“Tudo a postos para um excelente Campeonato”
14 Ago, 2015
Bruno de Carvalho lançou início da Liga NOS à SportTV
Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting, aproveitou a antecâmara do encontro inaugural dos ‘leões’ na Liga NOS, em Aveiro frente ao Tondela, para fazer um lançamento do Campeonato e toda a temporada que teve início com uma vitória na Supertaça Cândido de Oliveira, no Estádio Algarve, frente ao Benfica.
Em entrevista à SportTV, o líder ‘verde e branco’ aproveitou também para falar de outros temas da actualidade do Clube. Aqui ficam os principais focos da conversa.
Parte ainda mais confiante para a nova época?
“Partimos com a consciência clara de que temos uma responsabilidade acrescida e isso advém de um trabalho que temos estado a desenvolver nestes últimos dois anos e meio. Queremo-nos afirmar claramente como candidatos para, em Portugal, podermos lutar até ao fim pela conquista dos títulos. Eram quatro, o primeiro já está e temos mais três para lutar de forma séria e aguerrida durante toda a época.”
Tem mais condições do que à partida iniciou os dois últimos Campeonatos?
“Isso é normal porque às vezes as pessoas esquecem-se a situação em que apanhámos o Clube. Tínhamos que tentar fazer um equilíbrio que quase ninguém achava possível, que era o equilíbrio financeiro e desportivo. Alguns vaticinavam o colapso financeiro e outros que, se conseguíssemos recuperar a parte financeira, haveria um colapso desportivo. Isso não se verificou. Como Sportinguista e Presidente, não posso dizer que a minha ambição não fosse ser campeão mas acabámos, num momento difícil, um segundo lugar com acesso à Liga dos Campeões e um terceiro lugar com ‘playoff’ da Champions e uma Taça de Portugal. Fruto desse trabalho, pudemos reforçar de forma diferente e este ano tivemos a possibilidade de trazer mais experiência e maturidade à equipa. Cremos que está tudo a postos para começar um excelente Campeonato. Vai ser muito mais disputado do que os últimos e será bom para todos, sobretudo para os amantes do desporto.”
A vitória na Supertaça aumenta as expectativas e dá mais confiança?
“Não posso ser hipócrita e dizer que a vitória na Supertaça não foi uma alegria colectiva e que isso motiva sempre, tal como a grande procura de bilhetes para o jogo em Aveiro que é reflexo disso. Mas é importante perceber que enquanto estrutura continuamos com os pés bem assentes na terra. Tivemos tempo para celebrar e aquilo que queremos é começar bem esta maratona. Temos de ser regulares, humildes, trabalhadores e ter espírito de sacrifício. Enquanto os Sportinguistas estão satisfeitos e bem merecem, tendo fortes expectativas para esta época, nós devemos manter os pés bem assentes na terra.”
Vai continuar a ver os jogos no banco?
“Fala-se muito dessa decisão de ir ou não para o banco mas é um decisão muito pessoal. Creio que irei manter. É o local do jogo onde me sinto melhor, onde posso estar mais à vontade... Ainda estou a pensar como será nos jogos em casa, fora estarei no banco. Tudo na vida tem o seu tempo e o seu ‘timing’. Um projecto tem o seu ‘timing’. Quando cheguei, o facto de o Sporting não estar bem, não estar equilibrado, ter várias divisões e vir de um período sem estabilidade directiva obrigou-me a ter uma certa postura de defesa mais activa e mais interveniente para passar as propostas que as pessoas não ouviam. Quisemos trazer o Sporting para a discussão, mostrar as nossas ideias, que somos diferentes etc. O que disse no último jogo é que sinto, felizmente posso estar mais salvaguardado de estar sempre a intervir porque montámos uma excelente equipa.”
Tem a ver também com o perfil do treinador?
“Tem a ver com tudo, não apenas com o perfil do treinador que é muito importante. Temos consciência de que temos uma equipa com muito valor e o facto de nos termos reforçado bem no futebol e também nas modalidades deixa-nos descansados. Podemos estar mais tranquilos em relação à defesa do Sporting porque as pessoas já entenderam as nossas propostas, já discutimos de forma mais serena, a comunicação social também já percebeu que o Sporting mudou e que conta no Campeonato e no mundo do futebol. Foi necessário travar algumas guerras, fazer ouvir a nossa voz mais alto, mas a conjuntura muda um bocado quando conhecem melhor o projecto do Sporting e que o mesmo está para durar. Este ano podemos falar menos e comemorar mais, que é o nosso desejo claro.”
Como está a questão do patrocínio para as camisolas?
“Ainda não temos. Porquê? Tem a ver com tudo. O Sporting está com toda a calma a fazer as suas negociações. O que é que me parece? Que esta conjuntura que todos vivemos não é fácil e estão disponíveis a dar menos do que era habitual, ao Sporting e a todos os outros. E o Sporting não quer isso.”
Pode-se pensar num modelo de negócio de patrocínio jogo a jogo?
“Em termos filosóficos é possível mas não é isso que pretendemos. O que queremos é fazer valer a marca Sporting. Sabemos o valor, sabemos o investimento que fizemos, sabemos o que queremos e estamos calmamente a negociar com as pessoas até que se atinja um valor que achemos justo para a dimensão da marca Sporting. Há dois anos e meio teríamos de nos sujeitar a qualquer coisa, nesta altura estamos calmos. Temos a certeza absoluta que as coisas vão acontecer. As empresas portuguesas estão a sair do futebol, como todos sabem, e estamos à procura neste mundo global. Até lá, as camisolas estão lindíssimas como estão.”
Estava em Alvalade em 2005 quando CSKA ganhou a Taça UEFA?
“Estava e tenho de dizer que fiquei contente com o sorteio porque as histórias são assim, são ciclos, e se me dessem para escolher era o CSKA. Não tem a ver se é uma boa ou uma má equipa, acho que é no mínimo agradável reencontrarmo-nos com uma equipa cuja recordação de 2005 é péssima e vamos tentar que este ano consigamos começar a pensar de outra forma. Terá de ser com muito trabalho e com muito esforço mas sinceramente, a nível pessoal, queria que fosse o CSKA.”
A equipa tem noção do peso da entrada na Champions?
“Esta equipa está muito focada nos encontros imediatos. Agora está 100% focada no jogo com o Tondela. Nós blindamos o balneário mas são pessoas, têm acesso à informação através da internet, da televisão, dos jornais... Os jogadores sabem os valores e o prestígio em causa mas também há uma motivação extra de jogar num palco como a Liga dos Campeões. É importante para o Clube e para eles.”
O projecto financeiro da época está dependente da entrada na Champions?
“Não podemos ser hipócritas, a entrada na fase de grupos é importantíssima. Não acontecendo, teremos que nos sentar e pensar um bocadinho. Mas estamos confiantes, 100% confiantes. Não nos passa pela cabeça esse cenário de não passar. Ninguém prepara uma equipa como preparámos para não entrarmos na Liga dos Campeões.”
As renovações também são uma forma de tranquilizar a equipa?
“É uma forma de reconhecimento destes dois atletas para já, uma forma de conseguirmos estar mais estáveis, calmos e confiantes, que é o objectivo, para que os jogadores possam cumprir apenas a partir daí os desejos do treinador. É bom para o que são os nossos objectivos e para o esforço de manutenção dos melhores jogadores. O Sporting está atento ao trabalho que se faz e sabe reconhecer esse trabalho. Esforço financeiro? Não, está dentro da normalidade que atingimos neste momento. O Sporting não entra em loucuras mas sabemos reconhecer a valia dos jogadores.”
Para quando a renovação de Carrillo?
“Parece que é tudo muito rápido e simples mas não é. João Mário e Slimani também eram prioritários. Estamos a trabalhar nesse dossier. O Carrillo já deixou claro que a sua vontade é ficar no Sporting e as coisas têm de ser resolvidas. Não são os jogadores que negoceiam, são os agentes, alguns estão em Portugal, outros não, uns demoram mais tempo a chegar, outros menos. As exigências fazem parte do processo negocial. Creio que rapidamente o agente de Carrillo estará cá para negociar e veremos. Admito tudo, não somos milagreiros. Umas coisas conseguem-se fazer, outras não. Faz parte do futebol. A nossa vontade é renovar e, pelo que disse, o Carrillo também quer ficar. Vamos com calma. Há vontade das duas partes. Só podemos trabalhar, milagres não fazemos. Mas não creio que estejamos numa fase de grandes preocupações.”
Porquê a aposta em jogadores mais experientes?
“É o reconhecimento que queremos fazer mais e melhor, que o Sporting se quer colocar num patamar onde a Liga dos Campeões é uma realidade constante e a Champions tem uma exigência muito grande. Queremos um Sporting candidato a todos os títulos nacionais e se houver possibilidades de conciliar a juventude que temos com um talento tremendo e reconhecido no Mundo com experiência, por forma a que todos possam evoluir, é uma fórmula muito mais calma e adequada da realidade que percepcionam. Não vou renegar tudo o que disse no passado: o Sporting tem uma formação excelente, que continua a ser a alma da equipa e conseguimos trazer experiência e maturidade que vai ajuda-los.”
Adrien e William são jogadores que quer manter?
“O Sporting não tem sido um clube vendedor, temos feito um esforço para manter os nossos melhores jogadores e fomos buscar jogadores que permitam ao treinador fazer a gestão do plantel sem que existam altos e baixos. Não temos o raciocínio de vendedor.”
O Sporting queria Mitroglou?
“Queríamos um ponta-de-lança, no topo da tabela estava o Teo, a partir do momento em que fechámos o Teo e que a nossa opção era manter Slimani, Montero e ter o Tanaka, acabou a ideia do ponta-de-lança. Muito antes do Benfica, fizemos um contacto pelo Mitroglou mas porque um Clube como o Sporting precisa ter várias opções. Não funciona pelo ‘é este ou não é nenhum’. Com o Teo, ficámos servidos.”
Gelson Martins é o grande diamante para delapidar?
“É um jogador tremendo, que agrada em termos de características do modelo de jogo ao Jorge Jesus. Temos outros que agradaram bastante mas quando se verifica o plantel temos de tomar decisões. Não são 50, são 24 ou 25. São jogadores e activos e optámos por fazer empréstimos apesar de terem agradado bastante. Quando colocamos jogadores é porque acreditamos neles.”
Que balanço faz de Jorge Jesus até ao momento?
“Vou dizer aquilo que ele também tem dito: estamos a percorrer um caminho, são cinco semanas de trabalho, felizmente conseguimos entrar a ganhar a Supertaça, conscientes de que há muito trabalho pela frente. Tenho estado contente, satisfeito. Há um grau de exigência, um compromisso e uma ambição muito elevados. É isso que ambiciono como Presidente Se já fui acordado por ele? Já fui acordado e também já o acordei. Falamos muito. E assim estamos sempre em sintonia: gostamos os dois de trabalhar, de ter ambições, temos uma noção clara da grandeza do Sporting. É o treinador que gostava de ver no Clube e é importante que esteja aqui nesta fase do projecto porque traz conhecimento, ‘know how’. Para mim, apanhei uma alma gémea na ambição, na garra, na entrega, no trabalho – fico satisfeito que isso aconteça.”
Quais são as expectativas com Pedro Proença na Liga e sobre a arbitragem?
“Conheço o Pedro Proença há 20 anos, fomos colegas de faculdade, temos a mesma formação de gestão, tem conhecimento profundo do futebol e espero uma gestão mais profissional, virada para o negócio e para os tempos modernos. São precisas novas ideias, novos paradigmas. Tem tudo para dar certo, tem todos os ingredientes para isso mas sozinho não chegará a lado nenhum. Árbitros? A questão do ser a favor do sorteio não quer dizer que se esteja contra os árbitros. O futebol português padece de falta de credibilidade, basta ouvir as conversas nos cafés por exemplo, é a realidade. Temos que lutar para que essa ideia mude e isso faz-se com acção. O Sporting tem apresentado propostas claras para ajudar os árbitros: é necessária uma profissionalização a sério e a introdução de novas tecnologias para ajudar juízes que também são homens. Deve haver regras para as nomeações e há mais do que um nome para cumprir esses critérios. Porque não sortear esses três ou quatro que cumprem isso? Para dar mais calma. Às vezes deve-se dar um passo atrás para dar cinco à frente. Não é um sorteio puro, é cumprir critérios. Quem subsidia tudo são os adeptos e ambiciono um futebol onde se fale das equipas e não das arbitragens.”