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Os dois minutos que mudaram a história

Por sporting
20 Abr, 2015

Sérgio Nunes recorda conquista da Taça CERS em 1984

Ao sétimo dia de Julho de 1984 a equipa de hóquei em patins ‘leonina’ entra no rinque do pavilhão de Alvalade. Como sempre, a lotação supera as seis mil pessoas que as bancadas comportam, sendo necessário arranjar outros lugares para assistir à partida, tais como as tabelas que se utilizam no basquetebol. Os jogadores respiram o suor dos fervorosos adeptos, tal é o calor e a proximidade dos mesmos ao recinto de jogo. O Sporting tem uma desvantagem de três tentos para recuperar, após derrota por 4-1 em Novara, formação que contava com elementos de luxo como Massimo Mariotti, Tommaso Colamaria, Fredy Luz ou Stefano Dal Lago. Na semana que antecedeu o encontro, Livramento não mudou rigorosamente nada. “Treinámos como sempre treinávamos. Não preparámos novas tácticas. Nada foi corrigido. Livramento sabia que se jogássemos no nosso melhor e com a ajuda do público sairíamos vencedores”, revela Sérgio Nunes. Ao intervalo os ‘leões’ recuperam a desvantagem que tinham antes do início do jogo e colocam-se na frente do marcador por 4-1. A eliminatória está empatada. Livramento, técnico ‘leonino’, lança um jovem de 18 anos para o rinque, aquele a quem chamavam Serginho, e que acaba por resolver a eliminatória. “Assim que entro marco dois golos em pouco menos de dois minutos. No primeiro senti uma emoção muito grande e uma libertação de todo o nervosismo que tinha por estar a fazer parte de um jogo tão importante como este e com uma idade tão jovem. No segundo, já menos ansioso, explodi por completo. Sentir toda aquela gente praticamente em cima de nós é uma sensação indiscritível”. Sérgio Nunes, o tal Serginho, não se fica por aqui. Depois de colocar o resultado em 6-1, sofre uma grande penalidade e é substituído, tudo em apenas dois minutos. “Fiquei possesso com Livramento, não compreendia como era possível ter feito dois golos e sofrido uma grande penalidade e sair logo a seguir, nunca mais voltando a entrar. Hoje, passados muitos anos, consigo perceber a decisão de Livramento e por aqui percebe-se por que é que ele era de facto o ‘mestre dos mestres’ do hóquei em patins. Ao tirar-me, ele queria proteger-me porque na realidade as coisas estavam a correr bem demais e seria impossível que as coisas continuassem a correr daquela forma porque os italianos eram muito fortes. Como eu era um miúdo, ele decidiu tirar-me para que eu saísse em grande”. As palavras de Sérgio Nunes sobre Livramento são elucidativas. “Tenho muitas saudades de ser treinado por Livramento. Nós corríamos e esforçávamo-nos só para o agradar. Motivávamo-nos como se fossemos uns campeões do Mundo, treinávamos como uma intensidade incrível, na minha opinião era mais interessante ver os treinos que os jogos. Quando morrer quero ser treinado de novo por Livramento”, afirma. Com 7-1 no marcador, o Sporting não desce o nível exibicional e arrecada a Taça CERS com um resultado esclarecedor, 11-3. José Rosado (1), Carlos Realista (4), Sérgio Nunes (2), Luís Nunes (2) e Trindade (2) foram os marcadores. Para a história fica a conquista do terceiro troféu europeu para o hóquei ‘leonino’.