Diário de Palma de Maiorca - Dia 4
05 maio, 2023
Dia de jogo e o sonho continua
E acção! Finalmente, esta sexta-feira, deu-se o pontapé de saída na final four da UEFA Futsal Champions League e a ‘fome’ dos Leões era tanta que acabou em fartura de golos frente ao RSC Anderlecht, logo nos minutos iniciais da meia-final. Missão cumprida com brio e final à vista – a sexta nos últimos sete anos (!) - mas já lá chegaremos.
Como tem sido regra, o dia começa bem cedo por aqui, no quartel dos Leões do futsal. E começou em grande para o aniversariante Hugo Neves, que teve a sorte de, ainda antes do pequeno-almoço, ser brindado pela equipa a cantar-lhe os parabéns, ao que se seguiu uma ‘chuva’ de calduços ligeiramente menos harmoniosa. "Estão todos a ficar velhos", diz-nos, no elevador, Diogo Santos, do alto dos seus 20 anos – é o mais novo do grupo.
Tomado o pequeno-almoço, Filipe Rodrigues, um dos adjuntos de Nuno Dias, aproxima-se da mesa dos jogadores e informa que a actividade marcada para meio da manhã será: "no corredor dos quartos, sem telemóvel". Hoje é dia de jogo e isso nota-se, com a descontracção mais expansiva dos dias anteriores a transformar-se, cada vez mais, em concentração. Concentração e descanso, acima de tudo, até à entrada em cena no Velòdrom Iles Balears.
E é precisamente esse momento – e respectivo objectivo - que os jogadores são convidados a visualizar durante o exercício promovido por Filipe Rodrigues. Entre alongamentos dos jogadores e palavras de incentivo constantes do técnico, dá-se início à actividade: trabalho de equipa, em pequenos grupos, definição assertiva de estratégias e tomada rápida de decisão são alguns dos factores a activar, porque "na meia-final não há tempo para experiências", como vai repetindo Filipe Rodrigues.
Com o jogo marcado para as 18h00 locais, desta vez o almoço é mais cedo, às 12h00, deixando a tarde para o necessário repouso dos jogadores. O trabalho de preparação, esse, está feito, mas a equipa verde e branca não deixará o hotel sem que Nuno Dias dê um último reforço teórico para o jogo. Além disso, o reforço foi também emocional, porque no fim da palestra os jogadores foram presenteados com um momento especial: cada jogador pôde ver um vídeo enviado pelas suas respectivas famílias, endereçando-lhes uma última força.
Divertido e, sobretudo, emotivo, o vídeo acabava com uma pergunta por responder: “Vamos voltar a escrever História?”. As primeiras palavras dessa resposta, se afirmativa, teriam de ser escritas já hoje – e assim foi, com letras garrafais até, do tamanho da ambição Leonina. Agora sim, está tudo a postos.
À saída do hotel, a comitiva verde e branca foi desde logo recebida por um pequeno grupo de adeptos Sportinguistas, que não faltaram à chamada em Palma de Maiorca. Música não faltou durante a viagem, isso não muda, mesmo quando é “Dia de Jogo”, como entoava a coluna levada religiosamente no autocarro, entre muitas outras músicas alusivas ao Sporting CP que iam entusiasmando os jogadores.
E à chegada ao palco da final four, mais adeptos Leoninos, ora para receber o autocarro, ora já nas imediações do pavilhão: famílias juntas, grupos de amigos de todas as idades, Sportinguistas de vários pontos do país e ainda famílias dos jogadores e staff. E essa presença, depois, fez-se sentir em força nas bancadas e não deixou ninguém indiferente – Erick Mendonça que o diga.
“[As lágrimas no fim do jogo, no momento de comunhão com a bancada] são de um orgulho enorme nesta equipa e, acima de tudo, por olhar para os nossos adeptos e vê-los, independentemente de onde joguemos. Desta vez foi mais perto, mas estão cá sempre connosco e o que fizeram hoje foi mágico. Para pessoas como nós, que sentem isto, acabar o jogo e vê-los a gritar daquela forma por nós… É um orgulho enorme por fazer parte disto”, disse na flash à Sporting TV.
E se apoio não faltou, dentro da quadra os Leões executaram o plano na perfeição: intensidade máxima desde o primeiro segundo, eficácia demolidora no ataque e execuções perfeitas nas bolas paradas. Tudo isto resultou numa goleada instantânea, uma mão cheia de golos sem resposta à passagem do sétimo minuto.
Diz-se que o mais difícil é tornar as coisas fáceis, e foi isso mesmo que o Sporting CP de Nuno Dias fez, deixando uma verdadeira demonstração de força à vista de toda a Europa. Difícil foi, confesso, tentar acompanhar o rácio de golos por minuto com palavras escritas ao mesmo ritmo. Agora, o tempo voa.
No regresso ao hotel e ao jantar, todos os olhos estavam postos na outra meia-final e ao que parece, já passadas as 23h00 locais, o anfitrião AE Palma Futsal será mesmo o adversário na grande final. Os Leões estão de volta, pelo terceiro ano consecutivo, ao jogo decisivo da UEFA Futsal Champions League e a vontade é muita.
“A força de uma equipa não tem limites”, costuma referir o míster Nuno Dias, e estando perto da sua é fácil de perceber porquê. Nem o mesmíssimo céu é já o limite: já tocaram o de Almaty e o de Zadar, como será o de Palma de Maiorca?
Por Xavier Costa, em Palma de Maiorca.