A bola não é redonda
10 Dez, 2020
(...) Espera-se que a bola seja mesmo redonda para o Sporting CP e que se acabem, de vez, as irritantes arestas que fazem a bola não entrar na baliza adversária quando devia
O futebol é jogo de 11 contra 11. No final, discute-se a arbitragem. Poderia ser esta a descrição do futebol português, sempre enredado em decisões polémicas, jogadas mal apitadas e lances que ficam na memória por nefastas razões. Contra o FC Famalicão, ficámos empatados com um golo inexplicavelmente invalidado nos momentos finais. Não foi a melhor exibição do Sporting CP. Um penálti falhado, algum ímpeto escusado nalgumas entradas e desatenções defensivas assim o ditam. Mas a verdade, e isto deve ser sublinhado a marcador verde florescente, é que a prestação do Sporting CP chegava para trazer os três pontos no autocarro oficial do Clube.
O que vimos foi uma arbitragem descuidada, tendenciosa e sem critério válido. Não interessa falarmos só no golo erradamente anulado a Coates. Isso reduz a análise a um lance, ocorrido em escassos segundos. É preciso ver todo o jogo. Há muito por onde escolher. Desde a simulação inexistente que dá o primeiro amarelo a Pote, a uma verdadeira simulação de um jogador do FC Famalicão que não foi amarelada, à exagerada expulsão de Pote, que apenas fez duas faltas em todo o jogo, ao grosseiro penálti sobre João Mário que não foi assinalado, ao amarelo por pisão a Palhinha que ficou no bolso, aos amarelos variados por mostrar a jogadores do FC Famalicão e ao incompreensível amarelo a Nuno Santos. Deixo o melhor para o fim: o golo de Coates é limpo por não haver contacto intenso o suficiente para atrapalhar o guarda-redes famalicense, que, de resto, se saiu mal ao lance. O VAR interveio sem razão, pois a jogada não suscita dúvidas, tendo até Luís Godinho validado o golo de imediato. Não houve uso do VAR, houve abuso do VAR, à cata de razão para não haver golo.
O que se passou a seguir é de deixar qualquer um arrepiado. O Conselho de Arbitragem reage em menos de meia hora para validar o resultado. Coisa nunca vista e que deixa fundadas dúvidas sobre as motivações da actuação deste organismo. Os comentadores de arbitragem, todos eles ex-árbitros, defendem quase todas as decisões de Luís Godinho e, mesmo quando reconhecem um erro ou outro, dão nota máxima. Só faltou propor o árbitro para comenda de arbitragem a atribuir pelo Presidente da República. Ainda não refeitos desta celebração de Luís Godinho, vemos a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol anunciar queixas e processos em barda. Tanta reacção para tão desequilibrada arbitragem impressiona. Erros destes não se podem repetir e o Sporting CP não pode tornar a ser prejudicado desta forma. Espera-se que a bola seja mesmo redonda para o Sporting CP e que se acabem, de vez, as irritantes arestas que fazem a bola não entrar na baliza adversária quando devia.