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Em noite de violinos, é o Sporting CP quem define a melodia

Por Jornal Sporting
29 Jul, 2016

Formaram a linha avançada mais temível do futebol português e ainda hoje são recordados com saudade por todos os Sportinguistas. Os mesmos que este sábado se deslocam a Alvalade para a quinta edição do troféu de homenagem ao quinteto maravilha

"Parece que já os estou a ver. A bola é posta em jogo. Os nossos avançam como leões. Canário recebe a bola e passa a Travassos. Travassos dribla Guilhar e passa a Vasques. Vasques recebe a bola e passa a Albano. Albano passa a Jesus Correia. Jesus Correia centra e Peyroteo, completamente isolado, corre para a área e mete goloooooooo!” A mesa cai, depois de levar um pontapé, e os pratos partem-se todos no chão. “Mas o que foi isto?”, ouve-se na sala de jantar. “Foi o senhor Anastácio a meter um golo”, afirma, sorridente, Filipinho.

A cena, gravada no filme ‘O Leão da Estrela’, em 1947, não deixa ninguém indiferente. Assim como os Cinco Violinos, que levaram Anastácio da Silva, um Sportinguista ferrenho – na figura do actor António Silva –, a deslocar-se até ao Estádio do Lima, no Porto, para assistir ao jogo da final da Taça de Portugal, que os leões venceram na película por 2-1. Se o clássico era pura ficção, gravado na época nos estúdios do Lumiar, já o mito era bem real.

Não há como o negar. Travassos, Albano, Peyroteo, Vasques e Jesus Correia marcaram uma era no Sporting e no futebol português. Jogaram juntos entre 1946 e 1949 e tornaram-se numa autêntica máquina de golos: 215 em 56 jogos. Um registo que dá uma média de 3,83 remates certeiros por jogo. A orquestra, ensaiada por Cândido Oliveira, era de tal forma afinada que só na época de estreia viu Peyroteo apontar 43 golos, sagrando-se o melhor marcador do campeonato (1946/47).

Arte, harmonia, classe, e, sobretudo, recitais de um futebol demolidor com que brindavam os adversários. Uma página dourada na história do Clube, que desde 2012 é homenageada com um torneio de pré-temporada na casa do leão. O Troféu Cinco Violinos já faz parte do ADN Sportinguista. Até porque nunca saiu de casa. Em quatro edições, o Sporting acabou sempre por levantar a taça.

É essa a missão dos rapazes de verde e branco, que este sábado pretendem manter a tendência frente ao Wolfsburgo, o adversário escolhido para marcar presença este ano em Alvalade. A herança é grande, à medida da ambição do leão.

Recuamos até ao dia 12 de Agosto de 2012, mais propriamente até ao embate com o Olympiakos, o primeiro na história da prova, que foi decidido por Elias (1-0), o homem que deu a vitória aos leões de Sá Pinto. No ano seguinte, apenas mudou a lista de marcadores, já que o resultado não sofreu contestação. Três golos de Fredy Montero, André Carrillo e Rúben Semedo obrigaram a Fiorentina a arrumar a viola no saco na viagem de regresso a Itália.

A terceira edição, em 2014, voltou a ter um novo emblema italiano que, apesar de ter dado mais luta, teve o mesmo desfecho. Após o 2-2 registado ao fim de 90 minutos (com golos de André Martins e Adrien), Rui Patrício entrou em cena nos penáltis, para defender dois remates dos jogadores da Lazio. Como os leões não falharam nenhuma tentativa, o 4-2 final nas grandes penalidades resultou em mais um troféu nas galerias do Clube.

O mesmo destino da última edição, frente à Roma, que também serviu de jogo de apresentação. Quando o árbitro Tiago Martins apitou para o fim do encontro, os Sócios e adeptos leoninos só tinham motivos para sorrir. O resultado era animador: 2-0 ao segundo classificado da Série A na época anterior (Slimani e Carlos Mané selaram o triunfo). Prova disso foi a conquista da Supertaça Nacional, uma semana depois, frente ao Benfica (1-0).

Segue-se o Wolfsburgo, conhecido como o ‘lobo verde’, na lista do leão. Que a história se repita e a melodia seja a mesma, ao som dos Cinco Violinos. Os Sportinguistas agradecem.