitivo; a refeição principal era o ‘derby’ de futebol entre as duas principais equipas da ‘Capital do Império’. De um lado, o Sporting, campeão nacional em título; do outro o Benfica, vencedor da Taça de Portugal. Em disputa, dois troféus: a Taça Império, uma versão inicial da Supertaça, e a Taça Estádio, criada pelo Governo de Salazar para assinalar a ocasião.

E se no atletismo o Sporting já tinha vencido o que havia para vencer, assim foi também no futebol, com o Clube de Alvalade a arrebatar as duas taças em competição. De verde e branco alinharam Azevedo; Álvaro Cardoso e Manuel Marques; Canário, Barrosa e Eliseu; Mourão, António Marques, Peyroteo, João Cruz e Albano. Aos 55 minutos de jogo, já o Sporting fazia (mais) história, por intermédio de Fernando Peyroteo – o maior goleador de sempre do futebol nacional –, que apontou o golo inaugural. O eterno rival ainda consegiu empatar, aos 77’, por Espírito Santo, acrescentando mais 30 minutos de futebol ao espectáculo. Mas, com apenas dois minutos de prolongamento decorridos, Peyroteo voltou a marcar, seguido de Eliseu, aos 109 minutos, fixando o marcador nos 3-1. Aos encarnados restaram apenas forças para reduzir a desvantagem, com um golo de Júlio, numa tarde em que o Sporting conquistou o Império em pleno Estádio Nacional.

Soube-se depois que o ‘leão’ António Marques tinha jogado apesar de não comer nem dormir há um dia, na sequência da morte da mãe. Outros tempos, o mesmo esforço, a mesma dedicação, a mesma devoção... e a mesma glória.