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Um amor interminável

Por Juvenal Carvalho
22 Out, 2020

Se formos todos ‘Paulinhos’ no abraçar da causa, tudo será mais fácil. Ah, e já agora, obrigado Paulinho. Também por seres meu amigo, mas sobretudo por seres uma referência do Sporting CP

Falar do Paulo Gama não requer inspiração. Ela surge naturalmente. Mas vi uma campanha muito bem conseguida do Sporting Clube de Portugal, com o título “Uma História de Amor Interminável”, acabei por me reter nela, e por decidir ‘plagiá-la’ e escrever sobre um amigo de quase quatro décadas, o meu amigo Paulinho.

Sim, o Paulinho. O ‘Paulinho do Sporting’. Com uma história de vida que emociona qualquer um. Com um amor ao Sporting CP de fazer chorar de emoção o menos sensível dos humanos. O Paulinho, que coleccionava no Lar da Santa Casa da Misericórdia onde residia, tudo o que era póster ou fotografia do nosso Clube. Que se passeava pelas ruas de Lisboa com um enorme leão de peluche, foi naturalmente acolhido na sua ‘casa’.

Numa casa em que já passaram 35 anos no tempo, quando, por influência de António Livramento, esse mesmo, o ‘mago’ do hóquei em patins mundial, começou a exercer funções na secção de hóquei em patins, engraxando as botas e ajudando na rouparia. Esse menino de ontem era muito diferente do Homem de hoje. Tinha até claras dificuldades na locomoção e na expressão. Não foi só António Livramento que o acolheu. Foram todos os que com ele conviviam. Falo por experiência própria de quem se cruzou centenas de vezes com ele nos corredores de Alvalade, e com quem ainda recentemente nos recordámos de tantos amigos em comum feitos no Sporting CP.

O Paulinho, hoje um Homem de 51 anos, subiu todos os degraus da corda da vida a pulso, mas também com muito esforço, dedicação e devoção pela causa. Naturalmente isso promoveu-o à Glória. Está há muitos anos no futebol profissional. Muitos daqueles que são verdadeiros craques nos relvados e fora deles, acolheram-no em sua casa. Como se fosse um dos seus familiares. Falam dele com carinho e gratidão. É para eles e todos nós uma referência e um exemplo de vida e de Sportinguismo que nos merece respeito.

Chora quando perde. Ri e abraça-se aos seus como poucos quando ganha. É o primeiro a querer tocar nos troféus. É tudo tão genuíno naquele amor à causa que me – nos – comove. Convido até tantos de nós, que por vezes vimos o Sporting CP, como uma ‘guerra’, para parar para pensar e buscar no exemplo de vida e de Sportinguismo do Paulinho um alento suplementar. Que encarnem naquele amor genuíno daquele que é hoje um homem, mas que em menino o SCP foi o seu refúgio levado por um amor sem paralelo ao Clube.

Se formos todos ‘Paulinhos’ no abraçar da causa, tudo será mais fácil. Ah, e já agora, obrigado Paulinho. Também por seres meu amigo, mas sobretudo por seres uma referência do Sporting CP.

 

P.S. – Também poderia escrever sobre questões que conspurcam o futebol. Preferi, contudo, falar de desporto e de humanismo.