Clássico é clássico
22 Out, 2020
(...) Houve jogadas rasgadas, jogadores renascidos e golos oportunos. Só não houve uma arbitragem à altura. Ou talvez tenha havido uma arbitragem clássica que, classicamente, prejudicou o Sporting CP
Clássico é clássico. E vice-versa. Este último, com o Sporting CP a defrontar em casa o FC Porto, não foi excepção. Houve jogadas rasgadas, jogadores renascidos e golos oportunos. Só não houve uma arbitragem à altura. Ou talvez tenha havido uma arbitragem clássica que, classicamente, prejudicou o Sporting CP. Mas já lá vamos.
Do empate a dois golos, que soube a pouco pelo que o Sporting CP jogou, ficou a imagem de um Sporting CP que não se rende e que dominou o FC Porto por largos períodos. De trás para a frente, que é como se fazem equipas vencedoras, esteve muito bem Adán, com bons reflexos logo a abrir o desafio e à-vontade no jogo com os pés. Porro continua a elevar a qualidade do nosso flanco direito. Foi, sobretudo, por lá que o FC Porto atacou, mas nem por isso o nosso atleta deixou de executar tarefas ofensivas, com envolvimento no primeiro golo e um remate perigoso a fechar. Palhinha regressou de forma esplêndida a cumprir as funções de trinco com distinção. É um gosto vê-lo novamente com a camisola mais bonita do mundo. Tal como João Mário, que nos poucos minutos em campo desequilibrou fortemente o jogo a nosso favor. O melhor fica para o fim: Nuno Santos e Pote são já contratações seguras e garantia de fluidez no futebol do Sporting CP. O primeiro marcou o golo em remate difícil e o segundo influenciou decisivamente com desmarcações velozes e passes acertados. Se tudo fosse como devia ser, a crónica acabava aqui com desejos de boa semana e Leoninas saudações.
Afinal, era um clássico em que jogava o Sporting CP. E quando assim é, pode haver grosso apito e protocolo por cumprir. Não adianta rever as imagens do lance do penálti claro cometido por Zaidu sobre Pote. Houve contactos intensos o suficiente para provocar a queda com braço, pé e perna, em tríplice infracção. Pontapé de penálti evidente para um jogador que até já deveria ter sido expulso. Quando menos se esperava, vindo do nada e sem razão, interveio o VAR e o pontapé de penálti e o cartão vermelho foram revertidos. Sejamos claros: o protocolo do VAR não permitia a reversão da decisão. O VAR só podia intervir se se tratasse de um erro óbvio. Há razões para assim ser: a decisão tomada no momento só deve ser alterada quando seja notório para todos que foi um erro. Protege-se a integridade do árbitro no momento do apito e defende-se a apreciação do espectáculo pelos adeptos. Portanto, apito tão errado e protocolo tão desrespeitado só podiam merecer forte contestação. Espera-se agora que falha tão clamorosa não passe em claro, que este lance seja exemplificado como viciação do protocolo VAR e que o Sporting CP possa ter o que parece difícil ter: arbitragens regulares.