João Matos: "É uma grande responsabilidade"
04 Jul, 2020
Capitão da equipa de futsal renova por mais três épocas
João Matos, capitão da equipa de futsal do Sporting Clube de Portugal, vai continuar a vestir de verde e branco na próxima temporada. Em entrevista concedida à Sporting TV, o jogador revelou que prolongou o vínculo com os Leões por mais três épocas e disse ser uma grande responsabilidade "continuar no Clube com a braçadeira de capitão".
Sentimento depois de renovar
"Acima de tudo, é uma grande responsabilidade continuar no Clube com a braçadeira de capitão, continuar a liderar numa equipa ambiciosa que quer tanto conquistas e que as merece. Já tenho mais idade, os anos vão passando, mas temos um projecto muito interessante pela frente, com grandes ambições. É uma alegria tremenda continuar aqui e completar mais de 20 anos de casa, mais de metade da minha vida foi passada aqui. É uma satisfação enorme e um orgulho poder continuar a vestir a pele do Leão por mais alguns anos."
Motivação depois de tantos títulos
"Condicionamos, muitas das vezes ou quase sempre, as emoções de quem nos acompanha e gosta de nós, nomeadamente a família Sportinguista. Isso é uma grande responsabilidade e, se conseguirmos dar-lhes alegrias, vamos atrair títulos e conquistas. Quem veste esta camisola sabe perfeitamente – para aqueles que não sabem, terão de ouvir essa mensagem da minha parte e dos meus colegas mais antigos – que aqui é para vencer. Não há outra motivação que não seja conquistar títulos. Já ganhei todos os troféus, só me falta o Mundial pela selecção, mas se não ganharmos não vamos continuar cá. Quero continuar cá, tenho de ganhar, de me empenhar, de ser profissional, de ter a atitude adequada e levar o nome do Clube o mais alto possível. Essa é a nossa motivação diária, trabalhar para vencer títulos."
Evolução da modalidade
"O futsal que se praticava quando eu comecei no Sporting CP é totalmente diferente do de hoje. Hoje, o futsal é para atletas que são muito capazes em termos de potência, agilidade e velocidade. Antigamente era mais pela leitura de jogo. Com o mister Nuno Dias, temos de ter essa capacidade física aliada a uma boa leitura de jogo. Quem tiver melhor leitura de jogo, vai jogar mais com o mister. São estas alternâncias que me mantêm apaixonado e depois temos um leque de quatro ou cinco jovens a aparecer da formação."
A aposta nos escalões de formação
"Os irmãos Paçó são dois jovens que respiram Sporting CP e é bom ver todo esse trajecto. Não tenho dúvidas de que são dois jogadores que têm todas as capacidades para se afirmarem. Eles, o Zicky e o Sévio, que nos acompanharam na época passada, têm muito potencial e agora é altura de serem lançados aos lobos, como se costuma dizer. Relembro que o Tomás Paçó já entrou num dérbi e é assim que tem de ser para amadurecerem e perceberem as dificuldades. Estes novos jovens são muito desinibidos e não ligam muito às emoções e à pressão do jogo. Na altura, eu ficava mais nervoso ou emocionado num jogo grande, mas hoje em dia os miúdos não demonstram tanto isso. Por um lado, pode ser bom, mas por outro pode retirar-lhes alguma responsabilidade, mas acredito que não. Vejo potencial para alguns jogadores se afirmarem na liga e no Sporting CP."
O futuro depois do fim da carreira
"O facto de jogar futsal há muitos anos deu-me a capacidade de olhar para os jovens e conseguir identificar quem tem talento ou potencial e poderá tornar-se num bom jogador. Vejo-me nesse papel, mas não tanto num treinador da formação, apesar de gostar muito também do aspecto táctico. Vejo-me mais a trabalhar com um plantel sénior, mas a acompanhar a formação na parte física e a potencializar esses miúdos para serem bons seniores. Além disso, dar acompanhamento individual na parte física aos seniores também. O Sporting CP tem um ADN baseado nos escalões de formação e hoje em dia vemos isso principalmente no futebol. No futsal, vamos ter alguns jogadores vindos da formação e, não querendo que isso morra, vejo-me nesse papel. (…) Ainda assim, tenho mais três anos de contrato pela frente que, certamente, não serão os últimos porque ainda jogarei mais algum tempo depois dos 36 anos."
As saudades dos colegas e de competir
"Tenho muitas saudades de estar com os meus colegas e de competir, seja no treino, no ginásio, nas tarefas que os preparadores físicos nos passam, nos desafios do treinador, toda essa dinâmica. Logicamente, tenho saudades de jogar com o Pavilhão cheio. No último encontro, a 13 de Março, jogámos à porta fechada e é muito duro. Nós que sentimos muito as emoções das pessoas não sabemos quando é que isso vai voltar a acontecer. Vai ser estranho continuar a jogar à porta fechada e também quando o Pavilhão João Rocha encher outra vez. Tenho muitas saudades de voltar a entrar em campo, perfilar, ouvir o ‘O Mundo Sabe Que’, sentir a emoção dos golos, dos cortes e dos minutos finais."
Impacto da pandemia de COVID-19
"Parei uma semana após os treinos pela internet acabarem e estive parado também durante uma semana em que estive de férias e, mesmo assim, ainda fiz qualquer coisa. Ou seja, em três meses parei duas semanas. Aproveitei a amizade que tenho com o Ricardo Fernandes, atleta do kickboxing do Sporting CP, porque é uma modalidade que já pratico há algum tempo. Em casa fazia musculação e tenho a sorte de ter algum espaço para dar uns toques na bola, mas não exercitava o cérebro. Quando pude sair de casa, o Ricardo abriu-me as portas da sua Academia e o kickboxing exige que eu pense rápido e reaja. Era muito importante para mim que o meu cérebro reagisse rápido. É um desporto que desconhecia e em que há um grande jogo táctico. Tenho desafiado o Adolfo Barão para um combate, quando estiver preparado ele será a minha vítima."
O significado da braçadeira de capitão
"Não se é do Sporting CP só aqui, também em casa, na rua ou quando vou às compras. Tudo isso envolve o Clube e aquilo que eu represento para o Sporting CP. Esta braçadeira é minha, disputo todos os jogos com ela e sou eu que a guardo. É uma grande responsabilidade e continua a aumentar com o passar dos anos. Somos uma equipa vitoriosa, habituámos os adeptos a ganhar títulos e não queremos que isso fuja. Habituámo-los a bom futsal, a espectáculo e a golos. Eu e o staff temos a responsabilidade de não deixar morrer essa identidade e de passá-la a todo o plantel. Este ano vamos ter algumas alterações no plantel e queremos manter essa identidade, algo que parte muito da minha responsabilidade. Aos novos atletas, tenho de passar-lhes o que é a grandeza do Clube, qual o nosso principal objectivo e foco."
114.º aniversário e a ambição europeia
"114 são muitos anos. É uma história muito bonita que o Clube tem, uma grandeza enorme. Cabe-nos a nós aumentá-la e elevar o nome do Sporting CP ao mais alto nível lá fora, como já fizemos e queremos voltar a fazer. Assumimos claramente que esse é um grande objectivo para nós, apesar de ser difícil. É uma grande ambição que todos temos. É uma semana muito especial para o Sporting CP, a equipa de futebol está numa fase extraordinária e para mim é uma semana de alegria, de prazer, de orgulho por continuar no Sporting CP."