Rúben Amorim: "Custa-me muito sair daqui"
02 Nov, 2024
Treinador justificou a sua confirmada ida para o Manchester United FC
Após o décimo triunfo em dez jornadas da Liga, feito alcançado na recepção ao CF Estrela da Amadora (5-1), o treinador Rúben Amorim fez o rescaldo da partida em conferência de imprensa, onde abordou também a sua ida para o Manchester United FC – tema dominante numa longa troca de perguntas e respostas no Auditório Artur Agostinho.
“Não gostei muito da nossa exibição”, disse, justificando: “Tivemos alguns bons momentos, mas não a fluidez que costumamos ter. Faltou-nos velocidade, qualidade no passe e controlar a profundidade, que é algo em que vamos sofrer muito contra o Manchester City FC nesse aspecto do jogo”.
Além disso, Amorim admitiu que Gonçalo Inácio foi substituído ao intervalo devido a um “problema da perna” e destacou a exibição de Franco Israel, o qual considerou que esteve “muito bem”, bem como Gyökeres, que “fez a diferença”, acrescentou.
“Ganhámos 5-1 e seguimos em frente, em primeiro no campeonato e rumo ao objectivo”, sentenciou relativamente à vitória em Alvalade.
Rúben Amorim tinha prometido para este momento todos os esclarecimentos quanto à possibilidade de rumar ao emblema inglês, hipótese que acabou por ser confirmada ao final desta manhã por ambos os clubes, e foi mesmo por aí que o técnico começou, abrindo o jogo relativamente à sua decisão de deixar o comando técnico dos Leões.
“No início de época tive uma conversa com o presidente e o [Hugo] Viana e disse que, independentemente do que acontecesse, era a minha última época no Sporting CP. Começámos a fazer uma época muito boa e depois apareceu o Manchester United FC. Pagou acima da cláusula e o presidente [do Sporting CP] defendeu os interesses do Clube. Eu nunca discuti nada com o presidente da negociação”, começou por dizer o técnico, realçando que ao longo do processo só pediu que a ida se desse “no fim da época”.
“Estive três dias a pedir isso, mas foi-me dito que não era possível. Era agora ou nunca, senão iam buscar outra opção. Tive três dias para decidir algo que muda radicalmente a minha vida”, contou Amorim, além de confidenciar que esta “não é a primeira nem a segunda vez” em que um clube se mostrou disponível para ‘bater’ a sua cláusula de rescisão.
“Chegou ao quinto ano [no Sporting CP] e tive de fazer uma escolha”, disse, justificando de seguida as razões que o levaram a aceitar a proposta do Manchester United FC, destacando “o contexto” actual dos red devils como algo “extremamente desafiante”.
“A seguir ao Sporting CP, eu queria aquele [clube]. Quero aquele contexto, porque permite-me fazer as coisas à minha maneira e o clube acredita em mim daquela maneira. É igualzinho ao Sporting CP. Tenho de dar um passos em frente na carreira e custou-me mais a mim do que a qualquer Sportinguista sair”, frisou, continuando: “Sabia que se rejeitasse o clube, daqui a sete meses não o iria ter, e sabia que no fim da época ia sair do Sporting CP. Poderia sentir um arrependimento difícil de lidar. Entre a desilusão de todos os Sportinguistas e arriscar na minha carreira ou esperar pelo fim da época e não ter o único clube que queria e que mexeu comigo. Tive de decidir e decidi”, esclareceu Rúben Amorim, além de realçar que a escolha não foi motivada pela questão financeira. “Eu ganhava três vezes mais com o último clube que quis pagar a minha cláusula”, acrescentou.
“Dei tudo o que tinha pelo Clube e foi um orgulho enorme. Custa-me muito sair daqui, estou muito confortável e sou muito feliz”, garantiu de seguida o ainda treinador dos Leões. A saída efectiva-se apenas na próxima paragem internacional, a 11 de Novembro, e até lá vai liderar o Sporting CP nos embates com Manchester City FC (casa) e SC Braga (fora).
“Tenho de fazer o que o Sporting CP decide. Eu prefiro assim, toda a gente ‘limpa’ e não deixo os jogadores na mão. Era uma grande preocupação. Assim dá-nos uma janela para fecharmos todos os capítulos e eu conheço esta equipa melhor do que ninguém para preparar os dois jogos. São muito importantes, principalmente o de Braga”, apontou, completando: “Fico com todo o gosto. Estou focado no que temos de fazer”.
Ainda sobre a sua decisão, Amorim não escondeu que chegou a mudar “várias vezes de opinião” e contou também qual foi a reacção dos seus jogadores: “Não houve revolta, mas ficaram tristes e ansiosos. Sente-se um ambiente diferente. Criámos muita relação com os jogadores e, por isso, é difícil. Acho que não há como esconder que houve desilusão”.
Além disso, o técnico confirmou também que vai levar também membros da sua equipa técnica para Inglaterra, embora sem especificar quem. “Vou levar o meu staff. Foi sempre uma das condições. Trouxe-os desde o Casa Pia AC e vamos manter isso”, atentou.
Depois, Rúben Amorim abordou também a forma como os adeptos têm reagido à sua iminente mudança, sublinhando que o Sporting CP “foi a melhor fase” da sua vida. “Percebo a desilusão dos adeptos e estarem divididos entre o que fizemos juntos e agora sair a meio de uma época que pode ser histórica”, reconheceu, além de admitir que a “ovação dos adeptos”, na sua subida ao relvado para o jogo, o “surpreendeu um bocadinho”.
Questionado sobre o que ficou por fazer de Leão ao peito, Amorim apontou “à Supertaça perdida de uma forma que marca” e à Taça de Portugal. No entanto, sublinhou a sua “convicção” no Bicampeonato. “O Clube vai seguir em frente e vai continuar a ganhar”, realçou, enaltecendo também o crescimento do qual fez parte até aqui.
“Não foi o treinador que deu isso, foi toda a gente aqui deu essa estabilidade. O clube melhorou em todas as áreas, tal como se melhorou o plantel. Tudo aqui melhorou. Criámos uma família aqui, lançámos muitos jogadores… Parece que me estou a despedir, mas ainda há dois jogos para vencer”, atirou a fechar.