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É preciso uma linha limite. Mas onde?

Por Jornal Sporting
20 Abr, 2016

Darren Bailey aborda preocupações e necessidades de quem pretende o vídeo-árbitro no futebol

“Estive oito anos no mundo do râguebi e há sete que estou envolvido no futebol. As discussões que tive acerca das novas tecnologias no râguebi, na altura, são as mesmas que se estão a ter agora no futebol”. Quem o diz é Darren Bailey, director da Football Regulation and Administration of Football Association e terceiro interveniente do painel subordinado ao tema ‘Inovação no futebol’, no II Congresso Internacional ‘The Future of Football’. As preocupações em relação à introdução das novas tecnologias no futebol são maiores do que no râguebi por uma simples razão: o comportamento humano dos intervenientes da modalidade, desde o público, aos treinadores, jogadores ou árbitros.

Se no râguebi a maior preocupação se prende com o cumprimento do protocolo inerente ao uso do vídeo-árbitro (utilizado num sem fim de situações), no futebol, a linha é mais ténue e, embora as ocasiões em que o vídeo-árbitro seria utilizado sejam menores (golos, grandes penalidades, cartões vermelhos e erros de identificação), as dificuldades podem ser maiores. Tudo porque esta linha ténue tem de ser limitada. Mas onde? “Essa é a grande questão”, responde Darren Bailey, continuando: “Imaginemos que existe uma situação de golo que merece ser revista. Onde começamos a rever as imagens? Se a equipa que marcou estiver com a posse da bola durante dois minutos sem interrupção, vemos os dois minutos completos em busca de infracções? Ou vemos apenas os últimos segundos?”. As questões ficaram no ar e representam uma das grandes dificuldades encontradas pela Football Regulation and Administration of Football Association na análise ao uso das novas tecnologias no futebol.

Ia a apresentação de Darren Bailey a meio quando Jorge Jesus entrou no Auditório Artur Agostinho. Atrás dele vinham João Mário, William Carvalho e Bryan Ruiz. De pronto, as atenções foram roubadas e passaram do palanque para a assistência. As grandes dúvidas sobre a aplicação do vídeo-árbitro ficaram sem resposta, o que é normal, visto que continuam a ser discutidas. Os princípios que motivam o uso das tecnologias são favoráveis à verdade desportiva e claramente bem intencionados. Problema: como é certo e sabido, no futebol, nem todos têm as melhores intenções. É preciso saber educar os intervenientes no jogo e definir limites para a utilização de algo que se pretende benéfico. Que a linha que separa a transparência da obscuridade é ténue, já se sabe. Urge definir o seu limite, para bem do futebol.