João Sobrinho lembra a final da Taça das Taças de 1981
Trabalhar no Casino Estoril ou não fazia a diferença. Chana e João Sobrinho, dois hoquistas da equipa principal, dividiam as suas vidas entre a Linha de Cascais e Alvalade. “As folgas eram utilizadas para os jogos no norte. Estávamos desde 1979 a trabalhar no Casino e apesar de ainda sermos jovens para abandonar o hóquei, optámos por fazê-lo após o Campeonato do Mundo de 1982 que vencemos e fechámos a nossa carreira com chave de ouro”, afirma João Sobrinho, confessando que Chana ainda queria jogar mais uma época. “No final da época de 1981/1982 o Chana virou-se para mim e sugeriu que jogássemos mais um ano para conquistarmos mais uma Taça dos Campeões Europeus para o Sporting. Eu não achei boa ideia mas também não o desmotivei. Para mim não dava mais, apesar de em termos físicos me sentir perfeitamente à vontade para prosseguir, era difícil conciliar. A exigência do Clube era muita e, apesar de nas provas europeias termos dispensa do Casino, não tínhamos condições para continuar”. Sobrinho tinha 31 e Chana 30 anos de idade quando abandonaram o hóquei. Mas a história que os traz aqui vem um pouco antes da decisão de deixarem a modalidade que tanto os fez ganhar. Chana e Sobrinho, ladeados de José e Vítor Rosado, Francisco Salema, Joaquim Carvalho, Carlos Alberto e dos guarda-redes António Fernandes e João Oliveira, conquistaram em 1981 aquela que foi, na altura, a segunda taça europeia conquistada pelo Clube de Alvalade. Depois de uma eliminatória sem história frente aos franceses do Fresnoy e de umas meias-finais complicadas na primeira mão (5-3) e sem discussão na segunda (6-1), o Sporting defrontou na final os espanhóis do Cibelles, equipa oriunda de Oviedo. A primeira mão realizou-se em Espanha e teve baixas bem antes da chegada ao rinque. “O nosso seccionista Gonzaga da Silva sentiu-se mal durante a viagem. Foi um trajecto longo, feito de autocarro e sob um calor intenso. As várias paragens durante o caminho e alguma corrente de ar provocou-lhe dificuldades em respirar. Acabou por recuperar ao fim de uma semana e ainda assistiu à final de Lisboa se não estou em erro”, recorda Sobrinho. Dentro das quatro tabelas, tudo valeu. “Fomos muito mal tratados quer pela equipa espanhola quer pelo árbitro italiano. Foi um jogo anormal. As coisas não correram bem e tudo estava contra nós. Perdemos por 4-1”, lembra o defesa/médio ‘verde e branco’ que considera ter sido normal a reviravolta em Alvalade. “Com o nosso público sempre a apoiar acabou por ser natural a nossa vitória, apesar de termos tido uma desvantagem de 6-2 na eliminatória, a mudança do marcador deu-se sem grandes dificuldades. A única situação que nos causou algum incómodo e que fez com que fôssemos para prolongamento foi o anti-jogo do Cibelles”. O árbitro parou inclusivamente o jogo para avisar a formação das Astúrias que, ainda assim, levou o jogo ao prolongamento, estando o resultado em 5-2 para o Sporting e a eliminatória empatada a seis. Aqui, o Sporting voltou a marcar por mais duas vezes e conquistou a Taça das Taças de 1981. 34 anos depois, João Sobrinho espera que o sucesso volte a sorrir aos ‘leões’. “Já mandei mensagem ao Gilberto Borges a desejar as maiores felicidades e a melhor sorte à equipa. Vou acompanhar o jogo de sábado na Sporting TV. Espero que vá uma claque da mesma forma que foi em 1977 quando vencemos a Taça dos Campeões Europeus em Vilanova, onde levámos três autocarros a abarrotar de adeptos”. Sobrinho acredita também que, em caso de vitória, haverá uma enchente no aeroporto similar a 1977, quando a formação ‘leonina’ regressou da Catalunha com cerca de 50 mil pessoas na Portela. “Acho que é possível haver uma enchente no aeroporto. Naquela altura foi um momento histórico e os festejos foram de loucos. Estávamos à espera de muitas pessoas mas não tantas. Só que lá esteve consegue sentir o que ali se passou”, finaliza.