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Português, Portugal

Uma questão de respeito

Por Miguel Braga *
07 Jul, 2020

Há certas coisas difíceis de perceber sobre a arbitragem do jogo de ontem do Sporting Clube de Portugal. Logo ao minuto 3, pontapé de penálti por assinalar sobre Jovane Cabral: “João Aurélio chegou tarde, não jogou a bola e atingiu um pé de Jovane” (Jogo); “Jovane cai na área depois de ser rasteirado (…). Pontapé de penálti por assinalar” (Record); “Lance difícil de interpretar em campo, mas que as imagens evidenciaram ser irregular” (Bola). Apesar da opinião unânime, a equipa liderada por Tiago Martins com Jorge Sousa no VAR nada viu. Pior. Quando confrontado com o erro, na zona dos balneários, por elementos do Sporting Clube de Portugal, o juiz da partida teve o desplante de afirmar “já vi as imagens e ninguém lhe tocou. O Jorge Sousa bem disse ‘Siga, siga!’”

E se Tiago Martins começou o jogo torto, a verdade é que nunca se conseguiu endireitar, terminando o encontro com novo erro grosseiro, na mesma direcção, com a agravante que terá sido avisado do puxão visível a Coates pelo VAR. “Lance que o VAR entendeu ser evidente e que o árbitro devia ter sinalizado como ilegal” (Bola); “Coates cai na área, após ser agarrado pela camisola, o que o impede de disputar a bola” (Record); “Com o recurso às imagens trata-se de dupla incompetência não assinalar o pontapé de penálti” (Jogo). E o que fez Tiago Martins? Nada. Nada o convence a fazer o seu papel. Nem uma indicação, nem um puxão claro, nem a indignação dos presentes.

Aliás, Tiago Martins acha que está acima da crítica e no seu íntimo talvez pense que errar é humano e que ele é um ser superior. Não é. Por isso mesmo, o árbitro não gostou que o director desportivo do Sporting CP lhe perguntasse como é possível não ter marcado dois pontapés de penálti claros. Sem insultos, sem impropérios, apenas uma pergunta altamente compreensível. E ao contrário do que fez com Abdu Conté, aí Tiago Martins fez valer a sua autoridade e num acto de coragem expulsou, fora de campo, Hugo Viana.

A noite má de Tiago Martins podia ter ficado por aqui. Mas não. Sabendo que a equipa do Sporting CP iria regressar nessa mesma noite a Lisboa, o árbitro demorou mais de hora e meia para escrever o seu relatório. Quando confrontado com a espera, respondeu “o senhor Severo tem de esperar, pois estou a rever umas vírgulas”. Hora e meia de espera. Estaria certo se não fosse profundamente errado.

O respeito conquista-se. E não é com comportamentos assim, dentro e fora de campo, que os árbitros portugueses vão alguma vez ganhar créditos. Muito pelo contrário.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Parabéns Sporting

Por Miguel Braga *
01 Jul, 2020

A História e histórias do Sporting Clube de Portugal são intermináveis e de uma riqueza que só nos pode encher de orgulho. (...) Somos Sporting! E estamos de parabéns

Hoje estamos todos de parabéns. O Sporting Clube de Portugal faz 114 anos. E tudo começou a 1 de Julho de 1906, data da Assembleia Geral de um novo Clube formado pelos “dissidentes”, em que por sugestão de António Félix da Costa Júnior, o Clube alterou o seu nome de Campo Grande Sporting Clube para Sporting Clube de Portugal, sempre com o objectivo de ter “um grande clube, tão grande como os maiores da Europa”.

Curiosamente, o desporto de eleição do Sporting CP começou por ser o ténis, ultrapassado rapidamente por uma prática mais popular e em voga, o futebol. Mas naqueles primeiros tempos de Sporting CP, o Clube também se dedicava a outras modalidades, umas clássicas, como o ciclismo, outras menos, como o críquete ou a luta de tracção à corda. Esta última, desconhecida nos dias de hoje, com excepção de países nórdicos e em alguns pontos em Inglaterra, foi modalidade olímpica nas duas primeiras décadas do século XX, e rezam as crónicas que a equipa Leonina de 1911 a 1915 foi, simplesmente, invencível.

Fizeram parte desse lote de atletas de eleição como Alfredo Camecelha, o primeiro Campeão Nacional do lançamento de peso; Alberto Figueiredo, que foi também Campeão de Portugal do lançamento do martelo; Joaquim Oliveira Duarte, multifacetado atleta que foi remador, nadador e jogador de futebol e de pólo aquático, modalidade na qual foi internacional e quatro vezes Campeão Nacional pelo Sporting CP; Manuel Laranjeira Guerra, grande campeão de ciclismo e praticante de atletismo; António Soares Júnior, também um nome forte do ciclismo nacional de início de século; e por último, também fazia parte desse lote o extraordinário Francisco Padinha, algarvio de grande porte e com um bigode notável, que foi também campeão nacional de luta greco-romana e halterofilista recordista nacional, chegando a sagrar-se campeão do Mundo na modalidade flexão de coxas com barras nos ombros, batendo inclusivamente o recorde mundial de então, de outro português, Manuel da Silveira.

Padinha foi um verdadeiro Leão que conquistou seguidores não só em Alvalade, mas também em Olhão – o Sporting Clube Olhanense homenageou o seu conterrâneo dando-lhe o nome do seu estádio até meados da década de 80, altura em que foi construído o ainda actual Estádio José Arcanjo. Durante 20 anos, o estádio ainda serviu para as camadas jovens do Clube algarvio até dar lugar, sinais dos tempos, a um centro comercial.

A História e histórias do Sporting Clube de Portugal são intermináveis e de uma riqueza que só nos pode encher de orgulho. Fazem parte do nosso passado e do legado de um Clube que desde a sua génese tem trabalhado para ser “tão grande como os maiores da Europa” e que é hoje muito maior que um simples Clube. Somos Sporting! E estamos de parabéns.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Eu Sou

Por Miguel Braga *
16 Jun, 2020

“Eu Sou, pai! Desde que nasci”, diz-me o meu filho com alguma regularidade e com um orgulho verdadeiro de quem pertence a muito mais do que um Clube

Eu Sou Sporting, Sportinguista e Leão. Sempre o fui – e neste caso, sempre ter sido não tem qualquer vantagem sobre quem o é há menos tempo. Ou mesmo sobre quem começou noutro lado e acabou do lado certo do Desporto. Nestas coisas de Ser Sporting, o que interessa é mesmo o ser, o estar, o sentir o Clube como parte integrante da nossa vida e da nossa comunidade. A partir do momento em que o somos, sabemos que tudo mudou e que aquele é o primeiro dia do resto das nossas vidas. Ser Sporting é também viver o Clube de diferentes maneiras, é procurar saber um pouco mais sobre os nossos mais de 100 anos de História, é lutar com esforço, dedicação e devoção para atingir a Glória que todos desejamos e que o Clube, acima de tudo, merece.

Venho de uma família de Sportinguistas, de sentimentos passados entre gerações, de vivências e experiências de vitória, mas também de empates e derrotas, de lutas conjuntas e de passagem de testemunhos: o passar a cada nova geração esta vontade de Ser, de uma forma diferente de estar tanto no desporto como na Vida. No meu caso, lembro-me sempre de o Ser. Tenho fotografias de Leão ao peito quando ainda mal andava, vestido de equipamento completo um pouco mais tarde quando ainda alimentava sonhos de uma carreira de guarda‑redes, de cachecol e t-shirt na bancada, anos depois, na companhia de amigos ou com o meu pai e o meu irmão, os meus companheiros originais na estrada da vida do Sporting Clube de Portugal.

O meu filho nasceu logo pela manhã, perto das nove horas – há quase 13 anos, num calorento dia de Agosto. Como a mãe pertencia a outra cor clubística, combinei uma estratégia familiar para evitar confusões e traumas no futuro. Além disso, mal nasceu, olhei para ele e tive a certeza de que aquela era uma cara de Leão, de Sportinguista de pelo menos 5.ª geração. “Com licença”, disse, afastando ligeiramente o médico e a enfermeira de serviço para lhe tirar a primeira fotografia. “Nem chorou”, pensei, “é mesmo Leão!”. De facto, naqueles primeiros segundos de vida, deu-me alguma paz de espírito tirar aquela fotografia para a posteridade. Entre os parabéns de circunstância e a alegria do momento, enviei de forma subtil a fotografia para o meu pai, que naquela altura já se encontrava na secretaria do Estádio de Alvalade, com toda uma entourage para dar início ao processo. E foi assim, com esforço conjunto, dedicação paternal e a devoção de dois Sportinguistas, que proporcionámos o primeiro momento de Glória do meu filho com apenas três horas de vida: o cartão de sócio, com fotografia e tudo, do Sporting Clube de Portugal. “Eu Sou, pai! Desde que nasci”, diz-me com alguma regularidade e com um orgulho verdadeiro de quem pertence a muito mais do que um Clube.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

 

 

 

 
 

GPS com defeito

Por Miguel Braga *
14 Jun, 2020

(...) Ainda falta muito campeonato e todos precisamos de estar mais atentos

Mais uma vez a máquina de propaganda que nega tudo à sua volta, utiliza os seus pombos correio de eleição para desviar atenções do óbvio e atacar o Sporting Clube de Portugal. 
Em vez de se elogiar, por exemplo, a actual  aposta na formação e na juventude, tanto do treinador como de uma administração que em dois anos formou 20% dos atletas que deram o salto da Academia de Alcochete para o plantel principal, tentam criar fantasmas do Sporting CP com comando à distância, guiados por um GPS claramente defeituoso. Vamos recordar: Luís Maximiano, Eduardo Quaresma, Rafael Camacho, Matheus Nunes, Jovane Cabral, de início, Geraldes e Nuno Mendes mais tarde no jogo. E internacionalmente a juventude ainda foi representada por Plata e Wendel. Querem fazer a média de idades? 
Não. Isso seria sério demais. Elogiam-se assim outras defesas, enquanto se tenta colocar em causa o profissionalismo de Mathieu com histórias fictícias desfasadas da realidade. 
Ao contrário de outros tempos e para grande infelicidade de alguns, assistimos a um balneário unido e sem fugas de informação vital. As razões pelas quais o internacional francês não fez parte da lista de convocados sabe-as o treinador. Que se explicou bastante bem no pós-jogo com o FC Paços de Ferreira. Mas para mau entendedor, nem duas ou três palavras são suficientes. 
Ainda falta muito campeonato e todos precisamos de estar mais atentos. E de preferência sem GPS à mistura.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

 

 

 

 
 

Acreditar até ao fim

Por Miguel Braga *
28 maio, 2020

Quando Luiz Phellype arrancou para a marcação do penálti vitorioso já só olhava para o meu filho que saltou como um Leão para o meu colo quando a bola bateu nas redes

A primeira vez que vi um capitão do Sporting Clube de Portugal levantar o troféu no Jamor foi na mítica época de 1981/1982, depois da equipa de Malcolm Allison cilindrar o SC Braga de Quinito por uns expressivos 4-0. Liderados por um António Oliveira inspirado – marcou dois golos, sendo que Rui Jordão e Manuel Fernandes foram os autores dos outros dois –, recordo-me de no final do jogo descer as escadas de pedra do estádio com o meu pai, rumo ao relvado, onde vi a felicidade estampada na cara de todos, adeptos, jogadores e famílias, num Jamor pintado de verde e branco. Era a minha primeira Taça de Portugal e a décima primeira do Clube.

Durante os anos que se seguiram vivi de tudo no Jamor, vitórias, derrotas, até empates, jogos com golos, casos e, sobretudo, uma paixão que só é possível viver naquela relva. E foi assim, que há mais ou menos um ano, saí de casa, apenas na companhia do meu filho, para ver mais uma final do meu Clube do coração – entre a primeira vez e aquele momento, passaram-se 37 anos de Sporting CP.

O passado recente não me permitia transbordar confiança. “Vamos ganhar, pai”, dizia o meu filho a cada oportunidade, com aquela fé que move montanhas e que é fundamental para alcançar objectivos difíceis. Deixámos o carro num dos parques, passou por nós uma centena de adeptos portistas, ruidosos como mandam as regras, num dia em que a festa começa muito antes do árbitro apitar para o início da partida.

Incidências do jogo à parte – golo bem anulado ao FC Porto com o resultado ainda a zero e falta de coragem para anular o primeiro golo dos dragões –, a verdade é que a exibição de Bruno Fernandes lembrou-me a de Oliveira, a frieza de Bas Dost recordou-me o posicionamento de Manuel Fernandes, Renan incorporou a agilidade de Ferenc Mészáros, Coates e Mathieu cortaram tudo como Zezinho, e depois de 90 minutos empatadas, as equipas foram para o prolongamento. “Vamos ganhar, pai”, repetia o meu filho, saltando para os meus braços quando Bas Dost fez aquilo que melhor sabia fazer de Leão ao peito, aos 101 minutos de jogo. Depois de 20 minutos que pareceram 20 horas, de olhos no relógio e no relvado, senti o mundo a cair quando Filipe, já depois da hora, empatou o jogo para o FC Porto – os adeptos portistas que estavam à minha frente saltaram numa explosão de raiva, eu sentei-me, abanei a cabeça e pensei: “outra vez, não”. Levantei-me rapidamente ainda sem saber o que fazer. Ao meu lado, o meu filho agarrou a minha mão e disse-me, confiante: “Não vamos embora, vamos ganhar, pai”. E foi assim, de mãos dadas e com inabalável fé, que assistimos ao desempate por pontapés da marca de penálti – e nem o remate de Bas Dost à barra demoveu a confiança da criança. “Não faz mal. Vamos ganhar, pai. Eu sei”.

Quando Luiz Phellype arrancou para a marcação do penálti vitorioso já só olhava para o meu filho que saltou como um Leão para o meu colo quando a bola bateu nas redes. “Eu sabia, pai. Esta é nossa”. E foi assim que o meu filho viveu a sua primeira Taça de Portugal e a décima sétima do Clube.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

Crescer com uma Lenda

Por Miguel Braga *
14 maio, 2020

(...) aquele que era considerado o mais ágil, o mais felino e o mais elegante dos guarda-redes nacionais (...)

Cresci a ouvir histórias do Vítor Damas. Apesar de ter saído de Portugal para jogar em Espanha, mais ou menos na mesma altura em que eu fazia um ano de idade, os elogios de todos, especialmente do meu pai, estimulavam a imaginação de um pequeno Leão. Lembro-me que contava uma história, de um Sporting CP vs. SL Benfica, onde o Eusébio, depois de ter sido surpreendido por uma defesa do outro mundo do Damas, correu para este de mão estendida para o cumprimentar – na altura, rezam as crónicas, foi assobiado pelos próprios adeptos.

Já depois de 1975, numa altura em que o FC Porto de Pedroto tentava desviar jogadores de Alvalade, a verdade é que o Sporting Clube de Portugal não conseguiu renovar com aquele que era considerado o mais ágil, o mais felino e o mais elegante dos guarda-redes nacionais e o jogador acabou por ir para Espanha, para o Racing de Santander. O facto de ter dito que não ao então seleccionador nacional (Pedroto) e de ter rumado ao país vizinho, fez com que a Selecção Nacional se esquecesse durante uns anos de um dos melhores de sempre na sua posição.

Os tempos eram outros, e por isso, Damas chegou também a ser vítima de uma crueldade dos regulamentos. Foi em 1971, num jogo que opôs o Sporting CP aos escoceses do Glasgow Rangers, na segunda mão de uma eliminatória europeia. Os 90 minutos terminaram com a vitória caseira por 3-2, resultado idêntico ao que tinha acontecido na Escócia. O jogo foi então para prolongamento, o SCP venceu por 4-3, e o árbitro mandou começar a ronda de pontapés de penálti. Entre os postes, Damas foi um gigante, defendendo todos os penáltis para alegria dos adeptos presentes no Estádio. Para o final, porém, já nos balneários, estava guardado o final trágico: apesar da vitória, apesar de ter defendido todos os pontapés da marca dos onze metros, foi o Rangers quem passou a eliminatória: nessa época, tinha entrado em vigor a regra dos golos forasteiros, e nem o desconhecimento da nova lei por parte do árbitro serviu para o Sporting CP convencer a UEFA dos danos morais, materiais e desportivos da derrota.

Damas acabou por regressar a Portugal, primeiro ao Vitória SC, depois ao Portimonense SC, antes de voltar ao Clube do seu coração. Foi mais ou menos por esta altura, que dei também os primeiros e últimos passos na minha curta carreira de guarda-redes. O ponto alto foi um treino no Sporting CP, sob a batuta do mister Osvaldo Silva, onde acabei por perceber que as balizas do Clube eram muito maiores do que as da escola que frequentava. Por isso mesmo, tudo passou a fazer mais sentido quando em 2009, o Sporting CP eternizou Damas no círculo exclusivo de Lendas do Clube, baptizando a Baliza Sul de Alvalade com o seu nome.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

 

 

 

 
 

Muito mais do que um Clube

Por Miguel Braga *
01 maio, 2020

(...) São jogadores e dirigentes assim que fazem a diferença no campo e fora dele

A primeira vez que estive lado a lado com um guarda-redes do Sporting Clube de Portugal foi algures entre 1983 e 1984, no relvado do antigo estádio José Alvalade, quando tive o privilégio de assistir a um treino específico da posição com o húngaro Béla Katzirz, a poucos metros da baliza. Quando passou por mim, lembro-me de olhar para cima – na altura não era assim tão comum os guarda-redes terem 1,94 metros –, e imaginar a responsabilidade de defender aquela baliza, com as nossas cores. Sim, era mesmo preciso ser um gigante. 

Ver Max em acção, esta semana, em representação do plantel principal do Sporting CP, a entregar em mão, no Hospital São Francisco Xavier, lado a lado com Maria Serrano, do Conselho Directivo do Sporting CP, um vídeo com mensagens de apoio e agradecimento aos profissionais de saúde que têm estado na linha da frente no combate à COVID-19, trouxe-me à memória aquele sentimento. Do lado dos médicos e enfermeiros vi a gratidão por aquele momento, do lado de Luís Maximiano senti a responsabilidade de quem sabe o que é representar a grandeza do Sporting Clube de Portugal. 

Nesse mesmo dia, longe das câmaras e do olhar dos jornalistas, Luís Maximiano e Maria Serrano fizeram outra surpresa a um jovem de 13 anos, a quem a vida tem sujeitado a demasiados infortúnios. Quando percebemos que existem pequenos actos que dão outra luz a uma família que tem lutado com armas desiguais com o destino, temos o dever de continuar a estender a mão do Sporting CP aos que mais precisam. E neste caso, ficou a promessa, do jogador e do Conselho Directivo, que quando ficar melhor, virá a Alvalade na companhia da família. 

Neste período de Emergência que deverá terminar nos próximos dias, a Fundação Sporting desenvolveu um trabalho e um esforço que será, certamente, recordado por muitos. Várias acções, umas colectivas, umas individuais, outras em parceria de força e voluntarismo dos Núcleos do Sporting CP, outras, por fim, mais institucionais, mas todas, sem excepção, com a supervisão e a presença da incansável vice-presidente da Fundação Sporting e membro do Conselho Directivo, Maria Serrano. 

São jogadores e dirigentes assim que fazem a diferença no campo e fora dele. Da mesma forma que um e outra, são muito mais daquilo que aparentam ser, também o Sporting CP será sempre muito mais do que um Clube. 

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

 

 

 

 
 

Dias de luta contra uma pandemia mundial

Por Miguel Braga *
16 Abr, 2020

Há um herói escondido em cada casa

Continuamos a viver um tempo de excepção onde a atitude individual pode vir a condicionar a vida colectiva. Pede-se a todos a consciência e a resiliência para suportar os condicionalismos deste não admirável mundo novo. Temos também a admiração por aqueles que, dia após dia, lutam na linha frente contra este vírus que se encontra espalhado no mundo, médicos, enfermeiros, todos os profissionais de saúde e auxiliares que mantêm o sistema a funcionar. Mas nesta luta desigual, também há heróis e heroínas em casa de cada um de nós. Se há alguma coisa que podemos aprender com esta pandemia é que fazemos parte de um sistema, estamos sempre ligados, mesmo no confinamento de uma casa. Nesta edição de um jornal renovado, fomos conhecer algumas dessas histórias, de pessoas que alteraram as suas rotinas sem descurar os deveres que a profissão impõe: mulheres que são atletas de alta competição, mas que também são mães, preocupadas com o futuro dos seus filhos e dedicadas à sua educação no dia-a-dia.

Dentro do universo Sporting CP, também olhamos para as histórias daqueles que estão longe do seu país, retidos pela circunstância mundial, dependentes da tecnologia para estar em contacto com os seus. Esta nova ordem, além de ter suspendido as competições um pouco por todo o mundo, provocou o adiamento dos Jogos Olímpicos, no meio de incertezas e depois de pelo menos quatro anos de preparação. Fomos procurar saber junto dos atletas como olham para estas decisões. E quais as implicações, desportivas e não só.

Nesta época difícil, há quem precise da solidariedade dos outros para tarefas diárias. É com orgulho que relatamos o esforço contínuo da Fundação Sporting que se multiplica em frentes e parcerias para chegar a quem mais precisa. E é também um orgulho Leonino constatar a
dinâmica orgânica dos Núcleos do Sporting Clube de Portugal a cuidar daqueles que já tanto deram por esta vida. A força que cada um emprega nestas causas alimenta a existência da própria comunidade.

Uma última palavra para três atletas de eleição que representam as cores do Clube. Se Arnaud Bingo e Rodrigo Battaglia são “monstros” consagrados em campo, com títulos e representações pelas respectivas selecções, Eduardo Quaresma é uma aposta de futuro catapultada para o presente por um enorme talento e vontade de vencer. Quem aos 18 anos afirma ter materializado um sonho de criança “de ter pisado o relvado de Alvalade” só nos pode encher de esperança. E nestes tempos estranhos em que vivemos, é de esperança que precisamos. Até porque o futuro começa já amanhã.

 

Bola sem ar no dia 1 de Abril

Por Miguel Braga *
01 Abr, 2020

Neste momento a bola não está a rolar. Mas há uma Bola que insiste em cair sempre para o mesmo lado.

O país e o mundo vivem tempos únicos, desafiantes para o indivíduo e para as sociedades, e apesar das ondas de voluntarismo e solidariedade, a situação continua a complicar-se de dia para dia. Seria de esperar, neste momento e aliás sempre, que não divagassem à procura de ruído onde ele não existe. Mas não. Nem agora, e pelos vistos, nem nunca.

Com direito a chamada de primeira página nos Suspeitos do Costume (jornal A Bola, para os mais distraídos), tenta-se, por um lado, levantar uma “insatisfação (que) pode motivar a mudanças no gabinete jurídico de Alvalade”, como por outro, imputa-se a culpa ao dito gabinete pela condenação em tribunal por três milhões de euros a Siniša Mihajlović, o treinador sérvio a cuja contratação e termo contratual este Conselho Directivo e de Administração da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD são completamente alheios.

Mais grave do que a capa é a notícia ao personalizar essa falsa insatisfação. Primeiro, em dois membros do referido departamento, que têm servido, com competência, lealdade e diligência, o Clube e a SAD. Depois, ao tentar, mais uma vez, ver e apontar divergências entre os membros do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal que, pura e simplesmente, não existem.

Esta direcção continuará, como sempre, a salvaguardar os interesses do Sporting Clube de Portugal e tem agora também a missão de ajudar a minimizar o impacto da actual pandemia no desporto nacional e na sociedade portuguesa. Esse vai ser o nosso caminho. Independentemente do ruído falso que se tenta criar.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

 

 

 

 
 

Leão de gema

Por Miguel Braga *
31 Mar, 2020

(...) Porque essa também é a missão de um jornal, transportar a alma de cada Sportinguista entre as gerações

O Sporting Clube de Portugal acompanha-me desde as primeiras memórias. Lembro-me bem de estar no chão de casa dos meus pais, a folhear um jornal dedicado em exclusivo às histórias, aos feitos, aos golos, aos heróis, à dimensão do meu Clube.

Recordei, por isso também, tardes passadas no antigo estádio de Alvalade, sentado nas cadeiras de madeira do camarote vitalício que o meu pai tinha juntamente com cinco amigos, cada um mais Sportinguista que o outro – só o conceito de vitalício é, por si, forte para uma criança. Mas ali, era isso e era muito mais.

Foi nessas tardes que tive o prazer de conhecer os vizinhos do camarote do lado. Estava lá sempre um senhor – “andámos juntos na tropa”, explicava-me primeiro o meu pai, confirmava-me sempre o próprio –, que tinha a calma e a paciência de nos aturar, e que segredava e apontava para o campo, discorrendo sobre o talento daqueles que estavam no relvado. E toda a gente o ouvia com atenção. Nessas tardes, diga-se, os jogos dos seniores eram os últimos: jogavam primeiros os escalões da formação, o estádio ia enchendo devagarinho, e aquele senhor que partilhou dias e noites de histórias no quartel da Trafaria com o meu pai, estava lá sempre, simpático, afável e conhecedor. Esse senhor era Aurélio Pereira. Também lá estava sempre o João Barnabé e um outro senhor, de quem lamentavelmente não me recordo o nome, mas que tinha a particularidade de dizer antes dos jogos “olha-me este, a mim nunca me enganou”, sempre que entrava a equipa de arbitragem.

Nessas tardes, aqueles camarotes, que tinham sido desenhados para seis pessoas, em dias de jogos grandes ultrapassavam em larga medida a sua capacidade máxima. Cada amigo tinha filhos – nós, por exemplo, éramos dois –, “os mais velhos” tinham, por sua vez, amigos, mas a capacidade de albergar “só mais um”, era de facto extraordinária e marca de um simbolismo de união entre leões. Não é exagero de memória afirmar que dias de clássico ou dérbi, representavam lotações de dezoito e vinte pessoas, às vezes mais. Cada golo, como se imagina, era uma aventura.

No meio de tanta recordação, a memória do Jornal Sporting é das antigas. De uma altura em que era presença obrigatória lá em casa, quando havia jornais que chegavam durante a tarde, como A Capital, anterior às minhas primeiras idas ao estádio José de Alvalade nos inícios da década de 80. Só assim se explica porque ainda achei que vi o Yazalde jogar durante uns tempos. Via as imagens no Jornal e ouvia histórias dos mais velhos, sobre o Bota de Ouro Europeu, o “Chirola”, aquela máquina argentina de fazer golos e, por causa disso, perdi uma vez uma aposta que não me vou esquecer. Porque essa também é a missão de um jornal, transportar a alma de cada Sportinguista entre as gerações.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal

 

 

 

 
 

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