“Todos os árbitros querem a introdução das tecnologias”
21 Abr, 2016
Pedro Henriques, antigo árbitro, manifesta total apoio ao vídeo-árbitro
O painel ‘Inovação do Futebol’, sobretudo focado nas novas tecnologias aplicáveis na arbitragem, e com a participação de, entre outros, Gijs de Jong, da Associação Holandesa de Futebol e de David McHugh, irlandês ligado à modalidade de Rugby onde as tecnologias são uma realidade, reforçou a necessidade de introdução das mais variadas tecnologias de auxílio à arbitragem como forma de reduzir ao mínimo possível o erro humano. Nesse sentido, o antigo árbitro Pedro Henriques, depois de apresentadas todas as palestras referentes ao tema, abordou o assunto e afirmou que, com tecnologia no futebol, teria sido melhor árbitro do que foi.
“É um facto indesmentível que teria sido melhor com o auxílio das novas tecnologias. Qualquer árbitro na tomada de decisão poderia ter cometido menos erros com a ajuda da tecnologia do vídeo-árbitro, que considero ser a de maior destaque. Por vezes recordo alguns lances em que, em casa, facilmente percebi que tomei a decisão incorrecta e que teria rectificado em poucos segundos como se comprovou aqui através de algumas palestras. Mais importante ainda, eu e alguns árbitros ficámos reféns de certos lances, e com estas ajudas isso não aconteceria”, explicou, adicionando um exemplo que os Sportinguistas ainda bem se recordarão.
“Dou um exemplo, que não foi comigo mas porque estamos em casa do Sporting CP faz todo o sentido mencionar, que é o célebre golo do Rony, do Paços de Ferreira, com a mão. Em casa todos o percebemos, e mesmo no estádio através dos telemóveis também assim aconteceu, e só quatro desgraçados – e a expressão é mesmo esta – não sabiam que tinham cometido um erro que teria influência no resultado. Qualquer pessoa no vídeo-árbitro teria comunicado a irregularidade e ter-se-ia resolvido um lance importante, até porque teve influência no resultado e depois no campeonato”, concretizou.
No fim das apresentações, uma das questões colocadas aquando da altura em que o microfone circulou pela plateia foi no sentido de entender o porquê da demora na implementação, uma vez que parece ser consensual que todos concordam com a introdução das tecnologias e com as vantagens aí alcançadas. Com alguns clubes cada vez mais activos na procura pela mudança, nos quais o Sporting CP se destaca por ter sido um dos primeiros, Pedro Henriques falou também acerca da vontade dos próprios árbitros.
“Os árbitros no activo estão sempre muito vedados naquilo que são as suas intervenções públicas. O que por norma fazem é manifestar as suas necessidades através da APAF ou do Conselho de Arbitragem. Não é normal ver os árbitros a dizer que querem estas tecnologias, mas posso garantir que qualquer um deles quer as tecnologias que vierem ajudar. Não o podem dizer directamente, mas todos eles são a favor do vídeo-árbitro”, afirmou, concluindo: “Não tenho dúvidas de que os árbitros seriam os mais beneficiados pela entrada das novas tecnologias na arbitragem”.