Sporting CP venceu o Rio Ave por 2-0, mas pelas oportunidades criadas poderia ter sido um resultado a lembrar a maior máquina de golos de todos os tempos
A recepção aos vila-condenses em Alvalade, referente à 27.ª jornada da Liga NOS, foi o primeiro encontro em casa depois do centenário de Fernando Peyroteo (10 de Março). Naturalmente que a maior máquina de golos de todos os tempos do futebol mundial foi, assim, o nome mais ouvido e celebrado da noite.
Desde logo porque todos os jogadores não tiveram o seu nome nas costas, mas sim o de Peyroteo – pode adquirir um desses exemplares a partir de amanhã, na Loja Verde –, mas também no minuto 9, quando as bancadas agitaram, durante 60 segundos, os cachecóis, em homenagem ao eterno n.º 9 dos leões.
E se o marcador registou apenas 2-0 no final dos 90 minutos, tal não significa que a formação verde e branca não se tenha esforçado para mais. Nada mais longe da verdade. Foram mais do que uma mão cheia de oportunidades – nem duas chegam, já que bolas ao ferro foram cinco! –, que poderiam ter ditado uma goleada das antigas, bem à moda de Peyroteo.
A primeira bola à trave chegou por intermédio de Bruno Fernandes (21’), na marcação de um livre descaído à esquerda e ainda fora da área, com Bas Dost, na recarga a obrigar Cássio a defesa para canto. Dois minutos depois, Gelson Martins, na sequência de um canto, obrigou Cássio a nova tirada com aperto. Mas não foi preciso esperar muito mais para o golo inaugural. Inverteram-se papéis na assistência e finalização sem que a elevadíssima nota artística caísse por terra: passe de Bruno Fernandes, na passada, pela direita, com atraso de calcanhar do holandês para a pérola da formação leonina, que ainda teve tempo de tirar um adversário da frente e escolher o melhor ângulo de remate, ao poste mais distante da baliza do Rio Ave.
Falávamos de ferro. Quem tinha a senha seguinte era Fábio Coentrão, num centro que saiu desviado pela trave (28’).
O Rio Ave tentava sacudir a pressão como podia e das raras vezes que chegou à baliza do Sporting (14-4 em remates), Patrício esteve lá, como no remate de Yuri Ribeiro (38’) que, no contra-ataque, acabou por gerar a primeira polémica em Alvalade. Bruno Fernandes caiu na área de Cássio, derrubado por Leandrinho, ao bloquear o pé de apoio do médio Sportinguista, mas Rui Costa nem o vídeo-árbitro consultou. Em cima do intervalo, ainda mais duas oportunidades para dilatar a vantagem: o bombardeiro que veio de Itália flectiu para o meio e obrigou Cássio a ceder canto (45’); Gelson e Battaglia ainda protagonizaram nova ocasião, já em descontos (45+1’).
No segundo tempo, mais do mesmo. O domínio da equipa de Jorge Jesus nunca esteve ameaçado e mesmo a manter a diferença mínima, que não raras vezes é sinónimo de sofrimento, o leão rampante foi dono e senhor. Com mais duas bolas ao ferro (lá está!): A primeira por Fábio Coentrão (60’), a passe de Gelson, e depois por Bruno Fernandes (68’), após uma cavalgada de pulmão cheio de William Carvalho. Esta levou as bancadas ao desespero.
Contudo, a jogar assim, está-se sempre mais perto de marcar do que de sofrer. Foi o que aconteceu. Adivinha-se pelo pé de quem. O holandês voador, num remate meio acrobático no coração da área, fez suspirar de alívio os mais descrentes.
Podiam ter sido mais. Muitos mais. Em nome de Peyroteo, seria extraordinário. Mas a exibição foi tal e qual uma máquina.