Erro de Palma(tória)
11 maio, 2023
Gosto pouco de queixumes. Quem me conhece sabe que estou longe de colocar o foco nas questões colaterais ao jogo, seja em que modalidade for. Mas, comum dos mortais, e nas veias o que me corre é sangue e não capilé, e como ser que sou emocional e apaixonado pelo Sporting Clube de Portugal, não consigo resistir a injustiças e a situações que na minha opinião estão no limiar do premeditado.
Mas, aquilo a que assistimos - os bravos Leões que lá estiveram ao vivo, e aos largos milhares via televisão, em Palma de Maiorca no início da noite do passado domingo, foi algo com foros de estranho, nome que aplico para este caso para não usar em vernáculo aquilo que me invadiu o estado de alma naquele momento. A pouco mais de cinco minutos do fim do tempo regulamentar, quando o nosso jogador Anton Sokolov fez aquilo que era a reviravolta no jogo, os árbitros viram uma falta através da visualização das imagens, fruto das novas tecnologias, que deixou atónitos até os espectadores espanhóis que já estavam resignados perante as evidências de um Leão mais forte e dominador que a todo o momento materializaria em golo o seu melhor momento no jogo. E assim foi, só que como naquela expressão tão popular, o maior cego é aquele que não quer ver.
Ouvi o capitão João Matos e o professor Nuno Dias após o jogo, e com quanta atenção e orgulho os ouvi. Não quiseram passar ao lado dos erros próprios. Apontaram falhas próprias e não se esconderam de apontar momentos menos bons. Mas sentia-se no ar, tanto neles como em todo o restante grupo de trabalho, um aroma a injustiça e de revolta pelo que não conseguiram controlar. De alguém que está habituado a ganhar porque faz do trabalho valoroso o seu hábito do dia-a-dia. De alguém que não ganha sempre mas que mesmo quando não consegue controlar factos anómalos, não se agarra a queixumes. Ouvi também Miguel Afonso, o nosso homem do Conselho Directivo para as modalidades, completamente agastado com o que se passou e quão emocional ele o é, para mais quando a injustiça é evidente e tem por ele o lado da razão. Atacando a UEFA de forma aberta e com toda a propriedade. Foi a voz de um Leão ferido pela mentira de um resultado que nunca seria este.
Mas esta modalidade é feita de homens da têmpera com que se fazem os campeões. Impediram-nos de ganhar a nossa terceira UEFA Futsal Champions League, que acabamos por cair de pé nas grandes penalidades. Mas uma coisa podem ter a certeza, mesmo que venham mais destes erros de Palma(tória) vão ter que levar connosco. Com um Leão de juba alta que nada o demove de querer mais títulos nacionais e internacionais.
Temos e vamos - e aqui só me vincula a mim a opinião, usando a palavra trapaça - reagir rápido a isto. E esse reagir será já no início dos play-offs. Ainda há um campeonato para lutar por ele. Como iremos lutar em mais modalidades, estou certo. Os opositores em compita são em todas elas de respeito. Mas uma certeza tenho: Lutaremos por conquistas. E a ter que perder que seja com verdade e não com situações como este erro de Palma(tória) ou, parafraseando um treinador de clube rival na década de 80 do século passado, quando se deslocava a determinado local, com 'roubos de igreja'.
PS - Parabéns ao voleibol masculino pela conquista da Taça Federação, que não sendo a conquista mais importante, não deixa de ser um troféu oficial. Agora o tempo é de preparar a próxima época.