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Português, Portugal

Clássico nas Antas

Por Pedro Almeida Cabral
25 Fev, 2021

(...) Como tanta coisa que passa, esta caduca maneira de estar do FC Porto passará também. Que ganhe o melhor e que o melhor seja o Sporting CP

À medida que se aproxima um dos clássicos do futebol português, o jogo contra o FC Porto no Dragão, recordo‑me quando ia ao antigo Estádio das Antas ver a nossa equipa, ainda nos anos 90 do século passado. A preparação era exigente. Arranjar bilhete, o que nem sempre era fácil, garantir transporte (gasolina repartida por todos, claro) e abalar estrada fora, evitando portagens, com camisolas e cachecóis pendurados nas janelas do carro. O mais importante era ter a certeza que se ia em número suficiente para não ser apanhado sozinho nas imediações das Antas. Os tempos eram outros. Os estádios antigos, o policiamento insuficiente, as cenas de violência habituais e todo o cuidado era pouco. Mesmo com algumas peripécias, umas quantas perigosas, fui muitas vezes às Antas. E lembro‑me bem da mais saborosa, ali por 1997, quando ganhámos por 2‑1, golos de Beto e Pedro Barbosa. 

O clássico que se avizinha parece outra coisa. Não terá público, não haverá viagens para o Dragão e nem com amigos se poderá ver em casa ou num núcleo do Sporting CP. Também há outras diferenças. A equipa do Sporting Clube de Portugal jogará num corajoso esquema de três centrais e alinhará, provavelmente, com o maior número de jogadores da formação do Clube em clássicos. Aliás, como cerca de 75% do plantel do Sporting CP é de origem nacional, será também uma das equipas mais portuguesas do Sporting CP nos últimos anos. Outra diferença importante é que Rúben Amorim terá o discurso certo de antevisão ao jogo. Sem desvalorizar o adversário, elevando os nossos jogadores e a falar do futebol como gostamos de ouvir. Já para não mencionar a vantagem pontual de dez pontos, invulgar para o Sporting CP em décadas.

Infelizmente, também há coisas que não mudam. Há um certo ambiente, com tentativas canhestras de condicionamento arbitral, que é tirado a papel químico de qualquer clássico dos anos 90. Ainda há poucos dias, estava o FC Porto a colocar tarjas no estádio a dizer “Basta” e Pinto da Costa quase a velar ameaças contra os árbitros. Junte‑se a isto o banco do FC Porto em arruaça permanente nos 90 minutos e o hábito do FC Porto de pôr jogadores a discutir lances banais como se estivessem a jogar o último minuto da final da Champions. Fechando os olhos, é, sem tirar nem pôr, como estar no velhinho Estádio das Antas. Mas os tempos mudaram. Estas anacrónicas estratégias têm os dias contados, assentam numa diabolização do adversário e, cada vez mais, quando comparadas com a vivência do futebol nas melhores ligas europeias, parecem algo medieval. Como tanta coisa que passa, esta caduca maneira de estar do FC Porto passará também. Que ganhe o melhor e que o melhor seja o Sporting CP.

 

Carta a Coates

Por Pedro Almeida Cabral
11 Fev, 2021

(...) Haver jogadores tão humanos como tu que nos mostram como são e como sentem é bem maior que os meros 90 minutos de um jogo. Desejo e desejamos-te força. Também por isto, obrigado Capitão

Caro Seba, escrevo-te momentos depois do nosso encontro com o Gil Vicente FC. Foi um jogo difícil e intenso. Na primeira parte, sofremos bastante. Ainda não tinha passado um quarto de hora e foste, uma vez mais, imperial num corte na nossa grande área. Nos segundos 45 minutos, devemos-te a vitória. Aonde foste tu rematar e cabecear para os dois golos, fomos todos celebrar. Há quem fale em estrelinhas, como se o futebol fosse de deitar sortes. Mas também há quem veja o óbvio: o Sporting Clube de Portugal lutou, e lutou com discernimento, fazendo por merecer a reviravolta até ao apito final.

Lembro-me quando chegaste ao Sporting CP vindo da Premier League há cinco anos. A necessidade de ter um central com as tuas características era premente. Do empréstimo pelo Sunderland AFC à permanência no Sporting CP foi um ápice. As épocas foram passando e és hoje o jogador mais antigo do plantel. A braçadeira de capitão assenta-te bem. Pela experiência e pela alma com que vestes a camisola verde e branca. Isso bastaria para seres a voz da equipa em campo. Só que se vai revelando algo mais. Depois de uma temporada com algum azar, regressaste para o que está a ser a tua melhor época no Sporting CP. Outros poderiam ter-se deixado abalar. Ao contrário de ti, que jogas agora com posicionamento impecável e fabulosos cortes milimétricos, comandando toda a linha defensiva no exigente esquema de três centrais de Rúben Amorim. Ainda arranjas tempo para investir na frente, com cinco golos marcados, a um do teu máximo de seis numa época, quando faltam 16 jogos. Não tens só a braçadeira do capitão. És o Capitão. O que é completamente diferente. 

Vimos as tuas emocionadas declarações após o jogo com o Gil Vicente FC. Sabemos as razões. Perder um amigo tão novo da maneira que foi é duro. Partilhá-lo da maneira que fizeste ainda mais. Mas esse é o principal motivo que me levou a escrever-te. O futebol é demasiado importante para ser apenas futebol. A amizade, o respeito, a superação e o esforço são aquilo que o futebol nos permite perceber melhor. Haver jogadores tão humanos como tu que nos mostram como são e como sentem é bem maior que os meros 90 minutos de um jogo. Desejo e desejamos-te força. Também por isto, obrigado Capitão. Saudações Leoninas.

 

Jogo a jogo

Por Pedro Almeida Cabral
04 Fev, 2021

(...) há uma entrega, um empenho e um esforço que, combinados com a alegria confiante dos nossos jogadores, tornam este Sporting CP um adversário temível

Jogo a jogo, vai ganhando o Sporting Clube de Portugal pontos para o campeonato. À beira de terminar a primeira volta – falta apenas o jogo com o CS Marítimo na Madeira –, comanda o Sporting CP com 42 pontos, mais quatro que o FC Porto e mais nove que o SC Braga e que o SL Benfica. A última partida, contra o SL Benfica, nunca seria apenas o jogo da 16.ª jornada. Pelo que rodeia este dérbi, há sempre algo mais em causa. Mas a vitória valeu os três pontos de sempre. E nada mudou no topo, a vantagem do Sporting CP face ao FC Porto continua a ser de quatro pontos, havendo ainda muito campeonato para jogar.

Ainda assim, não podemos perder de vista o significado desta vitória. Os recordes existem para ser batidos. E os resultados negativos também. Há nove anos que o Sporting CP não levava de vencida o SL Benfica em casa para o campeonato. A última vez tinha sido em 2012, com um golo solitário marcado por Wolfswinkel. Nove longos anos! Nunca poderá o Sporting CP aspirar a grandes voos passando tanto tempo sem conquistar três pontos em casa a um dos crónicos candidatos ao título. Encerra-se um ciclo negativo, que esperemos que nunca mais se repita.

Para além da vitória, há algo neste Sporting CP que nos agarra. As equipas jogaram sempre encaixadas, não dispondo de grandes oportunidades, nem havendo rasgos individuais. Só que há uma entrega, um empenho e um esforço que, combinados com a alegria confiante dos nossos jogadores, tornam este Sporting CP um adversário temível. O golo de Matheus Nunes conta esta história. No final do jogo, com o SL Benfica com as linhas subidas, adivinhava-se uns últimos minutos sufocantes para a equipa Leonina. Não foi assim. Em insistência e em crença, a equipa do Sporting CP subiu até onde pôde e seria Matheus Nunes a finalizar com grande oportunidade o único golo da partida. O mesmo Matheus Nunes que chamado a substituir Palhinha, que quase não jogou pelas confusões do Conselho de Disciplina da Federação (o que fica para outra crónica), soube estar à altura do desafio. São jogos como este que demonstram que vale sempre a pena lutar olhos nos olhos com qualquer adversário. E é com esta atitude que o Sporting CP continuará a entrar em campo, jogo a jogo, até ao fim do campeonato.

 

Taça Ligada ao Sporting CP

Por Pedro Almeida Cabral
28 Jan, 2021

(...) o Sporting CP parece estar mais alinhado com a terceira prova do futebol português: nos últimos quatro anos, trouxemos a Taça da Liga para o Museu por três ocasiões

Chegar, jogar e vencer. Foi esta a história do Sporting CP na mais recente edição da Taça da Liga. Em 180 minutos se fizeram dois jogos e se derrotaram duas das actuais melhores equipas do futebol português. Primeiro FC Porto, com dois tiros de Jovane Cabral, e depois SC Braga, numa final plena de paciência e oportunidade, com um magnífico golo de Porro. Foi a terceira Taça da Liga do Sporting CP. Passámos a ser o segundo Clube com mais vitórias na competição. Depois das duas finais perdidas nas primeiras duas edições, o Sporting CP parece estar mais alinhado com a terceira prova do futebol português: nos últimos quatro anos, trouxemos a Taça da Liga para o Museu por três ocasiões.

Rúben Amorim bem avisou que tinha estrela. O que talvez não esperássemos é que brilhasse tanto. A primeira parte da final com o SC Braga jogou‑se num terreno completamente encharcado. Passes errados, bola sem rolar e jogadas grotescas. O despique físico predominava, sobrando pouco para o futebol. No final da primeira parte, quando se esperava que a igualdade não iria ser desfeita, apareceu Gonçalo Inácio. Já se sabe que este jovem central (de apenas 19 anos) tem um acerto no passe invulgar, pontuando sempre o seu jogo com desmarcações de mais de meio‑campo. A sua primorosa assistência para Porro permitiu ao espanhol marcar o único golo do jogo, num espectacular remate cruzado, que nos viria a dar a vitória. A segunda parte foi diferente. A chuva parou e já se pôde jogar com mais condições. Os bracarenses tentaram, tentaram, mas Coates cortou o que havia para cortar, Palhinha destruiu o jogo que havia para destruir e Adán defendeu o que havia para defender. Assenta bem a Taça da Liga a este Sporting CP lutador, paciente e sereno.

Entrámos para a Taça da Liga como perdedores anunciados, saímos como vencedores incontestados. Começámos os dois jogos com vários atletas jovens e inexperientes, saímos com jogadores que conquistaram um título. Este Sporting CP vai fazendo o seu caminho, entrando em todos jogos para ganhar. E é assim que deve ser e tem que ser no Sporting CP.

 

Falsos positivos

Por Pedro Almeida Cabral
21 Jan, 2021

Os Sportinguistas estão habituados a todo o tipo de coincidências, más interpretações e alinhamentos cósmicos que parece só acontecerem ao Sporting CP. Mas há limites

Queria dedicar esta crónica à magnífica exibição que o Sporting CP fez perante o FC Porto na meia-final da Taça da Liga. Num jogo mastigado, decidido pela inspiração de Jovane Cabral (um apelido mágico, claro está) e pela superior leitura de Rúben Amorim, deveria ser o jogo e só o jogo que importaria. Infelizmente, é impossível passar ao lado dos graves acontecimentos que condicionaram a nossa equipa de futebol.

Recapitulando. Nuno Mendes e Šporar, dois jogadores que têm sido peças fundamentais no esquema táctico de Rúben Amorim, testaram positivo para a doença infecciosa COVID-19. Porém, através de testagem subsequente, verificou-se que se tratavam de “falsos positivos” e que, portanto, não estavam infectados. Desde o início da pandemia que este é um fenómeno estudado. Os testes não têm uma fiabilidade 100% garantida. Mas como é que se detectou que eram “falsos positivos”? Talvez tenha passado despercebido no vendaval de intervenções propagandísticas alimentadas pelo FC Porto. Mas a verdade é que Nuno Mendes e Šporar foram submetidos a quatro testes adicionais – dois PCR e dois antigénio – que confirmaram que os jogadores não estavam infectados. O próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teve um teste que foi um “falso positivo”, desmentido por dois testes PCR posteriores, tendo o assunto ficado arrumado e o Presidente prosseguido em campanha eleitoral.

A partir daqui, começam as perplexidades que passo a enumerar. Primeira: o FC Porto, através do inefável Francisco J. Marques, disparou um conjunto de afirmações falsas e alarmistas pondo em causa a integridade do Sporting CP. Nada de novo, mas não deixa de ser surpreendente. Segunda: Nuno Mendes nunca esteve inscrito no sistema de alerta para doentes infectados. Porquê? Terceira: a Autoridade Regional de Saúde permitiu que os jogadores treinassem, mas a Direcção-Geral de Saúde contrariou esta posição e passou a exigir um obscuro documento em que o laboratório assumisse que tinha havido um erro. Incompreensível. Quarta: o laboratório não respondeu, quedou mudo perante os factos, e os jogadores acabaram por não defrontar o FC Porto. É este o rigoroso método de testagem contratado pela Liga?

Os Sportinguistas estão habituados a todo o tipo de coincidências, más interpretações e alinhamentos cósmicos que parece só acontecerem ao Sporting CP. Mas há limites. As instituições públicas devem assumir as suas responsabilidades, a avaliação clínica dos jogadores deve ser rigorosa e transparente e os critérios seguidos ser únicos e científicos. Esperemos que assim suceda e que Nuno Mendes e Šporar possam alinhar na final da Taça da Liga, pondo fim a esta história mal contada.

 

Febre amarela

Por Pedro Almeida Cabral
24 Dez, 2020

Não é justo que o Sporting CP tenha de jogar a gerir vários jogos ao mesmo tempo. Esta autêntica febre amarela deve descer para que todos joguem em pé de igualdade

Foi épica a vitória do Sporting CP contra o SC Farense. Contra uma equipa aferrolhada, valeu a insistência e a garra de acreditar até ao fim. Muito se falou do penálti de Defendi, o guardião da equipa algarvia, mas sem qualquer razão. Como já havia demonstrado na primeira parte, Defendi sai-se de entre postes com algum afoito. Naquela jogada, foi só mais uma investida descuidada. Desabridamente lá foi ele de braço esticado e punho erguido, qual manifestante em parada política, acertando em quem viesse. Bola ou jogador, tanto fazia. Primeiro a bola e depois a cabeça do pobre Feddal foram corridos a soco, ficando o marroquino a fazer gelo no balneário. Se isto não fosse penálti, os avançados do Sporting CP teriam que passar a andar de capacete em campo. Nada que não possa vir a acontecer, atenção.

Três pontos ganhos, o Sportinguista faz a habitual contagem dos cartões amarelos. Foram mais quatro. Nos dez jogos do campeonato até agora disputados, o Sporting CP tem até um jogo em que viu seis amarelos. Noutros dois jogos, vimos cinco amarelos, também noutros dois, quatro amarelos e, por fim, num outro jogo três amarelos. Não sendo uma equipa indisciplinada, este critério parece demasiado largo. Na dúvida, amarelo para o Sporting CP. Aliás, ainda está por explicar o amarelo mostrado a Nuno Santos após o final do jogo contra o SC Farense. Diz-se que o jogador leonino provocou a equipa adversária. Já vi as imagens uma dúzia de vezes e a única provocação que consigo ver é ao Nuno Santos, que nada fez para ser admoestado.  

Este exagero disciplinar desequilibra o campeonato, prejudica a competitividade e conduz a disparidades absurdas. É que até agora o SL Benfica, o FC Porto e o SC Braga têm, respectivamente, 19, 18 e 17 cartões amarelos, tendo o Sporting CP 31. Não se percebe esta contabilidade, sobretudo quando se conhece o estilo aguerrido de jogo de cada uma dessas equipas. Já temos quatro jogadores em risco de exclusão por um jogo, com quatro amarelos: Coates, Palhinha, Nuno Santos e Feddal. Continuando com as comparações, o FC Porto e o SC Braga não têm nenhum e o SL Benfica tem apenas um. No próximo domingo, jogamos contra a B SAD claramente condicionados, também a pensar no jogo seguinte com o SC Braga. Não é justo que o Sporting CP tenha de jogar a gerir vários jogos ao mesmo tempo. Esta autêntica febre amarela deve descer para que todos joguem em pé de igualdade.

 

Resposta

Por Pedro Almeida Cabral
17 Dez, 2020

(...) Segue o Sporting CP a resistir a tudo e todos, e a responder como todos os Sportinguistas querem

Parada e resposta. Depois do injusto e mal digerido empate em Famalicão, em que, não é demais repetir, foi marcado um golo inteiramente limpo por Coates, o Sporting CP deu uma resposta a todos os que põem em causa a valia da equipa. Em campo e fora dele.

Não se avizinhava uma semana fácil. Fantasmas de épocas passadas começaram a pairar sobre Alvalade. São décadas de experiência em erros grosseiros e decisões incompreensíveis. Também isso explica a onda espontânea que se gerou. Houve uma partilha genuína e convencida das palavras de ordem lançadas pelo treinador do Sporting CP. Onde vai um, vão todos. Onde foi um, foram mesmo todos. E foi bonito ver nas redes sociais e por todo o lado a adesão a esta campanha de apoio à equipa de futebol, que culminou com a escolta à equipa por centenas de adeptos na ida de Alcochete para Alvalade antes do jogo contra o FC Paços de Ferreira, a contar para a Taça de Portugal.

Contra o FC Paços de Ferreira, demos muito mais do que uma mera resposta. Foi uma das melhores exibições dos últimos anos. Intensidade a todo o tempo. Esclarecimento táctico. Acerto e rigor defensivo. Aproveitamento de oportunidades. Tudo factores que tiveram como consequências três grandes golos, perante um FC Paços de Ferreira que ainda não havia sofrido tantos tentos. O primeiro é um primor. Coates lança bola alta, Nuno Santos subtilmente cabeceia para Tiago Tomás que, velozmente, arranca em direcção à baliza adversária e, com o seu pé esquerdo, ele que não é canhoto, fuzila com um remate colocadíssimo. Destaco a excelente leitura do lance por Nuno Santos. Mal Coates se preparava para estender a bola longa, Nuno Santos faz sinal a TT para se adiantar, preparando a sua desmarcação. Proveitoso entendimento colectivo e boas execuções individuais fazem jogadas como esta, que ficarão nas memórias das conversas de Sócios e adeptos. Tabata reservou o seu lugar no 11 com um jogo com olhos pregados na baliza e um golão em arco de belo efeito. Palhinha fechou a contagem em cabeceamento oportuno, demonstrando a sua valia nas alturas.

Já esta semana, a resposta continuou também num jogo de Taça, mas esta a da Liga. Leão de segundas linhas que tudo fizeram para jogar como as primeiras. Plata, Inácio e Bragança prometem fazer muito estrago nesta época, a merecerem claramente mais oportunidades. Segue o Sporting CP a resistir a tudo e todos, e a responder como todos os Sportinguistas querem.

 

A bola não é redonda

Por Pedro Almeida Cabral
10 Dez, 2020

(...) Espera-se que a bola seja mesmo redonda para o Sporting CP e que se acabem, de vez, as irritantes arestas que fazem a bola não entrar na baliza adversária quando devia

O futebol é jogo de 11 contra 11. No final, discute-se a arbitragem. Poderia ser esta a descrição do futebol português, sempre enredado em decisões polémicas, jogadas mal apitadas e lances que ficam na memória por nefastas razões. Contra o FC Famalicão, ficámos empatados com um golo inexplicavelmente invalidado nos momentos finais. Não foi a melhor exibição do Sporting CP. Um penálti falhado, algum ímpeto escusado nalgumas entradas e desatenções defensivas assim o ditam. Mas a verdade, e isto deve ser sublinhado a marcador verde florescente, é que a prestação do Sporting CP chegava para trazer os três pontos no autocarro oficial do Clube.

O que vimos foi uma arbitragem descuidada, tendenciosa e sem critério válido. Não interessa falarmos só no golo erradamente anulado a Coates. Isso reduz a análise a um lance, ocorrido em escassos segundos. É preciso ver todo o jogo. Há muito por onde escolher. Desde a simulação inexistente que dá o primeiro amarelo a Pote, a uma verdadeira simulação de um jogador do FC Famalicão que não foi amarelada, à exagerada expulsão de Pote, que apenas fez duas faltas em todo o jogo, ao grosseiro penálti sobre João Mário que não foi assinalado, ao amarelo por pisão a Palhinha que ficou no bolso, aos amarelos variados por mostrar a jogadores do FC Famalicão e ao incompreensível amarelo a Nuno Santos. Deixo o melhor para o fim: o golo de Coates é limpo por não haver contacto intenso o suficiente para atrapalhar o guarda-redes famalicense, que, de resto, se saiu mal ao lance. O VAR interveio sem razão, pois a jogada não suscita dúvidas, tendo até Luís Godinho validado o golo de imediato. Não houve uso do VAR, houve abuso do VAR, à cata de razão para não haver golo.  

O que se passou a seguir é de deixar qualquer um arrepiado. O Conselho de Arbitragem reage em menos de meia hora para validar o resultado. Coisa nunca vista e que deixa fundadas dúvidas sobre as motivações da actuação deste organismo. Os comentadores de arbitragem, todos eles ex-árbitros, defendem quase todas as decisões de Luís Godinho e, mesmo quando reconhecem um erro ou outro, dão nota máxima. Só faltou propor o árbitro para comenda de arbitragem a atribuir pelo Presidente da República. Ainda não refeitos desta celebração de Luís Godinho, vemos a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol anunciar queixas e processos em barda. Tanta reacção para tão desequilibrada arbitragem impressiona. Erros destes não se podem repetir e o Sporting CP não pode tornar a ser prejudicado desta forma. Espera-se que a bola seja mesmo redonda para o Sporting CP e que se acabem, de vez, as irritantes arestas que fazem a bola não entrar na baliza adversária quando devia.

 

Ganhar à Sporting CP

Por Pedro Almeida Cabral
26 Nov, 2020

(...) a cedência da nossa receita televisiva ao SG Sacavenense é uma atitude que deve encher de orgulho Sócios e adeptos e que faz parte desta vitória à Sporting CP

Há muitas maneiras de ganhar. Podemos ganhar bem a jogar mal. Ou ganhar mal a jogar bem. Toque de bola, fintas estonteantes e assistências primorosas não garantem golos. E, por vezes, ressaltos desencontrados, desmarcações por acaso e sobras inesperadas conduzem à vitória. Ganhar é sempre ganhar. Nem que seja por meio golo a zero. Porém, há uma forma de ganhar melhor que todas as outras. Porque envolve jogar espectacularmente, respeito pelo adversário, compromisso competitivo em todo o tempo de jogo e mãos cheias de golos. Foi o que sucedeu no jogo da Taça com o SG Sacavenense, com vitória à Sporting CP por 7-1.

A Taça é uma competição especial. Há um reencontro com o futebol de outros tempos, em que o desporto se vestia com um equipamento mais amador e era assente nas colectividades. O SG Sacavenense, para quem viva na Grande Lisboa, dispensa apresentações. Fundado em 1910, com futebol desde 1911, sempre foi uma escola de iniciação na zona norte da capital. Não é por acaso que um dos nossos jogadores preponderantes nesta época, João Palhinha, fez parte da sua formação no SG Sacavenense. Ou que o Sporting CP sempre teve ligações estreitas com o clube de Sacavém.

O Sporting CP entrou no jogo para ganhar. Mas mais do que isso. Entrou no jogo para respeitar o adversário. Sem presunções, nem sobrancerias, colocando uma equipa, onde muitos jogadores trabalham durante o dia, ao nível da equipa profissional do Sporting CP. Esta era a melhor homenagem que o Sporting CP podia fazer ao centenário SG Sacavenense. E não ficou por aí. Consciente que não há verdadeiro futebol sem entreajuda, solidariedade e clubes formadores, a cedência da nossa receita televisiva ao SG Sacavenense é uma atitude que deve encher de orgulho Sócios e adeptos e que faz parte desta vitória à Sporting CP.  

Dos sete golos, fica o veloz Nuno Santos, um jogador que cada vez mais se revela uma aquisição acertadíssima, com um golo e duas assistências, Coates, nas alturas, a marcar dois oportunos golos, e Pedro Marques, a mostrar que o seu faro pelo golo – marcou dois golos em 18 minutos e por pouco não fez o hat trick – ainda poderá fazer muito estrago esta época. Maravilhoso Sporting CP, a ganhar à Sporting CP no Jamor, onde mora a final da Taça onde queremos estar.

 

Efeito Capeta

Por Pedro Almeida Cabral
19 Nov, 2020

Capeta, jogadora enamorada pela baliza adversária, já várias vezes foi determinante no sucesso da nossa equipa de futebol feminino

Raramente escrevi esta crónica destacando uma jogadora ou um jogador. Por uma simples razão. A maioria dos desportos praticados no Sporting CP são colectivos e dependem muito mais do jogo conjunto do que da inspiração individual. Mas se se pode falar numa regra desta escrita, é porque há lugar para a excepção. E essa merece-a inteiramente a nossa Ana Capeta, uma avançada, que vagueia bem lá na frente, onde quer que haja oportunidade para fazer golo. Foi sobretudo graças a ela que levámos de vencida o SL Benfica no primeiro dérbi da época. Dobrou Capeta em dois golos de belo efeito e ajudou a construir uma vitória importante para que o Sporting CP recupere o título de campeão, que não é nosso desde 2018.

Este campeonato arrancou perro. Confesso que não sou grande entusiasta desta Liga com duas zonas geográficas. Talvez a intenção seja potenciar uma fase final mais disputada. Mas o resultado tem sido uma fase inicial pouco interessante. Também por isso aguardava o jogo de sábado com expectativa, contra o adversário de maior calibre desta fase. O Sporting CP apresentou-se mais compacto do que na época passada e com o jogo mais controlado. O primeiro golo, para ver e rever, é ainda na primeira parte, um tiro portentoso, ao alcance de poucos pés direitos dos campeonatos nacionais (incluindo masculinos). Pura arte em movimento. Na segunda parte, Capeta repetiria a dose com um remate cruzado em força para o fundo da baliza benfiquista. Raquel Fernandes fecharia a contagem com uma excelente desmarcação e finalização à matadora. Vitória categórica frente a um dos candidatos ao título com exibição convincente. Não se pode pedir mais.

Capeta, jogadora enamorada pela baliza adversária, já várias vezes foi determinante no sucesso da nossa equipa de futebol feminino. Sportinguista não esquece do golo marcado contra o SC Braga no campeonato de 2018, um remate em arco em jeito tipicamente capetiano, mesmo a fechar a partida. Como também se lembra do golo de Capeta que nos valeu a Taça de 2017. Ou dos três golos que levaram para o Museu a Supertaça também de 2017. Há um efeito Capeta que resolve jogos e que, juntamente, com toda a nossa equipa orientada por Susana Cova, esperemos que dê títulos nesta época.

 

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