Dom da resiliência
12 Ago, 2018
Reviravolta leonina em Moreira de Cónegos (3-1) valeu primeiros três pontos na Liga, onde o Sporting CP teve de lutar contra todos os obstáculos
Resiliência: capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. O dom da resiliência foi fundamental para a vitória por 3-1 deste domingo, frente ao Moreirense, na jornada inaugural da Liga NOS para a equipa dos leões.
Ainda a partida não tinha começado que as tais “situações adversas” já se faziam notar. Durante o aquecimento, Viviano lesionou-se na cervical, obrigando Salin a entrar no onze titular e Luís Maximiano a saltar para o banco de suplentes. Normalidade restabelecida, primeira crise controlada, ainda que com esta baixa de última hora.
Com José Peseiro a lançar Petrovic no meio-campo, os leões encararam o início do duelo de caras, com os movimentos ofensivos bem controlados.
Segunda “situação adversa”: à passagem pelo minuto seis, Heriberto - atleta cedido pelo Benfica por empréstimo - coloca os homens da casa em vantagem que, dando seguimento a um cruzamento de João Aurélio, surge na cara de Salin, que nada pôde fazer para evitar o golo.
A questão que se segue é fácil de explicar: um leão não verga, nem iria baixar os braços perante (mais) um obstáculo. Mantendo a pressão alta e não permitindo que o Moreirense jogasse a toda a largura, a equipa que leva o rampante ao peito reagiu. Bruno Fernandes, servido por Ristovski, estabelece a igualdade (16’) e ganha uma força extra.
A partir deste momento, a turma de Alvalade não baixou a guarda e assegurou o meio-campo, muito graças à grande exibição de Bruno Fernandes que não deu um lance como perdido.
As tentativas de Bas Dost também não passaram despercebidas, e aos 35 minutos, o holandês quase colocou o Sporting CP em vantagem com duas oportunidades, com um cruzamento perigoso e um cabeceamento a fechar a primeira parte.
No regresso dos balneários a história manteve-se. O relógio voltou a contar e já se avistava novo ataque leonino. Ainda assim, o Moreirense podia ter-se colocado em vantagem (48’), com um livre perigoso a esbarrar na barreira formada pelos leões. Na resposta, Bruno Fernandes podia mesmo ter bisado no encontro.
O momento-chave, e onde o Sporting CP concretizou a fase final da resiliência - “superar obstáculos” -, chegou ao minuto 74. Jovane Cabral é derrubado na área por Heriberto e Bas Dost é chamado a marcar a grande penalidade. Gritou-se, pela segunda vez da noite, “Golo!”, na bancada pertencente aos adeptos verdes e brancos.
Aqui está: obstáculo superado com sucesso, mas os leões queriam mais e não deixaram de lutar até ao fim. Nos descontos, a crença levou a um momento de inspiração do holandês e Bas Dost fechou o marcador ao bisar na partida com um chapéu sobre Jhonatan, guardião da casa.
O resultado de uma capacidade tão própria dos protagonistas do encontro, que saíram do Parque Desportivo Comendador Joaquim Almeida de Freitas com a vitória.
Moral da história: Salin cumpriu, Bruno Fernandes comandou e Bas Dost decidiu. Mais importante ainda, o Sporting CP saiu de Moreira de Cónegos com os três pontos e a onda verde, que esgotou os seus bilhetes, contribuiu durante toda a partida para que esta resiliência fosse muito mais forte, mostrando a união da família leonina na primeira deslocação do ano.