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Português, Portugal

Regressos e condições

Por Miguel Braga*
31 Dez, 2020

A todos os que continuaram a trabalhar, revelando uma resiliência única e uma perseverança que será determinante para o novo ano que começa amanhã, desejos de um óptimo 2021 livre de erros do passado e com os olhos no futuro

Acabar o ano com a conquista de mais um título é sempre motivo de celebração. Foi em Matosinhos, no Centro de Desportos e Congressos local, que a equipa de Nuno Dias venceu o SC Braga por uns expressivos e categóricos 7-1, trazendo para casa mais uma Taça de Portugal de futsal (a oitava do Clube e a terceira consecutiva), esta referente ainda à época de 2019/2020. Uma demonstração de força e qualidade Leonina: parabéns!

Uns dias antes, a equipa de Rúben Amorim lutou com a Belenenses SAD para conquistar mais três pontos da Liga NOS e acabar este ano marcado pela pandemia de COVID-19 na frente da classificação. Foi um jogo complicado, mas onde vai um vão todos e a união e solidariedade da equipa voltou a prevalecer perante um adversário três vezes mais faltoso com o Sporting CP (26 faltas contra 16 do Sporting CP) do que tinha sido dois meses antes com o outro rival de Lisboa (apenas oito faltas contra 14 do SL Benfica). De assinalar mais uma estreia a titular de um jovem de 18 anos formado na Academia do melhor do mundo, o central Gonçalo Inácio, de quem Bruno Fernandes falou assim em Dezembro de 2019: “Há outro central dos juniores de quem eu gosto muito. Esquerdino… Já falei nele várias vezes. Gonçalo Inácio. É isso! É um jogador que se vier a treinar connosco algum dia pode vir a aprender muito com o Mathieu. Estamos a falar em dimensões diferentes, mas o estilo de jogo é muito idêntico”.

Uma palavra também para outro jovem de 18 anos, o avançado Tiago Tomás, para quem 2020 foi um ano de emoções fortes: começou nos sub-23, emprestou talento aos juniores para a fase final do Campeonato, juntando-se mais tarde ao plantel sénior, estreando-se na equipa ainda no Verão e acabando o ano a titular e a marcar. Que continue humilde e trabalhador. E neste caminho verde e branco de sucesso.

O final do ano também nos deu a conhecer um pouco mais do nosso capitão Coates, sobre a sua personalidade e importância de ter homens assim a liderar o balneário. Seja no Spotify, no YouTube ou na Sporting TV, este é um episódio do podcast ‘ADN de Leão’ que todos os Sportinguistas deviam ouvir (ou ver).

Seja no futebol, no futsal ou em qualquer modalidade, este foi um ano marcado pelo impacto da pandemia da COVID-19. A todos os que continuaram a trabalhar, revelando uma resiliência única e uma perseverança que será determinante para o novo ano que começa amanhã, desejos de um óptimo 2021 livre de erros do passado e com os olhos no futuro. Esse futuro começa agora.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

O futuro começa aqui

Por Miguel Braga*
24 Dez, 2020

Do webinar “VAR Future Challenges” ficou também a certeza de que o Sporting CP quer ser uma alavanca fundamental na luta por um futebol melhor e mais transparente. E que não está sozinho nesse desejo

Foi na passada segunda-feira que o Sporting CP assumiu o seu papel de anfitrião de um webinar sobre os desafios futuros do videoárbitro (VAR) – nas páginas deste jornal contamos os pormenores sobre esta conferência. Uma reunião de mais de duas horas e meia que contou com a presença de vários especialistas internacionais e nacionais, que engrandeceram com a sua presença esta iniciativa do Clube.

Mais do que uma partilha de boas práticas, o webinar permitiu também perceber que há muito e boa gente que se dedica a pensar e a reflectir sobre os impactos do VAR no desporto em geral e na indústria do futebol em particular; que há grupos de estudo em diferentes países a analisar quem analisa, que o VAR é uma ferramenta e que como tal precisa de ser trabalhada e melhorada. “O objectivo é pensar em como melhorar o VAR como uma ferramenta importante para o desporto, para o árbitro. É uma ferramenta que veio para ficar, mas queremos melhor”, o mote foi dado pelo presidente do Sporting CP, Frederico Varandas.

Além de vários pontos de interesse internacional da reunião – da experiência de campo do melhor árbitro do mundo de râguebi, o galês Nigel Owens, aos conselhos sábios do neozelandês Paddy O’Brien, passando pela visão da sempre futurística MLS, ou pelos diversos enquadramentos das ligas europeias –, o webinar também contou os nacionais Helena Pires e José Fontelas Gomes que deixaram ideias, números e “notícias”. Sobre uma pretensão do Sporting CP, de tornar públicas as comunicações entre o videoárbitro e o árbitro de campo, Fontelas Gomes não fugiu à questão, muito pelo contrário. Segundo disse o presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) “neste momento é muito difícil colocar em prática as comunicações em tempo real”, admitindo, porém, que “no futuro, esta é a forma de dar maior transparência e credibilidade ao VAR”.

Também a directora-executiva da Liga Portugal fez um discurso com os olhos no futuro e na mudança por um futebol nacional mais transparente também na segunda Liga. Para Helena Pires “a importância da Liga NOS ter sido uma das pioneiras na introdução da videoarbitragem, esperando que um dia também consigamos ter esta ferramenta na Liga Portugal SABSEG. O alinhamento com a direcção da FPF tem sido total ao longo deste processo, sendo um esforço contínuo de a Liga Portugal disponibilizar as melhores condições para a implementação do VAR, apesar de reforçar que cabe à FPF a gestão do sector da arbitragem”. Sem se comprometer com datas, afirmou que espera ter, “um dia, o VAR na II Liga”.

Do webinar “VAR Future Challenges” ficou também a certeza de que o Sporting CP quer ser uma alavanca fundamental na luta por um futebol melhor e mais transparente. E que não está sozinho nesse desejo. É tempo de continuar a trabalhar, até porque o futuro começa-se a construir hoje.  

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Taças ambiciosas

Por Miguel Braga*
17 Dez, 2020

Do lado dos Sócios e adeptos, todos queremos que continuem a acreditar nesta equipa e dinâmica, apoiando os jogadores em todos os momentos. Para começar bem 2021 é importante acabar 2020 com vitórias

Dois jogos, duas vitórias, cinco golos marcados e nenhum sofrido, um total de 21 jogadores utilizados nas duas eliminatórias das Taças, a de Portugal contra o FC Paços de Ferreira e a Allianz Cup frente ao CD Mafra. Rúben Amorim utilizou todos os jogadores que tem à sua disposição, com excepção de André Paulo (terceiro guarda‑redes), Jovane Cabral e Luiz Phellype, ambos a recuperar de lesão. Ou seja, aproveitou todo o talento à sua disposição, com a certeza de que na Academia de Alcochete existem ainda outros valores que, certamente, no futuro, ainda vão dar o seu contributo em prol do sucesso do Clube. A todos os jogadores, jovens ou nem tanto, que nunca se esqueçam das palavras de Sun Tzu: “As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas”.

Na noite de terça-feira, se Rúben Amorim tem apostado de início em Nuno Mendes em vez de Vitorino Antunes, teria entrado em campo com o onze mais novo de sempre do Sporting CP. Uma curiosidade apenas, mas que não deixa de ser reveladora da aposta e espírito da equipa técnica e do Conselho Directivo. Sem medos e pensando na sustentabilidade e no futuro do Sporting CP.

“A nossa forma de olhar para as coisas é jogo a jogo, mas as taças são realmente assim, eliminando uma equipa a cada jogo, e nesse aspecto somos claros: queremos conquistar a Taça de Portugal, queremos conquistar a Taça da Liga e no campeonato vamos jogo a jogo, sabendo que vamos ter altos e baixos ao longo da época, fruto da juventude da equipa e da sua forma de estar, que vive muito da intensidade,” afirmou o treinador entre as partidas.

Passadas as eliminatórias, a concentração e foco de todos está novamente na Liga NOS e no próximo jogo contra o SC Farense, “uma equipa muito perigosa, que está a crescer”, como alertou o treinador. Do lado dos Sócios e adeptos, todos queremos que continuem a acreditar nesta equipa e dinâmica, apoiando os jogadores em todos os momentos. Para começar bem 2021 é importante acabar 2020 com vitórias. Este é um desejo de todos nós. O desejo de todos os Sportinguistas.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Vis Unita Fortior

Por Miguel Braga*
10 Dez, 2020

Cabe-nos conseguir demonstrar a vontade do Clube em lutar contra os poderes estabelecidos e o sistema instalado. Lembrando-nos que juntos seremos sempre mais fortes e que será na União que reside a nossa força

A injustiça com toda a sua carga negativa tem, por vezes, a capacidade de unir as pessoas em prol de algo positivo. Sábado passado aconteceu um desses momentos. Já depois dos 90 minutos de jogo, El Patrón subiu até ao meio-campo contrário e percebendo a intenção do cruzamento de Pedro Porro, acelerou o passo e fez-se à bola; o que aconteceu a seguir é um daqueles momentos para que vivem os adeptos: uma explosão de alegria, contagiante, um rugir do Leão que acredita até ao fim, um capitão que carrega a sua equipa na luta com vários adversários, um grupo que se une num abraço solidário de alegria. Só que não.

Da Cidade do Futebol chegou o primeiro aviso à navegação e posteriormente numa análise bastante rápida para o efeito, o árbitro Luís Godinho aniquilou os seus próprios instintos, revertendo um golo limpo em falta a favor do FC Famalicão. O jogo acabaria pouco depois e, volvidos poucos minutos, o mundo do futebol foi surpreendido por uma posição inédita do Conselho de Arbitragem (CA) – alguém, em nome do CA, ligou directamente para pelo menos cinco órgãos de comunicação social dando conta que a análise de Godinho ao lance de Coates estava, afinal, certa.

Os dias seguintes mereceram a atenção de vários analistas, comentadores, especialistas e nem tanto, que se dedicaram a dizer se existiu ou não falta, se a famigerada intensidade foi suficiente para se considerar infracção, se o golo deveria ter sido validado. A discussão – mesmo que inquinada por uma posição a priori do CA, condicionando todo um sector – foi profícua, provando que a existir erro de Godinho ele foi tudo menos “claro e óbvio”, desrespeitando, por isso, o próprio protocolo do VAR. E não foi a primeira vez que tal sucedeu: basta recordar o lance entre Zaidu e Pedro Gonçalves e a reversão do pontapé de penálti e consequente expulsão do jogador do FC Porto.

“Seriam quatro pontos de avanço e começam a tremer, mas quanto mais tremem e fazem isto, mais força dão a este grupo. Isso vos garanto”, afirmou depois do encontro o presidente Frederico Varandas. “Na equipa do Sporting CP quando vai um, vão todos e será assim até ao fim do campeonato”, garantiu o treinador Rúben Amorim.

Do nosso lado, Sócios e adeptos do Sporting CP, cabe-nos conseguir demonstrar a vontade do Clube em lutar contra os poderes estabelecidos e o sistema instalado. Lembrando-nos que juntos seremos sempre mais fortes e que será na União que reside a nossa força.

Sporting sempre!

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Todos somos Maradona

Por Miguel Braga*
03 Dez, 2020

Sou de uma geração que não viu Pelé a jogar, mas teve a sorte de acompanhar Maradona e, mais tarde, Messi e Ronaldo. Pelo meio, ficaram centenas de pequenos génios, de jogadores de eleição. Mas Maradona era outra coisa

Se é verdade que o muro de Berlim caiu em 1989, esse também foi o ano em que Deus veio a Portugal para jogar contra o Sporting Clube de Portugal. Diego Armando Maradona chegou, foi visto e não venceu, deixando tudo em aberto para o jogo da segunda mão, no mítico San Paolo. A 27 de Setembro desse mesmo ano, tinha então 15 anos, tive de me recorrer da cumplicidade de um ou outro amigo para conseguir escapar aos deveres escolares impostos: o Sporting CP jogava a eliminatória com o todo poderoso SSC Napoli, que na época anterior tinha vencido a Taça UEFA (e que nesse ano voltaria a consagrar-se campeão de Itália).

Além de El Pibe, a equipa napolitana contava com um leque de jogadores que eram presença assídua em Mundiais e Europeus – apesar de termos uma nova geração de portugueses habituados a essas andanças da selecção nacional, nos anos 80 do século passado nem sempre íamos a estas fases da competição e apenas uma vez o fizemos com brilho. Entre as estrelas da formação italiana estavam nomes como os italianos Ciro Ferrara e Andrea Carnevale ou os brasileiros Alemão e Careca. Do lado do Sporting CP também tínhamos as nossas armas: Tomislav Ivković, Luizinho, Pedro Venâncio, Oceano, Carlos Manuel, Marlon Brandão ou Fernando Gomes.

Lembro-me que éramos vários jovens Leões dispostos a berrar pela equipa a mais de 2700 quilómetros de distância e que não foi pela falta do nosso apoio que a fortuna do futebol não esteve do nosso lado – ficou teimosamente do lado do então Deus na terra. Depois de 120 minutos de futebol, resultado novamente a zeros e decisão através dos pontapés da marca de penálti. Os primeiros encontraram defesa nas mãos dos guarda-redes, os segundos repousaram nas redes e na terceira ronda o SSC Napoli passou para a frente depois de Marlon atirar ao poste. Marcaram ambos os jogadores na quarta e na quinta e última ronda, Maradona avançou com a confiança que o caracterizava para a área. A conversa que se passou a seguir será uma das mais famosas entre jogadores, com o nosso Ivković a fazer uma aposta de 100 dólares com o astro argentino de como iria defender o remate. E assim foi: naqueles dias, defender um penálti de Maradona era mais ou menos a mesma coisa que entrar num ringue de boxe e sobreviver a Mike Tyson ou correr mais rápido que Carl Lewis sem ajuda de esteróides – a primeira derrota de Tyson aconteceu em Fevereiro de 1990, às mãos de James “Buster” Douglas; Ben Johnson fez história ao bater Lewis e os recordes mundiais dos 100 metros, em 1987 e 1988, mas acusou positivo no doping nos Jogos Olímpicos de Seul e caiu em desgraça.

De regresso a San Paolo, Ivković defendeu e Carlos Manuel empatou o jogo, seguindo-se o “quem falha perde” no desempate por grandes penalidades. Ciro Ferrara fez a sua parte e Fernando Gomes rematou colocado e violentamente… à barra. Estava desfeito o sonho, estava também desfeito Ivković que saiu do relvado lavado em lágrimas, conhecia o seu final a esperança verde e branca da glória europeia, aos pés daquele que foi considerado por muitos o mais genial jogador de futebol de todos os tempos.

Sou de uma geração que não viu Pelé a jogar, mas teve a sorte de acompanhar Maradona e, mais tarde, Messi e Ronaldo. Pelo meio, ficaram centenas de pequenos génios, de jogadores de eleição. Mas Maradona era outra coisa. Era Deus na terra com uma bola nos pés – e, se fosse preciso, na mão.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Uma questão de atitude

Por Miguel Braga*
26 Nov, 2020

Com humildade, este grupo vai lutar para dar alegrias aos Sportinguistas, encarando cada jogo como se fosse o último. Sábado, frente ao Moreirense FC, não será excepção

Na passada segunda-feira, tendo o Estádio Nacional como palco, o Sporting Clube de Portugal entrou em campo com a missão de passar à próxima eliminatória da Taça de Portugal e cumpriu com distinção, ganhando por uns expressivos 7-1 ao SG Sacavenense. Mais do que o resultado – muito bom, ainda para mais com uns números que trazem à memória colectiva verde e branca recordações de uma tarde bem passada em Dezembro de 1986 –, a noite do Jamor foi uma demonstração de respeito e seriedade pelo jogo, pelo adversário e pela competição.

Aos 89 minutos de jogo, Pedro Marques aproveitou da melhor forma o cruzamento de Bruno Tabata e bisou na partida, sendo prontamente ladeado por Daniel Bragança e Matheus Nunes. Mas em vez de saborear o momento com os companheiros, o jovem jogador avançou para o guarda-redes da equipa adversária e pediu a bola. Ainda faltavam uns minutos para o jogo acabar. Também a forma como Coates atacou a bola nos dois cabeceamentos vitoriosos, a alta rotação constante de Nuno Santos ou o empenho em cada lance de Luís Neto, são bons exemplos do que se quer no dia-a-dia do Sporting CP. Esta ambição, esta vontade, este compromisso e solidariedade de grupo, na forma com que se enfrenta cada jogo será fundamental para as batalhas futuras desta época. E será fundamental o contributo não só dos jogadores, da equipa técnica e da estrutura, mas também dos Sócios e adeptos, contagiando os demais com a sua força e a sua crença. Todos deveremos estar conscientes que a estrada é longa, que várias pedras serão colocadas no nosso caminho e que será a união do grupo e a determinação de cada um de nós que protegerão a nossa equipa das investidas dos rivais.

Tudo o que se passa em campo é reflexo do trabalho que é feito diariamente na futura Academia Cristiano Ronaldo. E é isso que Sócios e adeptos esperam da equipa de futebol do Sporting CP: atitude, foco e intensidade. Faltam seis jogos nas três competições internas – Liga NOS, Taça de Portugal e Allianz Cup – até final do ano. É mais um ciclo importante que teremos de atacar com a mesma seriedade demonstrada até agora. Com humildade, este grupo vai lutar para dar alegrias aos Sportinguistas, encarando cada jogo como se fosse o último. Sábado, frente ao Moreirense FC, não será excepção.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Muito mais que um ensaio

Por Miguel Braga*
19 Nov, 2020

(...) Quanto a Antónia Braga recordará, com certeza, este ensaio como um dos momentos mais brilhantes da sua carreira. Ainda para mais, contra o eterno rival. Parabéns, Leoa!

O dia estava cinzento e o jogo empatado a zero a meio da segunda parte. Depois da mélêe, ou formação ordenada, ainda atrás da linha dos 22 metros, a equipa adversária comete uma falta – fora-de-jogo – assinalada pelo árbitro. A falta é prontamente marcada pela nossa equipa e com apenas um passe a bola chega a Antónia Braga. O que se passou a seguir foi digno de registo para a posteridade: primeiro com Antónia Braga a passar por fora e em velocidade por duas adversárias; depois, a libertar-se de mais uma com uma troca de pés digna do australiano David Campese; por fim, a corrida vitoriosa até à linha de ensaio contrária, traduzida num sprint de mais de 80 metros com 15 camisolas vermelhas a correr atrás. Foi muito bonito de se ver. O ensaio acabou convertido por Isabel Ozório e o resultado não mais se alterou até ao final: Sporting CP 7-0 SL Benfica.

As nossas Leoas do râguebi estão a honrar a história da modalidade no Clube – a primeira secção de râguebi do Sporting CP faz praticamente 100 anos, data de Outubro de 1922. Apesar de não fazer parte do nosso imaginário recente, a verdade é que a mesma faz parte da nossa história, tendo chegado até nós através da vontade do inigualável Salazar Carreira – que numa viagem a França importou o conceito das camisolas listadas, certamente depois de ver um jogo de râguebi. O autor dos dez mandamentos do Sporting CP fez mesmo parte dessa primeira equipa de 15, conquistando inclusivamente o primeiro campeonato da História do râguebi em Portugal. Em 1926, o Sporting CP deu mais um contributo para a modalidade no nosso país, sendo membro fundador da Associação de Râguebi de Lisboa.

Apesar do sucesso inicial da modalidade, a mesma foi encerrada nos anos 30 e só viria a regressar na década seguinte, fruto da debandada de atletas oriundos do Ginásio Clube Português. No entanto, não foi possível voltar aos anos de glória da modalidade: vencemos apenas dois Campeonatos Regionais de 2.ª categoria nos anos 40 e 50, contra cinco Campeonatos Regionais de 1.ª categoria e outros cinco Campeonatos Regionais de 2.ª categoria nas décadas de 20 e 30. Foi por isso que sem muito espanto ou contestação o râguebi foi uma das três modalidades que o Clube extinguiu em 1964 juntamente com o badminton e o voleibol.

Em pleno século XXI são as nossas Leoas que dão cartas no râguebi, com um palmarés recente recheado de vitórias, tanto nacionais como internacionais. Quanto a Antónia Braga recordará, com certeza, este ensaio como um dos momentos mais brilhantes da sua carreira. Ainda para mais, contra o eterno rival. Parabéns, Leoa!

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Os Escudeiros do Leão

Por Miguel Braga*
12 Nov, 2020

São os verdadeiros escudeiros dos tempos modernos, fiéis companheiros de luta, independentemente dos resultados, nas horas boas e nas menos boas, sempre presentes na longa estrada da competição

Nesta edição do Jornal Sporting damos a conhecer os guardiões da nossa camisola. São eles que cuidam, preparam e estimam o equipamento com que os nossos atletas entram em campo. São os verdadeiros escudeiros dos tempos modernos, fiéis companheiros de luta, independentemente dos resultados, nas horas boas e nas menos boas, sempre presentes na longa estrada da competição. São também os primeiros a chegar e os últimos a sair depois de suadas as camisolas (páginas 14 a 18). São anos e anos dedicados ao Clube, aos jogadores, ao Desporto Nacional. A todos, o nosso muito obrigado.

O último fim-de-semana foi novamente 100% vitorioso. Onde entrámos em campo, conseguimos trazer a vitória, elevando o nome do nosso Clube, construindo as bases de uma época que se apresenta longa, difícil, num contexto nunca vivido, com as bancadas dos estádios e dos pavilhões ainda despidas de adeptos. Vivemos, de facto, numa altura única, mas contamos e queremos contar com o apoio de todos os Sportinguistas. Esperamos que em breve, ou o mais rapidamente que as nossas autoridades permitirem, possamos contar com todos nas bancadas a apoiar as nossas equipas e os nossos atletas. Este terá de ser o caminho do Sporting CP.

Uma palavra também para um dos maiores atletas de sempre do nosso país, Bessone Basto, uma lenda Leonina viva, homem de vários desportos, atleta de excelência que provou o seu valor em mais do que uma modalidade. É de homens assim que é feita a nossa História, do seu suor, das suas vitórias e superações. A grandeza do Sporting é também carregada nos seus ombros (páginas 3 e 4).

Os campeonatos ainda agora começaram, mas é de assinalar o facto de o Sporting CP estar na frente em mais do que uma modalidade. No futsal, a equipa de Nuno Dias tem o registo imaculado de sete vitórias em sete jogos, sendo que até ao momento Cardinal é o máximo goleador da prova com nove golos e Merlim o rei das assistências, com oito. No basquetebol, depois da extraordinária vitória na Taça de Portugal, os Leões de Luís Magalhães também se encontram invictos, liderando a prova com cinco vitórias em outros tantos jogos. No hóquei em patins, os pupilos de Paulo Freitas cederam apenas um empate e conquistaram seis triunfos, liderando também a classificação. No andebol o campeonato está ao rubro e a equipa de Rui Silva implacável, com nove vitórias em nove partidas.

Last but not the least, no futebol conseguimos o melhor arranque dos últimos anos, com a equipa de Rúben Amorim na frente da Liga NOS, sendo até à data a única equipa sem derrotas do campeonato. As exibições e os golos de Pedro Gonçalves, a segurança de uma defesa comandada pelo nosso capitão, a consistência de João Palhinha e a magia de João Mário, a presença de vários jogadores oriundos da nossa formação, a garra contagiante de Nuno Santos, mas especialmente o espírito de grupo construído, são factores que permitem a todos sonhar. Neste caso, tão importante como sonhar, será fazê-lo com os pés bem assentes na terra, nunca fugindo do objectivo delineado por toda uma estrutura: jogo a jogo, apenas e somente isso. As contas serão feitas no final.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Pioneiros desde o primeiro dia

Por Miguel Braga*
05 Nov, 2020

Júlio de Araújo fez isso e muito mais. Homem de grandes ideias e visão, fez de tudo para apetrechar a equipa de futebol com um grande treinador

Desde o início dos tempos que o Sporting Clube de Portugal prima por ser pioneiro no Desporto no nosso país. A nossa História, dos nossos atletas e dirigentes, é um mar de vontades que lutaram contra várias correntes, fazendo do Sporting CP aquilo que ele é, com os nossos valores e vontade de vencer. Nesta edição do Jornal Sporting recordamos um pouco da segunda década do século XX que foi repleta em acontecimentos que marcaram para sempre o Clube.

A começar pela criação do nosso Jornal – na altura “Boletim do Sporting” – que nasceu para ser o primeiro dos clubes portugueses, mas também fazer frente aos adeptos e seguidores do eterno rival e da pressão por si exercida sobre os árbitros e a uma certa discricionariedade da imprensa desportiva de então. Foi pela mão do presidente Júlio de Araújo (páginas 3 e 4) que se começou a escrever sobre a égide do Leão, num primeiro número com a sua “Razão de Ser”.

Foi também por esta altura que o Sporting quis deixar de ser apenas de Lisboa para se estender ao país, com a criação do movimento das filiais e delegações, multiplicando o seu número de associados em dez vezes, dando ao Clube outra força, outra vitalidade, outra raça. Mais uma vez, foi a visão e a resiliência de Júlio de Araújo que permitiu ao Clube este crescimento exponencial. 

Mas Júlio de Araújo fez isso e muito mais. Homem de grandes ideias e visão, fez de tudo para apetrechar a equipa de futebol com um grande treinador. E foi assim que o Sporting CP se sagrou pela primeira vez Campeão de Portugal, ganhando ainda dois Campeonatos de Lisboa. Desportista convicto, foi um ávido praticante de várias modalidades, contribuindo mais tarde para a hegemonia do Clube tanto no atletismo como na natação.

Tão importante foi o registo que fez para a História dos primeiros anos do Clube a pedido de Francisco Gavazzo. Mais tarde, já na década de 1960, voltou a contribuir para o nascimento do livro de Eduardo Azevedo, “História e Vida do Sporting Clube de Portugal”, sendo por isso responsável por grande parte da vida do Clube que nos chegou por esta via.

Miguel de Cervantes escreveu um dia que “a História é testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”. Conhecer a História do Sporting CP ajuda-nos a preparar o caminho que temos e queremos percorrer. É tempo de unir esforços e de perceber que aquilo que nos une, o Sporting CP, tem de ser sempre superior às nossas diferenças. Em todas as modalidades o melhor remédio são as vitórias, mas também a atitude competitiva, o querer fazer mais e melhor, o continuar a lutar, se necessário, contra tudo e contra os demais. No próximo fim-de-semana voltamos a competir em várias frentes depois do recuo do Governo relativo às competições extrafutebol profissional.

Quem não recua sobre a proposta de divulgação do áudio do VAR é o Sporting CP. No universo do Desporto há vários exemplos que deveriam ser seguidos e contribuiriam para continuar o processo da credibilização da arbitragem em Portugal. A ler (nas páginas 28 e 29) a entrevista a Pedro Azevedo, antigo árbitro e actual comentador do programa Raio-X Sporting, da Sporting TV.

Por último, no passado mês de Outubro, o Clube disse adeus a duas figuras emblemáticas: Gomes Ribeiro, “um homem que nos vai fazer muita falta”, segundo as palavras de Aurélio Pereira; e Joaquim Miranda, paraquedista, ex-pugilista e antigo campeão nacional na categoria de pesos-pesados ao serviço do Sporting CP. Exemplos de esforço, devoção e dedicação que tanto contribuíram para a glória do nosso Clube. Às suas famílias e amigos, os nossos mais sinceros sentimentos.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Os Mandamentos do Sporting CP

Por Miguel Braga*
29 Out, 2020

Compreender os desejos de Salazar Carreira, é compreender a forma como desde a nossa fundação o Clube tem sido vivido e projectado por aqueles que o transformaram naquilo que ele é: “um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa”

Fará em 2024, 100 anos desde que Salazar Carreira escreveu os dez mandamentos do Sporting Clube de Portugal. Figura ímpar do Clube e do desporto português, foi responsável, entre outros feitos que poderá ler na página quatro do nosso Jornal, pelas listas que fazem parte do ADN da nossa camisola. Compreender os desejos de Salazar Carreira, é compreender a forma como desde a nossa fundação o Clube tem sido vivido e projectado por aqueles que o transformaram naquilo que ele é: “um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa”.

1.º Ostenta sempre na lapela o emblema do Sporting como afirmação concreta das tuas aspirações desportivas;

2.º Presta ao teu Clube o teu auxílio desportivo sempre que ele to exija. Seja qual for o teu mérito não tens o direito de o regatear;

3.º Quando envergares a camisola verde e branca lembra-te que a colectividade te honra, distinguindo-te como seu representante. Faz, portanto, quanto possas para merecer a distinção conferida;

4.º Nunca digas mal do que não possas fazer melhor; a crítica é fácil, mas prejudica quando imerecida e perdes o direito moral de falar se não puderes realizar aquilo que amesquinhas;

5.º Lembra-te que Directores são sete e coisas a dirigir mais que mil; exige àqueles o cumprimento do dever, mas moral e praticamente presta o teu incondicional apoio a quem trabalha para o bem de uma coisa que é tanto tua como sua;

6.º Nunca em público amesquinhes os actos de quem represente o teu Clube; roupa suja lava-se em família e o teu dever é criar em toda a parte, pelas tuas palavras e pelos teus actos, um ambiente favorável ao Sporting, enaltecendo-o;

7.º Cada novo Sócio que proponhas é um elo mais que acrescentas à cadeia poderosa do Sporting: quanto mais forem os amigos menos incomodam os inimigos;

8.º Quando o Sporting disputa a vitória em campo, o teu silêncio é um crime; nunca insultes o adversário, mas incita os teus fazendo-lhes sentir o apoio moral da tua presença;

9.º Mesmo nos transes mais dolorosos conserva inabalável a fé nos destinos do Clube. O Sporting não pode retrogradar porque por ele pulsam em todo Portugal alguns milhares de corações;

10.º Quando os homens do Sporting triunfam em qualquer competição dizes sorridente: “Ganhámos!” Pelo teu procedimento justifica a palavra.

Foram escritos há quase 100 anos, mas conservam em si os desígnios do nosso Clube. Que nos sirvam de exemplo.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

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