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Português, Portugal

Pausa

Por Pedro Almeida Cabral
12 Nov, 2020

A longa caminhada do campeonato ainda agora começou. Falta muito futebol. Mas há algo que podemos dar como assente: este é o Sporting CP que Sócios e adeptos querem ver jogar

Aproveitando a pausa para os jogos das selecções, é altura de fazer um balanço do percurso da nossa equipa no campeonato. Sete jogos disputados e o Sporting CP lidera a classificação com seis vitórias e um empate contra o FC Porto. É a equipa que mais vezes marcou, com 19 golos, tendo sempre concretizado, pelo menos, dois golos. Aliás, nos últimos três jogos, marcou, ao todo, 11. Também somos a equipa que menos golos sofreu, com apenas quatro tentos concedidos. Somente por uma vez o Sporting CP sofreu dois golos, contra o FC Porto. Em quatro das seis vitórias, a nossa baliza manteve-se inviolada, sem que Adán tivesse de ir buscar a bola ao fundo das redes. Números que demonstram consistência defensiva, oportunidades de golo e um colectivo empenhado. E que acabam por ter reflexo nalgumas prestações individuais: Pote é o melhor marcador da primeira liga, com sete disparos certeiros, sendo até dos jogadores europeus que mais rapidamente está a marcar golo, como indica o sempre interessante GoalPoint.

Uma prestação que não surge por acaso. Houve uma profunda renovação que se tem revelado acertada. No último jogo, contra o Vitória SC, alinharam como titulares pelo Sporting CP nada mais nada menos do que oito jogadores que no ano passado não faziam parte da equipa. Já falámos de Pote. Mas também temos de falar de Adán, Feddal, Porro, Nuno Santos, Palhinha e João Mário. Tal como de valores que começam a ser seguros: Nuno Mendes, Tiago Tomás, Matheus Nunes e Daniel Bragança. Isto numa equipa que deixou de contar com Mathieu, Vietto, Acuña e Wendel. Afinal, não houve uma renovação, houve sim uma autêntica revolução. O Sporting CP mudou muito desde a época passada. Mas mudou muitíssimo bem. Sobretudo porque contratou quem precisava para onde precisava, desde a baliza até à frente. Tendo feito negócios que demonstram acompanhamento atento da realidade do futebol nacional. O caso de Nuno Santos é exemplar. O extremo, que mostrava muita qualidade no Rio Ave FC, não sendo titular indiscutível, leva três golos e três assistências.

Palavra final para Rúben Amorim, que aplica as suas convicções tácticas de forma convicta e é um exímio comunicador, para dentro e para fora. A forma como preparou a pré-época e como tem gerido os recursos da Academia confirma o seu valor. Um balanço nesta altura é apenas isso, um balanço. A longa caminhada do campeonato ainda agora começou. Falta muito futebol. Mas há algo que podemos dar como assente: este é o Sporting CP que Sócios e adeptos querem ver jogar.

 

Caminho

Por Pedro Almeida Cabral
05 Nov, 2020

Estes dois últimos jogos deixam um sabor especial. Pela entrega, pelo jogo construído e pelo fito permanente na vitória, prometem mais

Deste campeonato, levamos até agora bons jogos e um futebol consistente, traduzidos em cinco vitórias e apenas um empate, contra o FC Porto. Mas estes dois últimos jogos deixam um sabor especial. Pela entrega, pelo jogo construído e pelo fito permanente na vitória, prometem mais.

Contra o Gil Vicente FC, ganhámos por três golos contra um. Não foi fácil. Linhas subidas e pressão constante cortaram as nossas linhas de passe e aprisionaram a construção Leonina. Por mais que tentasse, o Sporting CP embatia no muro gilista. Os passes não saíam, o ataque não carburava e o adepto desesperava. Na segunda parte, a mesma história. E, devido a uma má cobertura defensiva, num lance inesperado de bola parada, o Gil Vicente FC marcou o seu tento. Com as entradas de Daniel Bragança, Šporar e Tiago Tomás, o Sporting CP começou finalmente a chegar com perigo à baliza adversária. Havia de ser Šporar a marcar de cabeça numa sobra o golo do empate e, depois, Daniel Bragança numa assistência de antologia a oferecer o golo ao letal Tiago Tomás. Tudo simples, tudo eficaz, tudo certeiro. Pote fechou a contagem com um remate bem colocado.

No domingo, a equipa subiu de rendimento e espalhou perfume em Alvalade. Naquele que foi, provavelmente, o melhor jogo do Sporting CP em 2020, o futebol Leonino estendeu-se em todo o campo de jogo com inúmeras jogadas de ataque. Muitas mereciam melhor sorte, pois os quatro golos sem resposta são pouco aproveitamento para tanta produção. As estatísticas não mentem: 26 remates à baliza do Sporting CP contra apenas três do CD Tondela. Pote encantou com dois golos oportunos. De realçar um deles com o seu pior pé, o esquerdo, comprovando que, como ensinava Gabriel Alves, Pote pode marcar com o pé que estiver mais à mão. Claro que João Mário a titular dá outra consistência à equipa e isso notou-se. Porro também marcou, num portentoso remate de primeira de dentro da área. Mas nem só de golos vive o Leão. Palhinha é, cada vez mais, um’ monstro’ no meio-campo, desarmadilhando opositores com confiança. E, Šporar, que marcou o último golo, fez uma exibição superlativa, com a assistência para o segundo golo e movimentações permanentes.

Estas duas vitórias são apenas duas vitórias. Rúben Amorim cada vez mais se mostra sensível às dinâmicas do plantel e ao jogo jogado, sempre sem abdicar do seu modelo, que parece cada vez mais afinado. Jogo a jogo, adversário a adversário, o Sporting CP vai fazendo o seu caminho.

 

De pequenino joga o Leão

Por Pedro Almeida Cabral
29 Out, 2020

Ver que o Pólo EUL tem condições recentemente melhoradas é merecedor de elogio. Trata-se de um trabalho invisível, porém fundamental para que o Sporting CP continue a reter e a acompanhar talentos desde tenras idades

Cresci num mundo que já não existe. Em plena Lisboa, jogava-se futebol na rua de manhã à noite. Qualquer estrada ou beco servia. De pedras e postes de electricidade, faziam-se balizas. De remates desajeitados, grandes golos. E de acasos geográficos, embates titânicos, como a rua de cima contra a rua de baixo. Todos os dias giravam à volta da bola e chegados a uma idade maior (pelos 12 anos que, nesses tempos, já era considerável), vinha a vontade de ir aos treinos do Sporting CP tentar a sorte. Afinal, não era assim tão longe de onde morávamos. 

Lá íamos, muito animados por poder treinar com bolas oficiais e tentar reproduzir, movimento por movimento, aquela célebre jogada que deu um golo que levantou toda a rua. Claro que nada corria como esperado. Mas a emoção de ir ao campo pelado de Alvalade, ao lado do antigo estádio, e fazer um treino orientado era inesquecível. Ensaiar desmarcações, bater penáltis, calçar chuteiras velhas e levar para casa as pernas escalavradas da terra batida do pelado tinha um encanto sem igual. Infelizmente, no que a mim diz respeito, o futebol não estava ainda preparado para uma visão técnica tão apurada. Pior para o futebol, obviamente.  

Nem só da condição de Sócio ou adepto vive o Sporting CP. As memórias do jogador de futebol que podíamos ter sido acompanham-nos uma vida. Tudo mudou desde as minhas futeboladas de rua. Agora, os treinos dos mais jovens já não começam ao lado do estádio, mas sim no Pólo EUL, na Cidade Universitária, onde se iniciam muitos dos nossos actuais jogadores da formação. Actualmente, temos lá cerca de 150 jogadores, que têm uma formação de raiz, completa e variada, que procura também passar os valores de integridade do Sporting CP. É isso que explica que tantos que se iniciam aqui cheguem mais longe e estejam na equipa B, na equipa sub-23 e até na equipa principal.

Ver que o Pólo EUL tem condições recentemente melhoradas é merecedor de elogio. Trata-se de um trabalho invisível, porém fundamental para que o Sporting CP continue a reter e a acompanhar talentos desde tenras idades. É sempre um gosto passar por lá e ver Leõezinhos de verde e branco a dar os primeiros pontapés em bolas oficiais e saber que, hoje em dia, as condições de evolução dos miúdos são bem melhores do que as que havia no meu tempo. Quem sabe se os próximos Nuno Mendes, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Joelson ou Tiago Tomás não estão já lá a treinar!

 

Clássico é clássico

Por Pedro Almeida Cabral
22 Out, 2020

(...) Houve jogadas rasgadas, jogadores renascidos e golos oportunos. Só não houve uma arbitragem à altura. Ou talvez tenha havido uma arbitragem clássica que, classicamente, prejudicou o Sporting CP

Clássico é clássico. E vice-versa. Este último, com o Sporting CP a defrontar em casa o FC Porto, não foi excepção. Houve jogadas rasgadas, jogadores renascidos e golos oportunos. Só não houve uma arbitragem à altura. Ou talvez tenha havido uma arbitragem clássica que, classicamente, prejudicou o Sporting CP. Mas já lá vamos.

Do empate a dois golos, que soube a pouco pelo que o Sporting CP jogou, ficou a imagem de um Sporting CP que não se rende e que dominou o FC Porto por largos períodos. De trás para a frente, que é como se fazem equipas vencedoras, esteve muito bem Adán, com bons reflexos logo a abrir o desafio e à-vontade no jogo com os pés. Porro continua a elevar a qualidade do nosso flanco direito. Foi, sobretudo, por lá que o FC Porto atacou, mas nem por isso o nosso atleta deixou de executar tarefas ofensivas, com envolvimento no primeiro golo e um remate perigoso a fechar. Palhinha regressou de forma esplêndida a cumprir as funções de trinco com distinção. É um gosto vê-lo novamente com a camisola mais bonita do mundo. Tal como João Mário, que nos poucos minutos em campo desequilibrou fortemente o jogo a nosso favor. O melhor fica para o fim: Nuno Santos e Pote são já contratações seguras e garantia de fluidez no futebol do Sporting CP. O primeiro marcou o golo em remate difícil e o segundo influenciou decisivamente com desmarcações velozes e passes acertados. Se tudo fosse como devia ser, a crónica acabava aqui com desejos de boa semana e Leoninas saudações.

Afinal, era um clássico em que jogava o Sporting CP. E quando assim é, pode haver grosso apito e protocolo por cumprir. Não adianta rever as imagens do lance do penálti claro cometido por Zaidu sobre Pote. Houve contactos intensos o suficiente para provocar a queda com braço, pé e perna, em tríplice infracção. Pontapé de penálti evidente para um jogador que até já deveria ter sido expulso. Quando menos se esperava, vindo do nada e sem razão, interveio o VAR e o pontapé de penálti e o cartão vermelho foram revertidos. Sejamos claros: o protocolo do VAR não permitia a reversão da decisão. O VAR só podia intervir se se tratasse de um erro óbvio. Há razões para assim ser: a decisão tomada no momento só deve ser alterada quando seja notório para todos que foi um erro. Protege-se a integridade do árbitro no momento do apito e defende-se a apreciação do espectáculo pelos adeptos. Portanto, apito tão errado e protocolo tão desrespeitado só podiam merecer forte contestação. Espera-se agora que falha tão clamorosa não passe em claro, que este lance seja exemplificado como viciação do protocolo VAR e que o Sporting CP possa ter o que parece difícil ter: arbitragens regulares.

 

40 anos

Por Pedro Almeida Cabral
15 Out, 2020

O primeiro título do regressado basquetebol Leonino foi escrito com esforço e mestria táctica do nosso experimentado treinador Luís Magalhães

Há 40 anos não havia telemóveis, o estádio José Alvalade ainda não tinha o que viria a ser a bancada nova e o Sporting CP conquistou um campeonato nacional de futebol em luta até ao último jogo com o FC Porto. Não tenho memórias desse título, era ainda muito pequeno. Mas sempre ouvi falar do letal tridente atacante da nossa equipa, Manoel, Manuel Fernandes e Jordão. Nesse ano de 1980, com o basquetebol Sportinguista em plena actividade e antes do extraordinário bicampeonato de 1981/1982, o Sporting CP conquistou a sua quinta Taça de Portugal. E, há exactamente uma semana, arrecadou a sexta.

Nos últimos 40 anos, o basquetebol Sportinguista não foi bem tratado. Primeiro, perdeu competitividade. Depois, foi extinto. E só voltou há pouco mais de um ano. O Clube que teve jogadores como António Feu, Ernesto Ferreira da Silva, Rui Pinheiro, Mário Albuquerque, Carlos Lisboa, Nelson Serra ou os irmãos Baganha não podia, simplesmente, não ter basquetebol. É nunca esquecendo o passado que o Sporting CP tem futuro.

Nostalgias à parte, até parece que a final da Taça de Portugal contra o FC Porto foi um passeio. Muito longe disso. O primeiro título do regressado basquetebol Leonino foi escrito com esforço e mestria táctica do nosso experimentado treinador Luís Magalhães. Já os dragões iam lampeiros com vantagem, quando, surpreendidíssimos no terceiro quarto, foram dominados tacticamente, com anulação do fundamental jogador portista Landis. Destacou-se aí o nosso poste John Fields, em inúmeros ressaltos, que lhe valeram ser o MVP do jogo, e o extremo James Ellisor, com mão quente na zona dos três pontos. Depois, no último quarto, foi só gerir a vantagem com Travante Williams (sempre um gosto ver a frescura deste jogador) e o prometedor jovem Francisco Amiel. Secados os 40 anos da Taça, temos agora, que secar os 39 anos do último campeonato. Será esta época. Acredito eu e todos os Sportinguistas!

 

P.S. – No fim-de-semana, um dos desafios mais emocionantes do hóquei em patins mundial: o dérbi eterno entre o Sporting CP e SL Benfica. Não se pode dizer que tenha sido um jogo muito estimulante, mas intensidade não faltou. Porém, o resultado final cai mal em tanta porfia Leonina. Não se pode considerar um empate a um golo justo quando houve um golo marcado por Matías Platero que, reconhecidamente, ultrapassou a linha de baliza. A tecnologia actualmente disponível deveria ter validado o golo. Para quando um hóquei em patins mais verdadeiro e moderno com, pelo menos, validação electrónica de golos? O melhor campeonato de hóquei em patins do mundo não pode continuar como está.

 

Vitórias, vitórias e mais vitórias

Por Pedro Almeida Cabral
08 Out, 2020

Os últimos dias foram pródigos em vitórias. Não foi apenas uma numa modalidade. Foi em várias modalidades e abrilhantadas por dois títulos

Os últimos dias foram pródigos em vitórias. Não foi apenas uma numa modalidade. Foi em várias modalidades e abrilhantadas por dois títulos. Quem segue cada campo, quadra, pavilhão ou piscina onde compete o Sporting Clube de Portugal, só pode estar orgulhoso deste vendaval de triunfos.

O desfile de vitórias começou na sexta-feira num belo jogo de futsal frente ao CR Leões de Porto Salvo. O triunfo por 3-2 nunca esteve certo e só no último minuto Cavinato marcou o tento que valeu os três pontos. Sábado, nova vitória no andebol, com um esclarecedor 34-27 frente à ADA Maia/ISMAI, em que Pedro Valdés rematou nove vezes para golo. Horas depois, num dos jogos clássicos do hóquei em patins mundial, batemos a UD Oliveirense por 2-1. Jogo emocionante com penáltis não convertidos e bolas no ferro. Seria Toni Pérez a marcar o golo vencedor, em lance de belo efeito. Também no voleibol, na primeira partida do campeonato, triunfo sem reticências perante o CN Ginástica por 3-0. Ainda vitórias no sector feminino, tanto em hóquei, 13-0 à APAC Tojal, como no voleibol, 3-1 ao CD Aves. Por último, mas talvez o mais importante: a conquista da nossa 15.ª Supertaça em ténis de mesa, a sexta consecutiva, perante açorianos do GD Toledos.

Virou o dia e chegou domingo. Mais voleibol viria, com mais duas vitórias. Contra o SC Espinho, arrancada na negra. Os tigres deram muita luta, mas no último set, o Sporting CP não deu hipóteses, ganhando por 15-8. Já as nossas jogadoras, levaram de vencida o CF ‘Os Belenenses’ por 3-0. À noite, uma importantíssima vitória da nossa equipa de futebol contra o Portimonense SC. Entrada fulgurante com dois golos extraordinários de Nuno Mendes e de Nuno Santos. O sistema de Rúben Amorim continua a potenciar jogadores e a esticar o nosso jogo jogado. Já a equipa feminina, comandada por Susana Cova, goleou o SCU Torreense por 5-1, destacando-se Ana Borges pela acutilância ofensiva.

Por fim, na segunda-feira, depois de ter ganho ao SC Braga e ao GD Chaves, o Sporting CP selou a conquista do Campeonato de Elite de futebol de praia frente à Casa Benfica de Loures por 6-3. Foi a recuperação de um título que já fugia há três anos. É o terceiro campeonato de futebol de praia para o Sporting CP. Há um sabor especial nesta conquista. Não éramos claramente favoritos e enfrentávamos orçamento maior. Venceu o esforço, a dedicação e a devoção. São dias destes que o Sporting CP precisa. Das vitórias e dos títulos que nos enchem a alma e que fazem pedir por mais e mais vitórias.

 

Dois passos em frente

Por Pedro Almeida Cabral
01 Out, 2020

(...) jogámos de forma arrumada e consistente. Num mantra que já está na boca de cada Leoa e de cada Leão, vê-se que Rúben Amorim está a construir de trás para a frente

O primeiro jogo do campeonato é sempre especial. Lembro-me bem do primeiro jogo que vi no nosso estádio. Aí pelos meus dez anos, quando se começam os campeonatos, em pleno Agosto, batemos o Rio Ave FC por 4-1, com dois golos do saudoso Paulinho Cascavel. Este brasileiro, hoje já tão esquecido, tinha raro faro para o golo e havia até de ser o melhor marcador dessa época. Criança, esgueirado para dentro do estádio para poupar no bilhete, inebriado com um ambiente de verdadeiro Sportinguismo, não esqueço esse domingo quando o futebol era só desse dia. 

Tantos anos depois, e num domingo tão diferente deste, começou finalmente o campeonato. Assolado por surtos de COVID-19, o Sporting CP não podia prometer muito, tão desfalcado que estava. Porém, o que se viu não foi uma equipa doente. Surpreendendo, jogámos de forma arrumada e consistente. Num mantra que já está na boca de cada Leoa e de cada Leão, vê-se que Rúben Amorim está a construir de trás para a frente, cuidando em especial da defesa, mantendo posse de bola na zona recuada com basta qualidade. 

Jogar em 3-4-3 é exigente e implica passes acertados a todo o tempo. O tridente defensivo – Neto (mesmo com alguns sustos), Coates e Feddal – cumpriu com trocas de bola precisas e cortes competentes. É até curioso ver como o uruguaio se adaptou bem a este sistema, acudindo às dobras como gosta, esbanjando tanta confiança que até deu em golo. Palavra também para Adán, que mostra a segurança que muitos, sem o verem jogar, já lhe negavam à partida, revelando-se agora como era flagrante essa injustiça.

Já se sabe que com três centrais os alas têm que ser preponderantes nos corredores. E aí Porro e Nuno Mendes mandam. O espanhol pareceu ter trocado de pulmão ao intervalo, surgindo tão fresco na segunda parte como na primeira. Ainda marcou um livre directo, bem açucarado, que parece dizer que da próxima entra. Já Nuno Mendes joga com a maturidade de um veterano, mas com a agudeza de um miúdo a jogar na rua. Domina a largura do corredor esquerdo, mas também vadiou pelo direito. De seguida, no meio campo, Wendel lança perfume quando organiza o jogo de forma tão natural. Bons detalhes também de Tiago Tomás, que da próxima não falhará aquele golo certo, de Jovane, que vai desequilibrando a defesa adversária e de Bragança que, a jogar como falso 10, esteve bem à-vontade. Muito há ainda a trabalhar, especialmente no processo ofensivo. Ficam dois golos e baliza imaculada. Dois passos em frente nesta longa caminhada que será este campeonato em tempos de COVID-19. É destes passos seguros que precisamos.

 

O Regresso do Sporting CP

Por Pedro Almeida Cabral
24 Set, 2020

Na semana em que se soube que a nossa Academia passará a ter o seu nome, numa homenagem e valorização da marca Sporting CP com impacto mundial, é o melhor augúrio para o jogo de hoje

Depois de meses sem competições e em sobressalto por não saber o que esperar, está para breve o regresso do Sporting CP. Embora a COVID-19 atrapalhe, e os sucessivos casos não deixem margem para muito optimismo, a nossa vida, com cautelas, cada vez mais será de convívio com a possibilidade de infecção. O desporto tem que seguir o mesmo caminho. Sob pena de no final da pandemia, quando já houver panaceia ou vacina, não sobreviverem clubes dignos desse nome.

Aproxima-se, esperemos, o primeiro jogo oficial do Sporting CP nesta nova época. E para o Sporting CP, a quem só interessa ganhar, nada melhor que uma final. O jogo com o Aberdeen FC não tem segunda oportunidade: é jogo único de acesso à Liga Europa. Ao Sporting CP resta cumprir a sua missão de vencer na Europa e de cumprir o destino e a responsabilidade de quem tem 37 títulos europeus em tantas modalidades.

São muitos os que estão ‘fora do jogo’ por COVID-19. O plantel acaba por ter soluções para os maiores problemas, fintando o vírus. Sem Pote nem Nuno Santos, haverá Vietto. Com Palhinha de fora, entra Matheus Nunes. Não havendo Borja, Quaresma nem Gonçalo Inácio, Neto deve começar de início. Estando Max indisponível, as redes pertencerão a Adán. Jogue quem jogar, o que interessa é o Sporting CP entrar nesta nova época com vitória e passaporte para a Liga Europa.

Este regresso do Sporting CP é também uma oportunidade para dar experiência europeia a jovens jogadores. Como voltámos a ter equipa B – que nunca devia ter acabado, pelo crescimento que proporciona –, é daí que foram chamados alguns miúdos para ajudarem contra os escoceses. Destaco o central João Silva e os extremos De Wit e Geny Catano. Esta possibilidade de tenras esperanças do Sporting CP se poderem estrear num jogo europeu é o que deve caracterizar um clube formador. Sobretudo o Clube que deu ao mundo um dos melhores jogadores de sempre, Cristiano Ronaldo. Na semana em que se soube que a nossa Academia passará a ter o seu nome, numa homenagem e valorização da marca Sporting CP com impacto mundial, é o melhor augúrio para o jogo de hoje.

Época nova, vida nova

Por Pedro Almeida Cabral
03 Set, 2020

(...) Como sempre, derrotas moem, empates preocupam e vitórias animam. Mesmo a feijões, o Sporting Clube de Portugal só pode jogar para ganhar

No futebol, o ano não muda em Dezembro. Cada vez que acaba uma época, algures em Maio, é que começa um novo ano. Discutem-se reforços, contratações, dispensas, preparações, estágios, estratégias e tácticas. Os jogos de pré-época, não sendo determinantes, são seguidos atentamente. E já se sabe que, mesmo que não contem para o ‘totobola’, são indício válido de como jogará a equipa e do seu espírito competitivo. Como sempre, derrotas moem, empates preocupam e vitórias animam. Mesmo a feijões, o Sporting Clube de Portugal só pode jogar para ganhar.

Neste ano atípico, quando o campeonato já devia ter começado, ainda estamos na pré-época. Até agora, nos dois jogos que foram mais que um treino, duas vitórias seguidas contra o Portimonense SC e a Belenenses SAD.

Contra o Portimonense SC valeu o triunfo, numa reviravolta com algumas rotinas a sobressaírem. Foi notória a falta de destreza no ataque, com a construção do perigo a esfumar-se antes de chegarmos à grande área adversária. Destaque para a lateral-esquerda, com Nuno Mendes a revelar qualidade em todo o corredor, prometendo muito, combinando bem com Pedro Gonçalves, que esteve mais à esquerda, mas que até tem apetência natural pelo centro do terreno. Tiago Tomás carimbou a vitória não desperdiçando o primeiro remate que fez no jogo, como convém a com um ponta-de-lança moderno.

Mais revelador foi o embate com a Belenenses SAD, com vitória por 3-1. Houve Nuno Mendes e Pedro Gonçalves no nível superlativo do jogo anterior. Adán mostrou boa leitura de jogo e Šporar não desperdiçou o terceiro golo. Também o jovem Gonçalo Inácio deslumbrou com os seus passes longos e Daniel Bragança confirmou o seu apurado posicionamento, que lhe permite fazer boas recuperações. Merece todo o destaque Tiago Tomás, com uma assistência e um golo. Apesar da tenra idade, parece mostrar frieza suficiente para marcar abundantemente. Quanto ao colectivo, é certo que o adversário era acessível, mas também se diga que houve mais acutilância ofensiva, com um melhor jogo sem bola, sendo evidente o dedo de Amorim no jogo subido e no ataque móvel de Jovane Cabral e Tiago Tomás.

Faltará ainda compor o plantel com mais um central, essencial para o esquema táctico de Amorim, e um extremo, para dar mais profundidade ao ataque. Veremos o que sucede e como correm os próximos jogos de preparação. Até agora, a época nova parece mesmo trazer uma vida nova que promete.

Ouro verde

Por Pedro Almeida Cabral
20 Ago, 2020

Quem viu, como eu, não esquece a extraordinária corrida de Carlos Lopes

Há poucos dias, a 12 de Agosto, celebraram-se os 36 anos da conquista da primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos para Portugal. Carlos Lopes, Sportinguista emérito, foi quem ganhou a prova mais importante do atletismo olímpico, que se disputa em último lugar. Não é uma efeméride qualquer. Quem viu, como eu, não esquece a extraordinária corrida de Carlos Lopes e de como encheu de alegria um país inteiro.

Carlos Lopes, atleta Sportinguista desde os 20 anos, foi um diamante laboriosamente lapidado pelas mãos do Professor Moniz Pereira. O nosso visionário e multifacetado treinador de atletismo, que introduziu os treinos bidiários e tantas outras inovações, foi um dos artífices do olimpismo Sportinguista.

Não é muito conhecida a história de superação de Carlos Lopes entre 1976, quando conquistou a medalha de prata nos 10.000 metros nos Jogos Olímpicos de Montreal, melhorando o seu recorde pessoal em 45 segundos, e 1984, ano do ouro olímpico. Durante estes oito anos, o seu caminho foi irregular. E, na verdade, Carlos Lopes, só começou a correr a maratona em 1982, não tendo sequer acabado a primeira prova em que participou. Teve um resultado animador em 1983, terminando em segundo lugar na Maratona de Roterdão. Tornou a correr os 10.000 metros, mas sem glória. Em 1984, optou finalmente pela maratona e uma preparação meticulosa de Moniz Pereira aliada às extraordinárias capacidades atléticas de Carlos Lopes fizeram o resto. Foi até a primeira maratona ganha por Carlos Lopes e ainda hoje é a maratona olímpica ganha pelo atleta masculino mais velho, com 37 anos.

Se há medalha olímpica que tem sabor a Sporting CP é esta. Porque seria impossível conquistá-la sem um percurso no Sporting CP que preparou, endureceu e guiou Carlos Lopes para a vitória. Não por acaso, Carlos Lopes sempre partilhou o feito com Moniz Pereira.

Para mim, há 36 anos foi a noite em que me fechei com o meu pai em frente a uma pequena televisão a preto e branco e na qual vimos os dois até às tantas da manhã a corrida interminável. Cabeceando com sono, despertei com os gritos do meu pai aos 35 km, quando Carlos Lopes desferiu o seu afamado ataque final que lhe valeu o ouro, fixando o recorde olímpico por 24 anos. Do alto dos meus quase sete anos, foi a noite mais longa até então, mas também a mais inesquecível. Afinal, já deambulava por Alvalade e sabia bem que aquele ouro era também verde.

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