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O 'milagre' de 91

Por sporting
22 Abr, 2015

Chambell e Amato recordam a última vitória europeia 'leonina'

25 de Maio de 1991. Joga-se a final da Taça das Taças, o Sporting desloca-se a Itália para defrontar o Novara, num ambiente de grande tensão. “Inesquecível. Para dar uma pequena noção do quão os adeptos de Novara viviam o hóquei, tínhamos sete carros policiais à porta do pavilhão no treino de ambientação ao rinque. No dia do jogo subiram para 20 os carros policiais. Um público conhecedor da modalidade e que demonstrava um tremendo amor ao clube”, lembra António Chambell, guardião ‘leonino’ por duas vezes campeão do Mundo, sendo que na primeira, em 1991, esteve em risco de não participar, como conta 23 anos depois. “No encontro em Itália lesionei-me no ombro direito. O jogo esteve parado durante sete minutos para me assistirem e ainda consegui jogar mais oito, onde defendi uma grande penalidade antes de ser substituído. Foi a pior lesão da minha vida. Um jogo que me despertou um misto de emoções pela vitória e tristeza pelo infortúnio. Fiquei em dúvida não só em relação à segunda mão que se realizava uma semana depois, mas também para o Mundial cujo estágio também começaria na semana seguinte”. Nessa primeira mão o Sporting perdia por 6-4 ao intervalo mas no segundo tempo virou para 7-6. Uma verdadeira surpresa para os adeptos ‘verde e brancos’ que, ao intervalo, recebiam a chamada vinda de Itália na cabine telefónica junto à porta 10 A, comentando que um resultado negativo com diferença de um ou dois golos já seria bom. “Só nós, jogadores, acreditávamos na vitória. E a verdade é que saímos de Novara aplaudidos, o que revela bem da justiça da nossa vitória”. Uma semana depois tudo corria pelo melhor, bem antes do encontro começar. Com uma recuperação fantástica, António Chambell encontrava-se apto para actuar na segunda mão. “Fiz dois testes e, de acordo com o diagnóstico, tinha de estar parado para não ter alguma recaída. Tinha o estágio da selecção na semana seguinte e estava a pôr em causa a minha presença num Mundial realizado em Portugal e que acabámos por vencer, mas arriscando igualmente a fazer uma exibição menos conseguida nessa final, deitando tudo a perder. Optei por jogar a final e correu tudo bem”, recorda com saudade o penúltimo título europeu conquistado pelo Sporting até hoje. “Duas horas antes de o jogo começar a Nave já estava cheia. Devo dizer que pusemos em rinque o lema do Clube: honra, dedicação, devoção e glória”. Desta vez, o piso escorregadio cedo ficou apto, devido às condutas que os bombeiros colocaram atempadamente de modo a dar ar ao interior do pavilhão. Do lado italiano estava o actual terceiro melhor marcador de sempre da selecção italiana, Franco Amato, também ele campeão do Mundo por uma vez. Apesar de habituado a grandes ambientes em Novara, não conseguiu evitar a surpresa perante o ambiente em Alvalade, chegando ao ponto de afirmar: “se tivéssemos ganho em Lisboa estou convencido de que seria difícil de sairmos do balneário, tal era a efusividade demonstrada pelos adeptos do Sporting”. O empate a dois ao intervalo acabou por ser desfeito na etapa complementar com mais três tentos a favor da equipa ‘verde e branca’. “Todos tivemos uma prestação memorável. Aproveito esta oportunidade para homenagear o capitão João Campelo e José Leste que já não estão entre nós e que nesse jogo estiveram excepcionais”, afirma o ex-guardião. No final houve tempo para duche, não só para os jogadores, mas para os dirigentes ‘leoninos’ que presenciaram o encontro. “Foi um momento de grande efusividade, as pessoas estavam em êxtase completo”.