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Foto José Lorvão

Carlos Carneiro em entrevista

Por Sporting CP
03 Set, 2020

Coordenador técnico da formação do andebol respondeu às perguntas da Sporting TV

Carlos Carneiro terminou a carreira de jogador profissional de andebol, com a decisão a ser anunciada na última quarta-feira, tendo assumido as funções de coordenador técnico da formação da modalidade no Sporting Clube de Portugal.

Em entrevista à Sporting TV, o antigo capitão verde e branco falou sobre o passado e o futuro de Leão ao peito.

20 anos de carreira profissional
"A sensação que fica é que foi tudo muito rápido, mas foram 20 anos. Foi muito tempo. Comecei aos 18, já com os seniores e na I Divisão. Foi um percurso com muito sucesso e algumas desilusões, mas sempre com muito orgulho. Parece que passou a correr."

Paixão pelo andebol
"À imagem de todos os miúdos, a minha primeira paixão de infância era o futebol. Inclusivamente, fui captado para jogar futebol no Vitória SC. Depois, devido a várias circunstâncias, não consegui dar seguimento e entrei num grupo de amigos que praticava andebol. A partir daí, sim, foi uma paixão."

Personalidade dentro e fora de campo
"Fora, sempre fui calmo. Dentro, nunca fui. À medida que os anos vão passando vamos tendo mais noção do que se deve fazer ou não. Fica algum sabor amargo em relação a atritos e atitudes que tive nos jogos. Não me revia, mas também não tinha capacidade de pedir desculpa. Amadureci bastante nesse sentido. Tenho 38 anos e era mau sinal se não tivesse essa capacidade."

Decisão de terminar a carreira
"É sempre muito difícil [acabar a carreira]. Não estava previsto ser já, mas a vida leva-nos a tomar decisões. Já tínhamos vindo a falar de forma gradual e era uma questão de tempo. Ficou a hipótese de ficar ligado à modalidade e de poder trabalhar com miúdos, o que gosto. É uma área para a qual estudei. O Sporting CP e a secção de andebol permitiram-me trabalhar nesse sentido, o que minimiza a dor de terminar a carreira de atleta. Algum dia tinha de acontecer. As coisas passam e a vida segue."

Família
"Curiosamente, termino a carreira de jogador de andebol e acabo de ser pai novamente. É algo que nos ajuda a libertar o pensamento do andebol. Antes, era difícil esquecer qualquer derrota quando chegava a casa. A partir do momento em que fui pai, chegava a casa e estava lá o meu filho, que me abraçava e fazia com que esquecesse um bocadinho o jogo. São um suporte, mesmo de forma insconsciente. O objectivo da nossa vida passa a ser trabalhar para dar boas condições de vida e de educação aos filhos."

Aposta do Sporting CP
"Saio [da equipa] completamente preenchido. O passado recente não foi o que desejávamos, mas não pode apagar tudo o que conquistei em tão pouco tempo tendo em conta o meu passado, como atleta, no maior rival do Sporting CP. Vim já numa idade que, em Portugal, não se considera nova. Existiram algumas condicionantes quando vim para cá e até senti dificuldades com alguns adeptos. Tentei-me abstrair ao máximo e dar o meu melhor no campo. Felizmente, conseguimos construir uma equipa que me permitiu ultrapassar essas questões. O Sporting CP construiu uma equipa fantástica e quando se ganhar é tudo mais fácil. (...) Fomos campeões no meu segundo ano, quando me foi dada a braçadeira de capitão. Consegui também a EHF Challenge Cup, que foi muito importante para mim, e o ano em que fomos bicampeões e não demos a mínima hipótese. Saio orgulhoso e preenchido por tudo o que consegui."

Oportunidade de continuar no Sporting CP
"É muito importante porque demonstra que tive a atitude certa e uma boa postura também fora de campo. Fico muito contente por me darem esta oportunidade e por verem em mim alguém capaz e competente."

Ligação emocional ao Sporting CP
"Jogar no Sporting CP foi o maior desafio da minha carreira e o que mais me marcou. Foi na fase final da minha carreira, vinha de um período bastante negativo e criaram-se circunstâncias muito difíceis de ultrapassar. Acabo a carreira a jogar a EHF Champions League com 38 anos. São cinco anos e é impossível ficar indiferente à ligação que se cria com os adeptos. Hoje, tenho relação fora do campo com alguns adeptos do Sporting CP e o meu filho, possivelmente, vai jogar no Sporting CP. É impossível não ficar ligado a um Clube que me deu tanto."

Coordenador técnico da formação
"Tenho algumas coisas que posso ensinar e também vou aprender muito. É uma área de que gosto, ensinar os miúdos. Vou ter um papel abrangente: para além de coordenar todos os escalões, vou avaliar possíveis miúdos que possam ingressar no Clube. Vamos identificar miúdos com talento e vão ser feitos por mim treinos individuais à margem dos treinos colectivos. Depois, vou ter um papel muito importante na fase final da formação - juniores e seniores B. Vou ser o elo de ligação com a equipa técnica da equipa principal. Para mim, mais importante do que ser campeão na formação é formar jogadores o melhor possível para alimentar o plantel sénior. Preocupo-me mais em aproveitar um ou dois jogadores por geração do que ser campeão juvenil ou júnior sem aproveitar nenhum jogador."