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Foto César Santos

"O Sporting CP tem sido um Clube exemplar"

Por Jornal Sporting
22 Mar, 2018

Na sessão de encerramento do TFOF, Pedro Proença enalteceu a iniciativa dos leões

A sessão de encerramento do IV TFOF ficou ao encargo de Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, que começou o seu discurso a 'aplaudir' o Sporting Clube de Portugal pela organização de mais um Congresso.

"Este evento permitiu-nos reflectir sobre o caminho por onde queremos alavancar a indústria do futebol. A Liga Portugal orgulha-se de ser parceira do Sporting CP, porque mais do que a qualquer outra instituição, preocupa-nos o futuro do futebol português. Nesse sentido, o Sporting CP tem sido um Clube exemplar e estamos certos de que assim continuará", sublinhou, antes de pedir a presença do Presidente Bruno de Carvalho no próximo conselho de presidentes, que se realiza dia 9 de Maio. 
 
"O Sporting CP faz parte desta família. Aliás, é um dos elementos mais relevantes, principalmente pelas ideias do seu Presidente. Insisto no convite que lhe fiz para estar presente no próximo encontro, dia 9 de Maio, para que possamos trabalhar num futebol profissional melhor", referiu.
 
Continuando, Pedro Proença defendeu, também, que a modalidade, apesar de ser um negócio, vai muito além disso. "Esta indústria vale milhões de euros. No entanto, envolve mais do que dinheiro. Envolve emoções e paixão. Por isso, tem de ir além de uma mera celebração de vitórias dentro das quatro-linhas. O futebol não pode ser colocado em causa diariamente. Precisa de discussões e análises como a que se fizeram nos últimos dois dias neste Pavilhão", apontou, deixando para último a sua opinião sobre a criação de um campeonato de sub-23.
 
"Podemos e devemos ter mais uma competição, mas sem hipotecar a II Liga. O sucesso das nossas Selecções jovens não é alheio ao investimento dos clubes nas suas equipas bês. Além disso, Portugal posiciona-se como um elemento vendedor do mercado neste escalão", concluiu. 
Foto César Santos

“Conexão aos fãs é a base do futebol”

Por Jornal Sporting
22 Mar, 2018

Andrea Traverso, responsável da UEFA pela sustentabilidade financeira, encerrou o congresso The Future of Football lançando os principais desafios para o futuro

A IV edição do congresso internacional The Future of Football terminou, nesta quinta-feira pela hora de almoço, com uma palestra de Andrea Traverso, responsável da UEFA pela sustentabilidade financeira, sobre os desafios do futuro no mundo do futebol. O italiano discursou para o Pavilhão João Rocha dizendo que, para melhorar o futuro, há que entender os desafios… do presente.

“Antes dos desafios para o futuro, quero falar dos desafios para o presente. Ouvir sobre o presente faz-me reflectir sobre o que o futebol significa para mim, mas ainda mais o que significa para os meus e os vossos filhos. A nossa geração deve decidir se quer ter este futebol ou um diferente para a que a seguir virá”, começou por afirmar, explicando depois que, na sua óptica, a relação com os adeptos é onde os organismos e os clubes têm de intervir, de forma a restaurar a confiança dos mesmos.

“Perceber o que se passa ao nosso lado representa uma ameaça ou uma oportunidade? Para mim, representa uma oportunidade. Ainda assim, as mudanças também podem ser negativas. A tecnologia pode afastar-nos dos adeptos. A conexão aos fãs é a base do futebol. Enquanto fãs nós damos tempo, paixão, dinheiro, por isso, enquanto dirigentes, temos de repor a confiança. Eliminar os problemas de que se falou nesta manhã, como os jogos combinados, a corrupção ou a violência, e fazer com que acreditem no jogo”, finalizou Andrea Traverso.

Foto César Santos

Bastidores da indústria: as 'jogadas' fora das quatro-linhas

Por Jornal Sporting
22 Mar, 2018

Os intervenientes do VI e último Painel do Congresso abordaram os factores 'extra-jogo' que podem influenciar o futebol

O IV Congresso 'The Future of Football' ficou marcado pelas muitas referências dos intervenientes acerca do poder que os factores 'extra-jogo' têm de influenciar - de forma positiva ou negativa - o que se passa dentro das quatro-linhas. Dessa forma, pode dizer-se que o VI e último Painel do evento resumiu, de certa forma, essa temática, lançando para a 'mesa de debate' as alegadas 'jogadas' que ocorrem nos bastidores da indústria.

Sérgio Fernandez, jornalista da Marca e presença assídua nos Congressos anteriores, apresentou a dualidade de critérios dos jornais - focando-se, naturalmente, nos espanhóis - no tratamento de certos assuntos, admitindo que há hábitos que têm de ser alterados pelos meios de comunicação social, mas defendendo, ao mesmo tempo, que os dirigentes precisam de estar "por cima dessas pequenas disputas de orgulho" para que a indústria possa crescer. 

"A objectividade é quase uma utopia no jornalismo. Principalmente no jornalismo desportivo. Penso que, acima de tudo, temos de ser honestos e não objectivos. Sermos honestos é não misturarmos conteúdos. Por exemplo, fazer entretenimento não é a mesma coisa do que fazer informação", apontou, lançando, de seguida, uma auto-crítica. 
 
"Somos os primeiros a permitir coisas que não deveríamos para conseguir contactos, entrevistas ou fontes. Começámos a achar que temos mais poder do que o efectivo", confessou. Ainda assim, para Sérgio Fernandez, não se podem ultrapassar determinadas barreiras. "Quando o Cristiano Ronaldo chegou a Madrid foi uma loucura. A reportagem era sempre dedicada a ele. Certo dia, o Cristiano deu uma cotovelada num jogador do Málaga. Pensámos: 'E agora? Com o Cristiano sancionado, como é que vamos vender o jornal'?. Claro que isto não deve acontecer", disse. 
 
Deixou para o fim da sua intervenção a postura que os agentes do futebol deveriam ter com o objectivo de preservar o crescimento da modalidade 'de mãos dadas' com a comunicação social, sendo que, na análise do jornalista espanhol, as mulheres devem entrar mais vezes nesse crescimento. "Os dirigentes precisam de estar por cima dessas pequenas disputas de orgulho. Se crescermos [meios de comunicação], cresce a indústria do futebol. E mais, porque preciso de reforçar esta ideia: é muito triste ir aos Mundiais ou aos Europeus e não haver comentadoras mulheres, pois elas escrevem muito bem sobre futebol", concluiu, passando a palavra, nem de propósito, a uma mulher. 
 
Elsa Tiago Judas é advogada e subiu ao palco com o intuito de 'desmistificar' o porquê de, no futebol, a justiça levar tanto tempo a aplicar-se. Segundo a sua abordagem, tudo se dificulta devido aos "interesses conflituantes".
 
 
"O futebol é um subsistema que está pulverizado de interesses conflituantes. Existe sempre o perigo do condicionamento", iniciou, continuando na mesma toada. "É um mundo de lutas de poder e isso afecta a forma como se regulamenta a modalidade. No entanto, tenho de sublinhar que o maior perigo que existe na justiça do futebol se encontra nas suas instituições, precisamente pela forma como estão organizadas", esclareceu, tocando num assunto já discutido pelo Presidente Bruno de Carvalho no primeiro dia.
 
"Como é que pedem que haja eficácia na justiça desportiva se os elementos das instituições continuam a ser nomeados?", questionou. 
 
Questionada foi também a organização do Conselho de Arbitragem pelo antigo árbitro José Leirós, o terceiro orador do Painel, que deixou duras críticas à Comissão Técnica. "A arbitragem portuguesa não consegue ter respeito por todos os clubes. Se a Comissão Técnica, que trabalhava com os árbitros de Norte a Sul do País com o intuito de prepará-los antes de chegarem à Primeira Divisão, já não se preocupa com isso, claro que os profissionais chegam ao mais alto dos patamares sem experiência, sem jogos e sem passarem pelas competições pelas quais deviam passar", afirmou.
 
 
Além disso, José Leirós pediu para que olhassem mais além. Afinal, qual é o futuro de um árbitro português quando termina a sua (curta) carreira? "Têm-se prejudicado carreiras por causa das alterações classificativas dos árbitros - aqui também entra a influência da comunicação social. Essas carreiras que já nem são longas. Podem não acreditar, mas se um árbitro depender apenas do ordenado ganho através da Federação, nem sabem o que lhe irá acontecer quando, de forma permatura, descer de Divisão. Só neste País é que não se aproveita a experiência dos árbitros para desenvolver a área, tal como se faz noutros países", lamentou. 
 
As palavras de Bobby Barnes, presidente da divisão europeia da FIFPro, fecharam o Painel. Foi altura de dar a conhecer o lado do jogador. Aquele lado acerca do qual, segundo defendeu, se pensa poucas vezes. 

 
"Antigamente, um atleta jogava ao sábado ou ao domingo e discutia a sua performance com o treinador, com os colegas de profissão e, talvez, com a família. Actualmente, um jogador de futebol tem centenas de câmaras apontadas a si. Que captam quantas faltas faz, quantas defesas faz, quantos remates faz. Tudo. A pressão é enorme e vivemos numa era em que todas as pessoas pensam que podem ter uma opinião sobre a modalidade", relatou. 
 
"A questão dos jogos combinados é real. Claro que sim. Real e triste. Contudo, também existem outras realidades: a de um jogador chegar ao fim do mês e não receber o ordenado do clube para o qual trabalha. Oiço menos pessoas opinarem sobre isto. Para concluir, há que ter noção de algo: os amantes do futebol têm a responsabilidade de proteger o jogo do qual também fazem parte", rematou. 
 
Foto César Santos

A corrupção foi debatida ao detalhe no TFOF

Por Jornal Sporting
22 Mar, 2018

A manipulação de resultados, a lavagem de dinheiro e a violência foram apenas alguns dos tópicos que abriram o segundo dia do congresso The Future of Football (TFOF)

O segundo dia do IV congresso internacional The Future of Football abriu com um painel incontornável: o pior do futebol. Assim foi apelidado e abrangeu temas como a corrupção e a manipulação de resultados, a lavagem de dinheiro e as propriedades perversas, a violência e as transferências de jogadores fantasmas. Os oradores foram Fred Lord, conselheiro interno da organização internacional anti-corrupção, Rob Harris, jornalista da Associated Press, Chris Walley, antigo chefe de segurança da Associação Inglesa de Futebol, e Pippo Russo, jornalista italiano que tem investigado a corrupção no futebol.

O primeiro a discursar foi Fred Lord, sobre a corrupção e a manipulação de resultados, e o palestrante alertou para o perigo dos problemas em questão, procurando expô-los e, simultaneamente, explicando como se combatem. “Todos sabemos que há muita manipulação no desporto. É um problema global e precisamos de ter uma solução bem coordenada. Ao nível das apostas não reguladas, houve uma explosão: hoje em dia circulam 11 milhões de euros por minuto em termos de apostas nos jogos através de redes globais muito bem financiadas. A ICSS trabalha ao nível da investigação, monitorizando tudo o que se passa nesse mundo. Desenvolvemos uma rede de atendimento que trabalha 24 horas por dia em mais de 220 línguas”, afirmou, não deixando de mencionar outros problemas reais como o tráfico de jogadores e a criação de passaportes falsos para o mesmo fim.

Mais direcionado para a lavagem de dinheiro e para os diferentes tipos de proprietários de clubes – focando, claro está, nos maus exemplos –, Rob Harris deixou sobretudo questões para reflexão. “Temos visto alguns clubes tornarem-se brinquedos nas mãos dos seus proprietários. Temos de colocar questões profundas sobre esta matéria: de onde vem o dinheiro que os clubes gastam cada vez mais? Quem são as pessoas por trás dos clubes?”, começou por perguntar, prosseguindo, deixando um aviso: “Quão sustentáveis são os investimentos chineses ou árabes que se têm assistido? É normal o governo russo envolver-se nos negócios das equipas? Quando dão por isso, os adeptos muitas vezes já não conseguem reclamar, são calados pelos próprios presidentes. Não conseguem lutar contra o aumento do preço dos bilhetes e outras questões que lhes tocam directamente”, disse, explicando que as massas associativas muitas vezes se deixam levar pela promessa de vitórias e, muitas vezes, não têm triunfos nem poder no seu próprio clube.

Chris Walley trouxe à discussão o tema da violência, dando como exemplo a sua experiência no combate aos hooligans, em Inglaterra. Depois de relembrar o problema, mencionando várias tragédias decorridas sobretudo na década de 80, o inglês apresentou a solução que a federação, os clubes e o governo britânico encontraram em conjunto. “Integração de câmaras, criação de um organismo de segurança (os chamados spotters), aumento do nível de stewards e redução de polícias”, frisou, sublinhando que 10 anos depois da reforma a nível da segurança no futebol 3.500 pessoas estavam banidas de ir aos estádios ingleses. Hoje, Inglaterra tem quatro divisões profissionais e em todas a legislação é igual, envolva o maior ou o mais pequeno clube de cada uma.

Por fim, Pipo Russo abordou as transferências de jogadores fantasma e a gestão das finanças dos clubes, apresentando o caso controverso do Chievo e do Cesena, que afirmou tratarem-se de “clubes gémeos”, isto é, que negoceiam jogadores entre si de forma a equilibrar as respectivas contas (foram vendidos jogadores de 15 anos por dois milhões para esses efeitos). “Quando falámos do futebol de hoje em dia, falamos de falta de transparência. Há grandes quantias de dinheiro a envolver a modalidade e a tendência é aumentarem – não porque todos os clubes gastam mais, mas porque alguns gastam muito mais”, disse, finalizando com um outro caso que se revelou dramático: “Em 2002, o Parma tinha uma dívida muito considerável, que resultou destes sistemas e os clubes, de acordo com a lei, deviam pagar essas dívidas no prazo de 10 a 15 anos. No entanto, na Itália e no futebol em geral, os clubes vivem numa bolha. Foi uma lição não aprendida por todos”, mencionou, sobre um clube que caiu nas divisões secundárias, onde continua até hoje.

Foto César Santos

Envolvimento com os fãs: um compromisso de fidelidade?

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

Debateu-se a interacção entre os clubes e os sócios e adeptos no último Painel de quarta-feira

O envolvimento dos clubes com os seus sócios e adeptos, quer a nível digital, quer a nível pessoal foi, talvez, o tema mais 'divergente' do primeiro dia do Congresso 'The Future of Football' - tendo sido, também, o último da tarde. 'Divergente' porque origina muitas opiniões, já que cada pessoa tem a sua forma peculiar de viver o emblema com que se identifica. Nesse sentido, Guillem Graell, director de marca do Barcelona, Keishi Matsuyama Fontes, director digital do Valência, e Rafael de los Santos, director digital global do Real Madrid, preocuparam-se em explicar como é que se torna possível aumentar os seguidores e as interacções nas várias plataformas digitais - personalizando os conteúdos. Por outro lado, Luiz Felipe Scolari, antigo seleccionador da Selecção nacional e da selecção brasileira, Maurício Gomes de Mattos, vice-presidente do Flamengo, e Ricardo Monteiro, antigo presidente do Havas Worlwide, mostraram a proximidade de uma relação que consideraram de fidelidade e compromisso. Um choque de 'realidades' que levou os presentes à visualização de gráficos demonstrativos do poderio da marca blaugrana, mas que também recordou as lágrimas de Cristiano Ronaldo na final do Euro 2004. 

O ‘primeiro tempo’ abriu o mundo digital. Keishi Fontes sublinhou a relevância do que se passa nas redes sociais no que toca ao desenvolvimento de opiniões no seio da… sociedade. "O digital é tão importante porque a tecnologia permite que os diálogos ocorram de forma directa. Está a custar aos Governos aceitar um facto que já está na rua. Não são só os meios de comunicação que moldam a opinião da sociedade. Nas redes criam-se movimentos. Os canais estão sempre abertos. Tudo está conectado", defendeu, apontando que os fãs gostam de receber conteúdos que os aproximem dos clubes. "O digital não é a tecnologia. São as pessoas. Por isso, temos de oferecer às pessoas aquilo que lhes interessa quando lhes interessa. No futebol existe uma matéria-prima preciosa: não há nada mais humano do que pertenceres às tuas cores", vincou. 

Na mesma linha de raciocínio estiveram Rafael de los Santos e Guillem Graell. Enquanto o director digital global do Real Madrid exaltou a dimensão dos madridistas, o director da marca do Barcelona destacou a capacidade de um clube com tamanha notoriedade conseguir alterar a vida dos seus seguidores. 

"A transformação digital cria impacto no negócio. Todas as pessoas têm a sua vida no telemóvel e os nossos amigos são aqueles com quem nos damos presencialmente e os outros, com quem interagimos todos os dias nas redes sociais. O Real Madrid possui cerca de 600 milhões de fãs por todo o Mundo, logo, a nossa missão passa por contactá-los de forma personalizada", referiu Rafael. 

"Queremos ser a marca desportiva mais admirada, mais amada e mais global. Não queremos ser um pequeno clube de futebol, mas, antes, uma marca desportiva. A nossa fasquia está bastante elevada. No fundo, pretendemos transformar o Mundo através do desporto - algo que vai além das vitórias e dos troféus", disse Guillem.

Luiz Felipe Scolari, Maurício Gomes de Mattos e Ricardo Monteiro trouxeram a emoção. A mensagem mais forte de Scolari assentou no respeito que teve pelas várias culturas dos países onde exerceu a profissão de treinador (Arábia Saudita, China, Japão, Inglaterra, etc.). Uma das confissões mais curiosas do ex-técnico envolveu a cultura dos adeptos ingleses. 

"Aprendi, em Inglaterra, que os adeptos do Watford torcem pelo Watford. Não torcem pelo Watford e pelo Manchester United. Aprendi, em Inglaterra, que os adeptos do Birmingham torcem pelo Birmingham. Não torcem pelo Birmingham e pelo Chelsea. Isso não acontece no Brasil. Contudo, por outro lado, o país que mais me impressionou ao nível da organização no futebol foi o Japão", revelou. 

O vice-presidente do Flamengo, Maurício Mattos, transmitiu ao auditório toda a sua paixão pelo emblema brasileiro e o percurso em crescendo de um 'torcedor' que chegou a uma posição importante no clube. "Quando cheguei ao clube, pensei: 'Como é que posso ajudá-lo sem a habilidade do Zico?'. Depois, percebi que era necessário atrair adeptos, projectar consolados pelo Mundo e desenvolver o departamento de scouting. Orgulho-me por ter conseguido", afirmou.

A 'chave de ouro' esteve no discurso de Ricardo Monteiro, antigo presidente do Havas Worldwide. Com perguntas simples, mas inteligentes, atraiu a atenção dos presentes, obrigando-os a questionarem-se acerca do porquê do futebol ser, em Portugal, o fenómeno de massas mais envolvente. 

"Será que isto acontece pelo facto de o futebol envolver muito dinheiro? Não, pois os fãs não se compram. Em Portugal, o que mais se vê são jogos de futebol. E em Espanha ainda são piores do que nós. No entanto, em Inglaterra, a pátria da modalidade, o futebol é um fenómeno regional, por isso nenhuma partida está no top10 de programas mais assistidos", lançou, terminando com a seguinte exposição. "Ninguém vai às lágrimas pela Apple... pela Nike. Vamos às lágrimas pela emoção que nos liga a um clube e isso é um traço cultural português", concluiu. 

 
 
Foto César Santos

Liderança da Argentina à Rússia em Alvalade

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

No terceiro painel debateram-se os diferentes tipos de liderança, da teoria à prática e nos mais variados países. Paulo Futre, Gonzalo Moya, Francisco Rodrigues e Alexander Atamanenko foram os oradores

Depois do vídeo-árbitro e dos modelos de governação, o tema do terceiro painel do congresso internacional The Future of Football foi a liderança. De uma equipa de futebol ou de todo um clube; na Argentina, em Portugal, em Espanha ou na Rússia, a liderança exerce-se de diferentes formas e foram essas as diferenças que serviram de mota. Paulo Futre, antigo jogador do Sporting CP e capitão do Atlético Madrid, Gonzalo Moya, advogado do River Plate, Francisco Rodrigues, coronel da Guarda Nacional Republicana (GNR) e Alexander Atamanenko, director comercial do Spartak de Moscovo foram os palestrantes. Tomaz Morais, antigo seleccionador português de râguebi, foi o moderador.

O argentino Gonzalo Moya foi quem abriu as hostilidades e, na sua apresentação, falou naturalmente do caso do River Plate: um gigante que há poucos anos desceu para a segunda divisão e que mergulhou numa profunda crise global. “O que foi que nos levou à segunda divisão? É difícil um clube como o River descer só por uma má temporada desportiva. Tratou-se de uma crise que contabilizou três temporadas e não apenas algo desportivo. Houve uma sucessão de três maus mandatos administrativos, cada um de quatro anos. Criou-se um enorme passivo que levou à falta de credibilidade no mercado financeiro porque se disse que o River não cumpria. O fervor dos adeptos, que ganharam demasiado poder dentro do clube, também agravou a situação. Os Barras Bravas ganharam tanto dinheiro no River que se geraram divisões internas, violência e mortes”, revelou, explicando que para dar a volta ao problema foi preciso uma liderança firme e essa só surgiu depois da mudança da direcção.

“Em 2013 fizeram-se novas eleições, mudou o presidente e, perante um contexto complicado, a sua gestão passou por eliminar passivos tóxicos, cancelar a dúvida com a Federação Argentina, criar estruturas profissionais em todas as áreas do clube e valorizar o plantel profissional, com o qual passou a cumprir os compromissos laborais. Esta gestão aproximou o clube dos adeptos e traduziu-se em vitórias”, disse, recordando que de 2012, ano em que a equipa subiu de divisão, até 2015, o emblema argentino passou a disputar a final do Campeonato do Mundo de Clubes com o FC Barcelona e ganhou 10 títulos.

De um ponto de vista diferente, até porque a realidade apresentada também era distinta, Alexander Atamanenko, do Spartak de Moscovo, explicou como o clube russo, sem vencer títulos, aumentou o seu número de adeptos. A liderança, neste caso relacionada com a massa associativa, também assumiu um papel relevante. O director comercial explicou como. “O que é importante em tempos de insucesso é segurar os adeptos. Passámos 14 anos sem vencer o campeonato e nos últimos seis anos aumentámos o nosso número de adeptos de 12 para 18 milhões. Nós vemo-los não só como adeptos, mas como membros de uma família. Diferentes entre si, mas todos com um objectivo comum”, afirmou, abordando algumas das medidas concretas que o clube promoveu. “Fizemos acções com eles e com os jogadores, de forma a aproximarem-se, como por exemplo conferências de imprensa com crianças a fazerem perguntas”, indicou, dando exemplos de outras acções, como uma em que um adepto com problemas graves de saúde deu o pontapé inicial de um jogo ou da habitual presença dos adeptos nos treinos.

Num plano mais teórico, até por não se tratar de alguém do meio do futebol, Francisco Rodrigues, coronel da GNR, definiu os vários géneros de liderança, não deixando de direcionar os casos para o meio desportivo. “Falar sobre liderança é acima de tudo praticá-la, senti-la e partilhá-la. Os treinadores, quando reúnem os jogadores no balneário ou lhes dirigem instruções assertivas, praticam liderança. Quem será do treinador, comandante ou qualquer outro líder que não consiga transmitir confiança. Uma equipa não é um conjunto de pessoas que se junta à pressa, mas sim um conjunto de individualidades que se focam nos objectivos colectivos e que se envolvem na concretização dos mesmos. Os estágios são bons exemplos, no futebol, de alturas em que se procura desenvolver este espírito de que falo”, indicou Francisco Rodrigues.

Em plano oposto, Paulo Futre, sempre no estilo bem-humorado por que já se fez conhecer, entreteve a plateia através de várias histórias da sua carreira em que a liderança foi denominador comum, nomeadamente quando foi nomeado capitão do Atlético Madrid com apenas 22 anos. “O dia em que soube que ia ser capitão do Atlético Madrid foi o pior dia que tive naquele balneário”, começou por revelar, prosseguindo: “A seguir ao presidente dispensar o capitão da altura, foi-me dito que tinha de ir ao escritório dele e foi aí que me disse que tinha sido eu o escolhido. Respondi-lhe que tinha 22 anos e que havia jogadores com 30, da formação. Pedi-lhe para não o ser, disse-lhe que me iam matar, mas respondeu que era ele quem mandava”, revelou, explicando que na sua opinião ninguém com aquela idade estava preparado para liderar o balneário. Ainda assim, a decisão não foi revertida e Paulo Futre teve de lidar com ela.

“Ganhei o balneário pouco a pouco, mas ganhei-o definitivamente quando um miúdo da formação subiu para a equipa profissional e lhe foi diagnosticado um cancro na tíbia. O presidente anunciou desde imediato que lhe ia renovar o contrato mas, antes de o fazer, tocou-me a mim renovar. Aí, disse que só renovaria depois de o miúdo renovar à minha frente. Ele chateou-se, mas lá o fez. Quando entrei no balneário, foi a primeira vez que vi respeito nos olhares dos meus companheiros e me senti um líder”, terminou o antigo jogador.

Foto César Santos

Modelos de Governação para o Futuro: a necessidade de transparência

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

Melanie Scharer, Darren Bailey e Bruno de Carvalho reforçaram a urgência da mudança no mundo do futebol

O exemplo trazido por Darren Bailey, consultor da Charles Russel Speechyls LPP e Co. e co-fundador do Sport 360, resume da melhor forma o Painel II do Congresso, que abordou os Modelos de Governação para o Futuro. Darren mostrou a todos os presentes uma imagem com duas chuteiras de futebol: uma, de 1934; outra, de 2018. Depois, explicou a analogia: "Continuamos a utilizar modelos de governação que não se adequam ao tipo de jogo. Seria como pedirmos aos atletas para jogarem com botas de 1934". A partir desse momento, tornaram-se claras as pretensões dos discursos de Melanie Scharer, advogada suíça especializada nas leis do desporto e de Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting CP. A necessidade de mudança e a urgência de transparência em relação aos modelos actuais marcaram um Painel inteiramente virado para o tempo verbal que rege o evento. 

"Na Suíça temos cerca de 200 sedes de organizações internacionais. Gostamos muito de recebê-las, mas acreditamos que não escolhem aquele local por causa do chocolate", brincou Melanie, empenhada em explicar a preferência de organismos como o Tribunal dos Direitos Humanos, a Cruz Vermelha, a UEFA ou a FIFA. "Tem que ver com a neutralidade política e com a estabilidade do país. A Suíça possui uma taxa de inflação baixa e promove o desenvolvimento humanitário. No total, são 70 organizações desportivas internacionais que albergam cerca de 1.800 trabalhadores", apontou, apresentando, de seguida, um breve resumo sobre a forma como essa característica cresceu dentro do país. A verdade é que a Suíça manteve, ao longo do tempo, um papel importante no que à evolução da governação diz respeito. 
 
 
Relativamente ao caso inglês, Darren (o mesmo que havia dado o exemplo das chuteiras) defendeu que a evolução no futebol deve seguir a evolução rápida de todas as outras coisas que 'pairam' à nossa volta. "Todos os aspectos da nossa vida têm-se alterado de forma rápida. O futebol não é excepção. Precisamos de avançar. Existe progresso na Ciência, na Nutrição e na Medicina. No futebol também é obrigatório corresponder às exigências dos consumidores e tentar que as regulamentações acompanhem as expectativas. Contudo, assistimos a um conflito de interesses por parte das equipas e de muitas instituições. Partimos do príncipio de que o jogo vai sobreviver independentemente das decisões e isso não é verdade", alertou, indicando imediatamente sugestões que possibilitem a melhor compreensão dos principais consumidores: os adeptos. 
 
"Se os parâmetros forem claros não precisas de estar sempre a explicar às pessoas as nossas tomadas de decisão. Tem de haver maior dependência e especialização ao nível da arbitragem, por exemplo. Em Inglaterra existem quatro membros de uma instituição composta por 12 pessoas que não fazem parte do mundo do futebol. Isto não é ilógico, porque é necessária uma visão objectiva. Mais: trabalhei oito anos numa instituição desse género e nunca percebi por que é que os árbitros não se podem manifestar. A separação de poderes - entre quem cria as regras e quem as implementa - é peremptória", avisou. Antes de terminar, Bailey lançou uma frase esclarecedora: "Não podemos ter o melhor regulamento se não tivermos líderes com uma cultura justa". 
 
 
A última participação coube a Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting CP, que discursou em sincronia com o co-fundador do Sport 360, criticando ainda o modelo utilizado no futebol português. Na opinião do líder máximo do Clube, os principais órgãos governativos não podem estar submetidos a eleições decididas por aqueles que, mais tarde, vão regular. 
 
"Actualmente, no modelo português, a Liga tem ao seu dispor a Primeira Liga, a Segunda Liga e uma Comissão de Inquéritos. Depois, vem a Federação, onde existe um Conselho de Arbitragem, outro de Disciplina e outro de Justiça. Ainda há o Tribunal Arbitrário do Desporto (TAD), que permite a possibilidade de recurso relativamente à disciplina desportiva. Como é que se consegue credibilização se são os próprios clubes que definem quem está à frente destes órgãos?", questionou, assumindo: "Não acredito neste modelo". 
 
Prontamente, Bruno de Carvalho definiu uma forma de profissionalização dos sectores. "A Liga deveria ter um único intuito: organizar o campeonato português. Tem de ser, de uma vez por todas, o centro do negócio. Por sua vez, a Federação deveria dedicar-se às Selecções, ao futebol de formação e ao futebol amador. Que seja o Governo a definir quem, por competência, deverá estar nos respectivos cargos. Não posso ter pessoas condicionadas por eleições", concluiu. 
Foto César Santos

Vídeo-árbitro: como apareceu e como vai crescer

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

O congresso The Future of Football reuniu representantes dos Estados Unidos, Alemanha, Portugal e do International Board para debater o desenvolvimento do vídeo-árbitro

A mesma metodologia, diferentes exemplos e implementações: foi este o mote da discussão no primeiro painel do congresso The Future of Football. Greg Barkey, director técnico da MLS, dos Estados Unidos, Florian Goette, responsável da arbitragem da Associação de Futebol da Alemanha, José Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Lukas Brud, CEO do International Board, foram os oradores, à medida que Keith Hackett, antigo árbitro inglês de 73 anos, foi o moderador. Foram contados exemplos, apresentados dados e discutidas ideias: no fim, ganhou a plateia – e a decisão não precisou de vídeo-árbitro.

“Há quatro anos estive aqui a falar do futuro, da forma como poderíamos usar o vídeo para ajudar o processo de decisão dos árbitros. Aí, não pensei que a mudança fosse tão rápida no que toca às leis do jogo. À velocidade da luz, mais de 20 países passaram a ter o VAR. Tenho visto algumas mudanças globais e a entrada do VAR foi uma das maiores”, começou por dizer Keith Hackett, à medida que lançou a discussão. Um dos primeiros países a introduzir as tecnologias no futebol foi os Estados Unidos, e talvez por isso o primeiro a expor a sua experiência foi Greg Barkey. Com a ajuda de vários vídeos auxiliares – lá está: o papel da tecnologia! – o representante da MLS falou do processo de implementação do vídeo-árbitro.

“A nossa época começou há seis meses e começámos com o vídeo-árbitro. No início, tivemos boa imprensa. No entanto, foi importante educar os diferentes agentes: os adeptos, a imprensa, os clubes e os jogadores. Houve, por exemplo, uma pessoa responsável por clarificar as dúvidas que surgissem por parte dos envolvidos assim que os jogos terminavam e, ainda antes, efectuámos seis meses de testes ‘offline’, com treino da prática do VAR, torneios e jogos simulados”, explicou, adiantando que se perderam, em média, mais dois minutos por jogo. “O VAR funciona perfeitamente quando os árbitros são bons: nunca se reverteu uma boa decisão para uma má”, atirou, fazendo a ressalva: “Temos de entender que o VAR não vai eliminar todos os erros, vai apenas diminui-los”.

Já num contexto europeu, Florian Goette foi o primeiro a discursar. O alemão falou nalgumas dificuldades iniciais (apesar de não o ter mencionado, o responsável pelo vídeo-árbitro na Alemanha foi despedido por alegadamente favorecer o Schalke 04) e explicou como foi possível ultrapassar essas questões inerentes à introdução da tecnologia no apoio à arbitragem. “Acredito que a forma como introduzimos o processo e como o comunicámos, através da imprensa, com os adeptos e todos os elementos relevantes no futebol, foi importante para a implementação e a aceitação do VAR na Alemanha. O objectivo é interferir o menos possível e, neste momento, a média é de uma revisão por cada três jogos, sendo gasto em média um minuto por interferência”, disse.

No final da sua intervenção, Florian Goette falou do futuro e da forma como o mesmo pode passar por introduzir outras ferramentas para comunicar melhor o vídeo-árbitro com os adeptos, ideia que José Gomes revelou ir ser estudada em Portugal no futuro. O presidente do Conselho de Arbitragem sublinhou o sucesso do vídeo-árbitro, revelando, como na MLS, que foram tomadas muitas medidas para esse mesmo êxito. “Este projecto tem tido bastante sucesso, embora nem sempre como queríamos, mas estamos num bom caminho e temos feito tudo o que está ao nosso alcance para melhorar a experiência com esta ferramenta. Desde o início houve os primeiros workshops, houve treinos, jogos simulados e formação a todos os clubes da primeira divisão e aos media. Continuamos com essa formação aos árbitros três dias por semana. É um trabalho contínuo e que a FPF não deixará de fazer”, esclareceu, dizendo que na Liga NOS houve 243 jogos com VAR e 1493 lances visualizados, 79 revisões e 57 lances revertidos.

Por fim, Lukas Brud, do International Board, mostrou um vídeo com vários números e declarações dos intervenientes, esclarecendo simultaneamente algumas dúvidas da plateia, inclusive do Presidente Bruno de Carvalho, ao qual assegurou que cabe às federações de cada país os detalhes da implementação do VAR. “A comunicação e a educação foram aspectos importantes na introdução desta mudança, e foi uma das coisas em que nos focámos. Claro que não foi tudo perfeito – nunca nada o é na fase de implementação”, disse, esclarecendo, sobre as limitações que os estádios apresentam: “Mais importante do que o número das câmaras, é a posição das câmaras”.

Foto César Santos

"Aplaudo a coerência do Sporting CP na defesa do debate aberto"

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

Fernando Gomes também falou no discurso de abertura do Congresso, tal como Emanuel Medeiros

Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e Emanuel Macedo de Medeiros, CEO da Sport Integrity Global Alliance (SIGA), fecharam o discurso de abertura do Congresso, sendo que ambos elogiaram a preocupação do Clube em manter activa a discussão acerca da melhoria do futebol (a todos os níveis). 

"O Pavilhão João Rocha será a verdadeira casa da discussão do futebol, quer nacional, quer internacional. Aplaudo a coerência do Sporting CP na defesa do debate aberto sobre temas que interessam à modalidade. Desejo, ainda, que o futuro do futebol seja discutido para que se se encontrem os caminhos que o seu futuro merece", destacou Fernando Gomes.
 
 
Já Emanuel Macedo de Medeiros, CEO da SIGA, utilizou palavras de incentivo na defesa de valores que têm de ser a base de um País repleto de atletas de qualidade. "O futuro só se faz se for baseado em princípio sólidos e valores firmes. Aqui, emerge um conceito importante: o da reputação. Uma vez quebrado, uma vez posto em causa, nunca mais se consegue dirigir da mesma forma. Vivemos tempos conturbados, mas temos tudo para ser uma grande Nação em termos de futebol. Temos os melhores jogadores e treinadores do Mundo. Somos campeões europeus de futebol e de futsal. No entanto, assistimos a uma diária carnificina entre os principais dirigentes do futebol em Portugal", lamentou, lançando um desafio.
 
"Não podemos esperar mais pelos governos. Há que agir em torno da mudança", rematou. 
Foto César Santos

"Em Portugal, vivemos numa época de crise de valores"

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

Bruno de Carvalho deixou várias mensagens fortes no discurso de abertura do Congresso 'The Future of Football'

As portas do Pavilhão João Rocha abriram esta quarta-feira para receber o IV Congresso 'The Future of Football' (TFOF), um evento internacional que irá trazer à casa das modalidades do Sporting CP inúmeras questões acerca do futebol. Serão dois dias (21 e 22 de Março) exclusivamente dedicados ao debate de temáticas importantes, que 'governam' o fenómeno desportivo mais mediático do Mundo.

Bruno de Carvalho, Presidente do Clube, foi o primeiro a subir ao palco para o discurso de abertura. Entre várias mensagens fortes, o líder máximo dos leões deixou também a contribuição dos anteriores TFOF's na modernização do futebol, nomeadamente a introdução do vídeo-árbitro (VAR). Logo a abrir, Bruno de Carvalho fez questão de mencionar Fernando Peyroteo, já que se celebra o centenário do nascimento do maior goleador mundial de todos os tempos. 
 
 
"Estamos a celebrar o centenário do seu nascimento na mesma semana em que a Federação Portuguesa de Futebol reconheceu Fernando Peyroteo como o maior marcador mundial. Foi também fantástico assistir a esse reconhecimento por parte da UEFA e da FIFA. De facto, Peyroteo era uma máquina goleadora e será sempre uma referência e um orgulho para um Clube que tem exemplos como Cristiano Ronaldo e Luís Figo", começou por sublinhar, após a visualização de um pequeno vídeo acerca do percurso do inesquecível avançado verde e branco, que ainda representou a Selecção Nacional.
 
Retrospectiva de três anos de sucesso
 

Prosseguindo, Bruno de Carvalho deixou um balanço esclarecedor sobre as anteriores edições do Congresso, destacando que o Sporting CP se manteve sempre preocupado em conservar os valores que guiam o futebol. 

 
"Aqui, pela primeira vez, debatemos a introdução do VAR. Para chegarmos ao ponto a que chegámos hoje tivemos de ser atacados por todos aqueles que se sentiam confortáveis com os erros de arbitragem. O Sporting CP nunca se sentiu, nem compactuou com isso", referiu. "Estamos contentes pelo facto de a UEFA e a FIFA terem proibido a utilização de alguns fundos, isto porque queremos que o negócio do futebol seja o mais responsável possível. A Europa enfrenta vários desafios, sendo que a diferença de orçamentos é um deles, por isso não vão estranhar se ouvirem falar sobre a tal Super Liga Europeia, talhada somente para os clubes que dominam financeiramente. Tenho a confiança de que as entidades estão atentas a essa situação e possam apresentar, nos próximos anos, uma resposta adequada relativamente às desigualdades", continuou.
 
Mais uma vez, os Sportinguistas não foram esquecidos, tendo o Presidente leonino explicado que só uma postura totalmente transparente por parte do Clube consegue unir os Sócios e adeptos. "Em breve, chegaremos aos 170.000 Sócios. No entanto, o nosso maior desafio será mantê-los e fazer com que estejam presentes nos eventos desportivos. Sabemos que a transparência aproxima os Sportinguistas do Clube", disse. 
 
Para último, ficou o desejo de acabar com a violência e a corrupção no desporto, nem que para isso se tenham de seguir modelos aplicados com sucesso noutros países. "Em Inglaterra houve vários problemas relativamente à violência nos jogos de futebol e souberam resolvê-los de forma exemplar. Agora, os Estádios são palcos para toda a família. Sempre que existem falhas é necessário encontrar outros sistemas. Em Portugal, vivemos numa época de crise de valores. É preciso apelar às autoridades para se resolverem questões flagrantes. Devíamos seguir os exemplos de Itália e de Inglaterra", concluiu. 
 

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