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Português, Portugal

Mais que uma equipa

Por Pedro Almeida Cabral
23 Dez, 2021

São um colectivo solidário que interiorizou admiravelmente os conceitos tácticos de Rúben Amorim

Sábado à noite, jogo em Barcelos, numa noite fria, em que só os três pontos interessavam. Quantas e quantas vezes não vimos nós este filme, temendo pelo final? E havia sempre algo a acontecer.  Ou uma arbitragem questionável. Ou um guarda-redes adversário que fazia a noite da vida dele para nunca mais jogar pevide. Ou um daqueles acontecimentos em que o futebol português é pródigo, como um gato a atravessar o campo inesperadamente, impedindo um golo nosso. Talvez aqui fosse um galo, mais apropriado para Barcelos. Mas nada disso aconteceu. Vitória indiscutível do campeão por três bolas nas redes sem nenhuma em resposta. 

A primeira parte do jogo contra o Gil Vicente FC ainda se aproximou do que tantas vezes vimos. Expulsões imprevistas, arbitragem duvidosa e um penálti falhado. Tudo somado obrigou Rúben Amorim a uma recomposição táctica surpreendente, com a saída de Sarabia para entrada de Nuno Santos. O intervalo clarificou o que valia cada uma das equipas e o Sporting CP partiu para uma exibição segura e quase imaculada. Seria Nuno Santos a abrir o livro, em jogada de antecipação, roubando descaradamente a bola a um jogador gilista. Pedro Gonçalves e Gonçalo Inácio em remate do primeiro e desvio do segundo cavaram a distância para dois golos. Seria Daniel Bragança a fechar a contagem, com um golo ao cair do pano, respondendo muito bem a um excepcional trabalho de Paulinho. Foi assim a segunda parte deste jogo: um vendaval Leonino com mentalidade, jogo colectivo e vontade de ganhar. Não foram apenas dez que estiveram em campo. Foi todo o plantel que se aplicou para demonstrar o que vale, pensando todo o tempo na vitória.

E tanta equipa houve que quase passaram despercebidos alguns dos nossos jogadores. O que seria injusto. Destaco alguns. Gonçalo Inácio continua a crescer, com o seu maravilhoso pé esquerdo, rasgando espaços onde ninguém os vê. Gonçalo Esteves joga com o à-vontade de um veterano quando nem maior de idade é. Ugarte continua em desenvolvimento acelerado, sabendo até gerir o jogo como se fosse um experiente centro-campista. Daniel Bragança não passa um jogo sem inventar jogadas só ao alcance de jogadores excepcionais. E, Paulinho, tantas vezes mal dito, só pode deixar indiferente quem não vê os jogos. É um jogador dos pés à cabeça, com excelente posicionamento, drible pronto a usar, passe eficaz e golo por perto. Estes e todos os outros oferecem a quem vê um espectáculo de futebol em que cada peça encaixa nas restantes, compensando desacertos e equilibrando falhas. Bem mais que uma equipa, são um colectivo solidário que interiorizou admiravelmente os conceitos tácticos de Rúben Amorim. Há muito que merecíamos ter uma equipa assim, bem mais que uma equipa.

Andebol Europeu

Por Pedro Almeida Cabral
30 Set, 2021

A julgar pelo andebol jogado nesta eliminatória, estamos no bom caminho.

Há um clube português que tem o melhor palmarés europeu de andebol em Portugal, sendo o único que ganhou dois títulos europeus, duas Taças Challenge. Uma conquistada em 2010, contra os polacos do MMTS Kwidzyn, com uma segunda mão inesquecível no Pavilhão de Almada. E a outra arrecadada em 2017, vencendo confortavelmente os romenos do AHC Potaissa Turda. Também é esse clube que em 1971 chegou a uma meia-final da Taça dos Campeões Europeus, antecessora da actual EHF Champions League. Esse clube é, como não podia deixar de ser, o Sporting Clube de Portugal, onde o andebol tem raízes profundas e adeptos dedicados.

Cada vez que se inicia uma nova época europeia, tenho esperança de que o Sporting CP chegue longe e, quem sabe, surpreenda equipas mais experientes, de países onde o andebol tem um nível competitivo mais elevado. Já aconteceu e pode tornar a acontecer. Anteontem, fomos à Dinamarca alcançar um competente e suado triunfo perante os dinamarqueses do TTH Holstebro por 28-31, na qualificação para a fase de grupos da Liga Europeia. É certo que levávamos de Portugal uma vitória por 31-25, com margem para jogar com mais tranquilidade. Mas os dinamarqueses não iriam propriamente facilitar. E não facilitaram: começaram a todo o gás, com quatro golos sem resposta. O Sporting CP foi reequilibrando na primeira meia hora e conseguimos chegar ao intervalo com apenas um golo de diferença, a perder por 16-15. Muito mérito para Natán Suárez com quatro golos decisivos, vários dos nove metros, com eficácia de 100%. Na segunda parte, a turma Leonina surgiu mais concentrada e a jogar andebol europeu, com o inevitável Carlos Ruesga a desequilibrar, Francisco Tavares a assinalar uma boa partida (quatro golos no jogo, 100% de eficácia), Skok decisivo, com várias defesas, e miúdos como Francisco Costa e André José a mostrarem serviço (cinco golos juntos no jogo).

Segue-se agora o sorteio da Liga Europeia para determinar os grupos da próxima fase da competição. O Sporting CP precisa de rodar a sua equipa em cenário europeu e fazer crescer um plantel jovem e refrescado, com a ambição do nosso novo treinador Ricardo Costa. A julgar pelo andebol jogado nesta eliminatória, estamos no bom caminho.

Super Leoas

Por Pedro Almeida Cabral
02 Set, 2021

Ganhou a equipa que foi mais equipa, habilmente preparada por Mariana Cabral

Há uma primeira vez para tudo. Não costuma suceder é que muitas primeiras vezes sejam sinónimo de tanto sucesso.

O jogo contra o SL Benfica do sábado passado foi o primeiro jogo da época da nossa equipa de futebol feminino. Foi também a primeira competição oficial a ser disputada em 2021/2022, a Supertaça, bem como o primeiro jogo oficial da nossa nova treinadora, Mariana Cabral. Foi igualmente a primeira vez de Brenda Pérez, reforço vindo do Espanyol, e da nova guarda-redes, Doris Bačić, a internacional croata tricampeã pela Juventus. Até foram os primeiros 90 minutos de Diana Silva, regressada do Aston Villa ao nosso Clube, onde vestiu a verde e branca por quatro épocas. Mais. Foi a primeira vez que Sporting CP e SL Benfica se defrontaram na Supertaça em futebol feminino. E, para não variar, com a esclarecedora vitória do Sporting CP por 2-0, foi a primeira vez que um clube conquistou duas vezes o troféu. Porque a nossa equipa o ganhou em 2017, repetindo agora o feito, juntando à Supertaça em futebol masculino, o que nunca tinha o Sporting CP alcançado. Tantas estreias para uma só glória, a nossa.

Desengane-se quem só leia o jogo pelo resultado. O SL Benfica entrou melhor na primeira parte, obrigando Bačić a apertadas e exigentes defesas. As jogadoras benfiquistas bem tentavam de todas maneiras desfeitear a experiente croata. Não contavam era com os reflexos apurados da nossa redes que salvou golos adversários que pareciam certos. Encerradas as Leoas no covil do meio-campo, não encontravam forma de fazer sortidas goleadoras.

A segunda parte tudo mudou, provavelmente depois de palestra certeira da treinadora ao intervalo. O Sporting CP surgiu mais acutilante e atrevido, escalando o terreno junto da baliza encarnada. Diana Silva, numa arrancada pela esquerda, esticou o jogo até à linha de canto e, plena de oportunidade, assistiu Brenda Pérez que, de primeira, fez o seu primeiro golo pelo Sporting CP. Tempo haveria ainda para ver brilhar a prometedora central Carolina Beckert a controlar uma perigosa jogada de ataque benfiquista que podia ter dado em empate. E também para o golo da tranquilidade, nascido num incompleto passe da guarda-redes do SL Benfica, brilhantemente aproveitado num chapéu por Joana Marchão.

Dois golos, um título. E logo perante a equipa campeã portuguesa. Ganhou a equipa que foi mais equipa, integrando reforços, formação e a experiência do nosso plantel, habilmente preparada por Mariana Cabral. Super Leoas para uma Supertaça.Temos toda uma época pela frente para as vermos brilhar.

O Regresso do Campeão

Por Pedro Almeida Cabral
29 Jul, 2021

Se esta acalmia prenuncia sucessos, não é possível adivinhar. Mas que demonstra uma política desportiva consistente e bem pensada, não há dúvida.

Está para breve o regresso do campeão nacional de futebol da época 2020/2021. Mal-habituados a extensas e discutíveis pré-épocas, com crónica instabilidade no plantel, entradas e saídas imprevistas e polémicas várias, as últimas semanas pareceram um mar de tranquilidade. Se esta acalmia prenuncia sucessos, não é possível adivinhar. Mas que demonstra uma política desportiva consistente e bem pensada, não há dúvida. Sobrou tempo para analisar e seguir atentamente os jogos de preparação e tirar algumas conclusões. Cada Sportinguista tirará as suas e eu não sou exceção. Destacaria três reflexões.

Em primeiro lugar, na defesa, afirma-se, prometendo boa época, Gonçalo Inácio. Impressionante exibição contra o Angers, equipa primodivisionária francesa, com a nossa vitória selada por 2-0 também por um golo do jovem jogador. Gonçalo Inácio jogou no meio da defesa, fazendo de Coates, ajudando nas dobras nas laterais com competência e afinco. Já contra o Lyon, na nossa merecida conquista do Troféu Cinco Violinos, não só esteve seguro, limpando diversas jogadas de ataque, como também formoso, ao desencantar o extraordinário passe de meia distância para Pedro Gonçalves, que faz o importantíssimo 2-1.

Uma palavra para Paulinho. Terminou a época passada com menos golo do que ele próprio gostaria. Porém, pelas suas palavras e atitudes, sempre denotou Paulinho uma força mental capaz de se traduzir em campo com prestações com mais qualidade. Esta pré-época mostrou um Paulinho bem desinibido, com seis golos, destacando-se a forma como encheu o último terço no terreno nos dois desafios contra os gauleses. Não só marcou o segundo golo contra o Angers, como, nesse jogo, deu a jogar na frente e recuou quando a equipa estava presa atrás, recusando o papel de mero vadio na parte avançada do terreno. Contra o Lyon, mostrou com eloquência o que pode ser uma bela temporada: dois golos, uma bola ao poste, passes milimétricos para desmarcação e apoios frontais, dando acutilância ao ataque.

Por fim, o que talvez todos os Sportinguistas mais tenham gostado: a segunda parte contra o Lyon em noite de Cinco Violinos, foi uma verdadeira sinfonia. Equipa coesa, intensa, reativa, concentrada, aniquilando a boa equipa do Lyon. Continua forte a influência de Amorim, a exigir tudo o que a equipa pode dar. Só com este domínio avassalador, melhorando drasticamente a ocupação do campo em relação à época anterior, o Sporting CP conseguirá estar mais próximo de ser bem-sucedido nas várias frentes em que terá que lutar. Vem agora a Supertaça contra o SC Braga. E o melhor que podemos dizer é que estamos prontos. Não podíamos pedir mais.

100

Por Pedro Almeida Cabral
01 Jul, 2021

Feliz o cronista Sportinguista destes tempos que nunca tem falta de troféus para alinhavar a sua prosa

Quando, em Novembro de 2018, surgiu a ideia de escrever regularmente crónicas para o Jornal Sporting, não hesitei um segundo. Escrever no mais antigo jornal de clube do mundo sobre o melhor Clube do mundo era uma oportunidade – e, sobretudo, um privilégio – que nunca poderia desperdiçar. Os textos foram-se sucedendo e, sem dar por isso, esta é a centésima vez que escrevinho umas breves linhas sobre a actualidade Sportinguista. Ainda por cima, em edição que sai no 115.º aniversário do Sporting CP. Por isso, perdoem-me a falha de assinalar esta dupla efeméride falando um pouco mais do cronista que as boas regras das crónicas autorizam. Afinal, são dois anos e meio a escrever Sporting CP todas as semanas.

Com um Clube tão atreito a polémicas muitas vezes despropositadas, achei que este cantinho deveria servir para acompanhar e celebrar os feitos da maior potência desportiva nacional. Tudo o que não estivesse relacionado com esforço, dedicação, devoção e glória deveria ficar à porta. Creio que cumpri e que não resvalei para os habituais temas laterais Leoninos, mais próprios da espuma dos dias das redes sociais.

A verdade é que nunca poderia ter cumprido sem o Sporting CP. Logo a abrir, por aqui passou a Taça da Liga de 2019 e a fantástica Taça de Portugal desse mesmo ano, talvez o título mais importante para exorcizar fantasmas desportivos e extradesportivos e fazer ressurgir um Sporting CP vitorioso. Ao que o futebol diz respeito, o melhor ainda viria. E veio mesmo este ano, com nova Taça da Liga e a mais saborosa conquista desde 2002: o nosso 23.º campeonato de futebol, justamente ganho pela equipa mais abnegada, inteligente e concentrada que me lembro de ver jogar no Sporting CP. São quatro títulos em dois anos e meio, à frente dos rivais e do SC Braga.

Não só de futebol respira o Sporting CP. O futsal leva a melhor com sete títulos, entre os quais duas Champions League, a última perante a melhor equipa de futsal do Mundo, o Barcelona. Mas também duas Taças de Portugal e outros troféus que fui dando novas. O hóquei vem logo a seguir com as duas Ligas Europeias, a Taça Continental e um Campeonato. Não podia ficar de fora o basquetebol com o extraordinário campeonato deste ano (e as duas Taças de Portugal), nem o voleibol com uma Taça de Portugal. Houve também tempo e ocasião para falar das conquistas do judo, do atletismo, do ténis de mesa, da natação e do goalball.

Feliz o cronista Sportinguista destes tempos que nunca tem falta de troféus para alinhavar a sua prosa. Resta deixar o meu sentido agradecimento a quem tem embarcado comigo nesta viagem semanal em que procuro estar à altura do ímpeto vencedor e da grandeza do Sporting CP. Obrigado aos Sportinguistas, mas também a leitores de outros clubes que procuram saber mais sobre o Sporting CP. A todos, em dia de aniversário do Sporting CP, a certeza de que a história do Clube é admirável, mas nunca irrepetível. 

O reinado no hóquei voltou

Por Pedro Almeida Cabral
24 Jun, 2021

Este título de Campeão Nacional, a juntar ao bicampeonato europeu de 2019 e 2021, torna esta equipa imortal no hóquei em patins Leonino

Quem sobreviveu ao último lance do último jogo do último Campeonato Nacional de hóquei em patins pode sobreviver a tudo. Faltavam meros oitos segundos para o jogo terminar. O Sporting Clube de Portugal ganhava merecidamente por 6-5 em rinque adversário quando foi assinalado penálti a favor do FC Porto. Era a oportunidade de a equipa nortenha forçar o prolongamento e talvez o quinto e derradeiro jogo no Pavilhão João Rocha. Numa arbitragem pouco criteriosa, o cúmulo foi este penálti, erguido sobre uma falta inexistente de Romero. Todos vimos, todos viram, só mesmo a equipa de arbitragem não viu. Algo vai mal no hóquei em patins quando um jogo desta importância é assolado por uma grande penalidade fantasma à beira do fim.

Frente-a-frente, um dos melhores hoquistas nacionais, Gonçalo Alves, com formação parcialmente feita no Sporting CP e que já tinha durante o jogo desfeiteado Girão por duas vezes em lances de bola parada. Do outro lado, o melhor guarda-redes de hóquei em patins do Mundo, Girão, dono e senhor das redes Leoninas e especialista em atirar bolas paradas para os fundos do rinque. Era o campeonato do Sporting CP que pairava na ponta das luvas de Girão. E o guardião, como habitualmente, não nos falhou. Fez aquele salto com atravessamento em mancha tipicamente ‘gironiano’ que arrumou a questão do título. Os oito segundos que faltaram pareceram o dobro, mas o nono Campeonato Nacional não nos fugiu.

E que campeonato foi este! Intenso e disputado até à última stickada. Mais do que isso, contou com uma fantástica recuperação da nossa equipa. Sensivelmente a meio da prova, perdemos alguns jogos contra candidatos ao título e chegámos a cair para a quarta posição. Acabámos até a fase regular em segundo a quatro pontos do FC Porto e com apenas o terceiro melhor ataque, embora com a melhor defesa. Diz-nos a história das fases a eliminar que normalmente vence o Campeonato quem ganhou a fase regular. Mas não foi isso que sucedeu.  Havia de ser o Sporting CP a precisar somente de quatro jogos para ser campeão, dois deles em casa do rival, onde não se vencia há 44 anos e ganhámos duas vezes consecutivas. Para além de na primeira vitória no Pavilhão João Rocha termos entrado para a segunda parte a perder 2-0, acabando a ganhar 6-3 nos 25 minutos mais bem jogados por uma equipa nacional este ano. Este título de Campeão Nacional, a juntar ao bicampeonato europeu de 2019 e 2021, torna esta equipa imortal no hóquei em patins Leonino, recordando o tetracampeonato de 1975‑1978 e a Taça dos Campeões Europeus de 1977. Reza a canção que o reinado do Sporting CP no hóquei em patins voltaria. E estava certa essa letra. O reinado do Sporting CP já voltou.

 

 

Futsal, uma época mais que perfeita

Por Pedro Almeida Cabral
17 Jun, 2021

Não há palavras que cheguem para descrever a nossa época no futsal. Tudo o que se diga parece ficar aquém do alcançado. Entrando em quatro competições, conquistámos os quatro títulos disputados

Não há palavras que cheguem para descrever a nossa época no futsal. Tudo o que se diga parece ficar aquém do alcançado. Entrando em quatro competições, conquistámos os quatro títulos disputados: Taça de Portugal (da época anterior), Taça da Liga, UEFA Futsal Champions League e Campeonato Nacional. Sempre apresentando excelente futsal e equipas tacticamente superlativas. Um desfile de triunfos que consagra o Sporting CP como o melhor clube europeu de 2021. Aliás, nenhum outro clube ganhou a tantas equipas campeãs este ano. Na UEFA Futsal Champions League, ganhámos, à vez, ao campeão russo, ao campeão espanhol e ao campeão europeu. E, no Campeonato Nacional, fomos campeões destronando o anterior campeão, SL Benfica. Começámos esta época com pouco. Acabámos esta época com tudo.

Para expressar ainda melhor o que fez o nosso futsal, seguem alguns dados esclarecedores. Em toda a época, não perdemos um único jogo no tempo regulamentar. Temos o maior número de golos marcados e o menor número de golos sofridos na fase regular do Campeonato Nacional. Fomos a primeira equipa portuguesa a ganhar o título europeu e o título nacional na mesma época. Inaugurámos um quadruplete inédito: Taça de Portugal, Taça da Liga, UEFA Futsal Champions League e Campeonato Nacional. Ganhámos a Liga dos Campeões de Futsal da UEFA por 4-3 depois de estarmos a perder por 0-2 ao intervalo, numa reviravolta perante o FC Barcelona, a equipa europeia com o maior orçamento e, provavelmente, a melhor equipa do Mundo. Conquistámos o Campeonato ao SL Benfica no campo do adversário e em apenas quatro jogos, nunca estando em dúvida que seríamos campeões. No jogo final, chegámos mesmo a golear o SL Benfica por 6-2. E ao longo da época revelámos um craque, Zicky, e uma grande promessa, Tomás Paçó. Se há perfeição no futsal, em 2021 a época do Sporting CP não foi apenas perfeita. Foi mais que perfeita. Ou, como disse e bem o nosso magnífico treinador Nuno Dias, deve ser mesmo a melhor época de uma equipa de futsal de sempre a nível mundial.

E se há clube que merece esta recompensa em títulos é o Sporting CP. Somos fundadores da modalidade em Portugal, ganhámos o primeiro Campeonato Nacional em 1990 e o nosso futsal sempre combinou formação e experiência. Temos o dobro dos campeonatos nacionais do SL Benfica e somos o único clube português com duas Champions, conquistadas nos últimos três anos. Somos ainda o terceiro clube europeu mais titulado. O esforço, a dedicação e devoção compensam. O glorioso ano de 2021 fica para sempre.

 

P.S. – Um leitor Sportinguista atento leu a crónica anterior sobre o bicampeonato de basquetebol de 1981-1982 e colocou-me uma dúvida. Referi-me aos fabulosos irmãos Baganha sem mais, o que poderia induzir em erro. Os irmãos eram fabulosos e, por isso imortais na história Leonina, mas, contrariamente ao que se poderia concluir, apenas o base Augusto Baganha esteve no cinco do bicampeonato. Adriano Baganha, tendo sido jogador nos anos 60, foi sim treinador do Sporting CP no campeonato de 1981. Fica o esclarecimento.  

 

Ainda o Basquetebol

Por Pedro Almeida Cabral
11 Jun, 2021

Fica o nosso campeonato, 39 anos depois. E a ansiedade para a próxima época. A história nunca se repete. Mas seria muito bonito repetir o bicampeonato 40 anos depois

Na ressaca das melhores semanas de sempre da história do Sporting Clube de Portugal, com a conquista do tão desejado Campeonato Nacional de futebol e das Ligas dos Campeões de futsal e de hóquei em patins, é ainda tempo de falar do enorme triunfo alcançado no basquetebol.

Ao contrário do que se pensa, apesar dos intervalos em que o basquetebol vai surgindo na vasta oferta de modalidades que o eclectismo Leonino oferece aos seus Sócios, esta modalidade tem raízes fundas no Clube. Sempre que tivemos cincos fortes e vencedores, Sócios e adeptos acompanharam o basquetebol Leonino com entusiasmo. Quer nos anos 50, com os primeiros três Campeonatos Nacionais. Quer mais tarde nos anos 60 e anos 70. E, sobretudo, no início dos anos 80, com o bicampeonato de 1981/1982, em que se destacaram os fabulosos irmãos Baganha e os norte‑americanos John Fultz e Mike Carter. Com um historial tão rico, o Sporting CP não podia regressar para passear na quadra. E não passeou. Ganhou o primeiro campeonato após o regresso, juntando às duas Taças de Portugal conquistadas de seguida, a de 2020 e a de 2021. Mais do que voltar à modalidade, o Sporting CP regressou honrando a sua história.

Quem não tenha visto os cinco jogos da fase final contra o FC Porto poderá pensar que se venceu tranquilamente. Nada mais errado. Levar de vencida uma equipa como a do FC Porto, reforçada para a fase final com um extremo da qualidade de Nevels, exigiu do Sporting CP o melhor que o Clube pode dar. Travante, Ventura, Catarino, Ellisor, Smith e Downs assinaram prestações memoráveis. Ganhar um campeonato com tanto mérito só foi possível com esforço intenso, dedicação permanente e devoção absoluta. Foi também esse o sentido do belíssimo discurso do nosso treinador, Luís Magalhães, cujas palavras e maneira de estar não são apenas as de um campeão. São as de um homem experimentado que sabe que a essência do desporto é a superação de nós mesmos e não o ódio e a raiva ao adversário.

Por fim, se houve jogo de basquetebol emocionante nesta temporada, foi o que deu o campeonato ao Sporting CP. Voltas, reviravoltas e ansiedade até ao fim. Já devo ter visto o último minuto desse desafio uma dezena de vezes. Sobretudo os dois pontos de Smith a sete segundos do fim e a desastrada falta do poste Anderson do Porto, que permitiu a Downs fazer o 86‑85 final em lance livre. As lamentáveis cenas no final do jogo e as afirmações destemperadas dos dirigentes portistas não merecem mais do que esta menção. Fica o nosso campeonato, 39 anos depois. E a ansiedade para a próxima época. A história nunca se repete. Mas seria muito bonito repetir o bicampeonato 40 anos depois.

 

Campeões

Por Pedro Almeida Cabral
27 maio, 2021

Quando se diz, e muitos disseram, que o Clube definhava quase irreversivelmente, a festa Sportinguista deixou ver inúmeros jovens que ou não se lembravam ou ainda não haviam nascido no último campeonato

Passam dias e dias, mas o sentimento de orgulho permanece. O Sporting Clube de Portugal foi o justo vencedor do Campeonato Nacional de futebol da época 2020‑2021. O país vestiu‑se de verde e branco como há muito não se via e celebrou, de forma algo contida devido à pandemia, o título que já nos escapava há quase vinte anos.

Ao que às celebrações diz respeito, dois factos chamam a atenção. O primeiro é a acentuada juventude de muitos daqueles que fizeram seu este título. Quando se diz, e muitos disseram, que o Clube definhava quase irreversivelmente, a festa Sportinguista deixou ver inúmeros jovens que ou não se lembravam ou ainda não haviam nascido no último campeonato. Nenhum Clube vive sem a renovação dos seus adeptos. Não somos excepção. Porém, pelo que se viu, o futuro do Sporting CP está mais do que garantido. O segundo facto, talvez surpreendente para muita gente, foi a dimensão dos festejos em Moçambique. Por obrigação profissional tenho viajado muitas vezes para esse país. E fiquei a conhecer a fabulosa história do Clube em terras moçambicanas, onde temos profundas raízes. Até há bem pouco tempo, a esmagadora maioria dos moçambicanos que seguem o futebol português eram do Sporting CP, deixando bem para trás os nossos rivais. Ainda hoje isso é visível, nos nossos núcleos em Maputo, no sul, e em Pemba, no extremo norte, que não têm igual dos nossos adversários. Não foi por acaso que no penúltimo jogo do campeonato, os nossos jogadores envergaram camisolas com Cabo Delgado nas costas. Forma de chamar a atenção para o drama vivido nessa província de Moçambique, mas também de homenagear a sólida ligação do país ao Sporting CP.

Arrumadas as canas, podemos dizer que a festa foi muito bonita. Não podemos é voltar a estar tanto tempo sem fazê‑la. A dimensão nacional do Sporting CP impõe que o campeonato seja verde e branco mais vezes. Desejar não chega. Pensar ainda menos. O sucesso não resulta da aspiração emocional ou da guerra permanente. Mas sim do trabalho afincado da estrutura de futebol, que tantas vezes foi maldita sem razão, de uma direcção estável e com o pensamento no Clube, de uma comunicação dirigida a Sócios e adeptos e da rejeição vincada de polémicas e discussões estéreis. Respeitando esta fórmula, estaremos sempre muito perto de ser aquilo que queremos: ser campeões novamente.

 

Dias de Sporting

Por Pedro Almeida Cabral
21 maio, 2021

(...) Tudo isto é Sporting CP. Nada disto é de outros. É nosso e nosso há-de ser. E se aconteceu uma vez, com os valores do Sporting CP, pode acontecer muitas mais

Vivemos os melhores dias. Aqueles que nos fazem mais felizes. Autênticos dias de Sporting CP. Todos os dias são dias de Sporting CP. Sobretudo quando as nossas equipas entram em campo ou numa quadra, em qualquer pavilhão. Ou quando os nossos atletas estão numa pista, numa estrada, numa piscina ou seja onde for. Mas estes dias têm sido ainda mais especiais. Porque, muito para além dos títulos, equipas e atletas têm sido magistrais intérpretes dos valores mais profundos do Sportinguismo. Daqueles valores que são a verdadeira essência do Clube. E que são a principal razão de o Sporting Clube de Portugal ter, ao cabo de mais de um século, uma vitalidade e uma paixão muito difíceis de igualar, tanto em Portugal como no resto da Europa.

Maio tem mais encanto vestido de verde e branco. É assim que tem passado este glorioso mês. Primeiro, com a conquista da final da Liga de Campeões em futsal. Depois, com a conquista do Campeonato Nacional de futebol. E, finalmente, com o Campeonato Europeu de hóquei em patins. São três títulos a amealhar ao vasto pecúlio do Sporting CP. Pela sua importância, poderiam ser apenas mais três troféus. Só que, em todos eles, há manifestações de Sportinguismo que não podemos esquecer e das quais nos devemos orgulhar.

Partimos nas três competições como afastados dos títulos. Acabámos campeões. Começámos sempre com intensas dúvidas sobre até onde poderíamos ir. Terminámos em glória. E sempre com a atitude competitiva certa, combinando concentração, abnegação e fome de vencer. Se cada um dos títulos tem um momento, serão o oportuno golo de Zicky na final contra o FC Barcelona, o magnífico tento de Matheus Nunes no decisivo jogo contra o SC Braga e o livre directo convertido em cheio por Romero contra o FC Porto.

Mais revelador do que estes instantes extraordinários é a fórmula da vitória. Porque foi sempre a mesma. E porque é a fórmula do Sporting CP. Treinadores excepcionais, árduo trabalho de preparação, estrutura e direcção estáveis e focadas em títulos, aversão completa a polémicas estéreis fora do campo de jogo, todo o palco das emoções para os atletas, colectivos mais fortes do que a soma de todos os jogadores e uma magnífica e envolvente comunicação do dia-a-dia do Clube. A magia aconteceu. E por muitas vezes. Foi assim que fomos Campeões Nacionais de futebol 19 anos depois. E que fizemos uma caminhada imaculada no Campeonato, com apenas uma (ressacada) derrota. Também foi por isso que Pote acabou com a Bola de Prata, com 23 golos. Ou que vencemos o FC Barcelona, com orçamento imensamente superior, num feito desportivo assinalável. Ou ainda que fomos a primeira equipa portuguesa a conquistar o bicampeonato europeu de hóquei em patins. Tudo isto é Sporting CP. Nada disto é de outros. É nosso e nosso há-de ser. E se aconteceu uma vez, com os valores do Sporting CP, pode acontecer muitas mais.

 

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