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"Não deve haver uma ruptura mas sim uma integração"

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Ángel Maria Villar, vice-presidente da FIFA, encerrou 'The Future of Football'

Ángel Maria Villar, vice-presidente da FIFA e antigo jogador que passou 12 anos no Athl. Bilbao, cidade onde nasceu, encerrou a segunda edição do Congresso Internacional ‘The Future of Football’. Com um discurso nostálgico e puxando muito ao conceito do que era o futebol há 40 anos, o dirigente destacou a importância das ligas nacionais.

“Gostei muito do que ouvi e tenho de dar os parabéns ao Sporting, em nome do seu Presidente, por esta grande iniciativa. Tive a sorte de jogar futebol e formei-me em cada um dos escalões como desportista e homem. Há 40 anos, havia espectadores, jogadores, ligas, organizações internacionais... Hoje, está tudo igual. Se formos à origem do futebol, está tudo igual. Quem decidiu como deveria funcionar o futebol não errou porque o que existe hoje é isso de forma aperfeiçoada”, começou por destacar o espanhol.

“Devemos seguir um caminho não de ruptura com o passado mas sim de integração, compreensão e melhoramento. O futebol está em boas mãos e aspectos novos como a introdução das tecnologias deve ajudar mas não substituir os árbitros. É com que existam as competições transnacionais mas devemos respeitar sempre as provas nacionais – é aí que está o passado, o presente e o futuro. São elas que contribuem para o desenvolvimento do futebol. Estes são alguns dos grandes debates para o futuro mas é preciso que continuem as mesmas coisas do passado: as cidades, os bairros, os espectadores que iam de bicicleta para os estádios e hoje vão de carro, clubes grande, clubes pequenos... Muito obrigado a este grande Clube português, europeu e mundial por ter organizado este Congresso”, concluiu Ángel Maria Villar.

A terra das oportunidades, também no futebol

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Lino di Cuollo, representante da MLS, falou sobre o crescimento do futebol nos Estados Unidos

No segundo painel do segundo dia do congresso ‘The Future of Football’ estiveram em debate os mercados emergentes do futebol mundial, a forma como têm crescido e, sobretudo, como planeiam manter o crescimento nos próximos anos e encurtar o espaço entre as suas ligas e os campeonatos europeus. No caso norte-americano, Lino di Cuollo expôs as três fases em que a ‘Major League Soccer’ (MLS) sustentou o seu crescimento e as prioridades da liga que se quer independente e cada vez mais atractiva tanto para os norte-americanos como para os restantes adeptos da modalidades espalhados pelo mundo.

A intitulada versão 1.0 correspondeu à fase embrionária da liga, que se estreou em 1996 com somente dez equipas a competir. O projecto remontava ao ano de 1993, em que o país deu como garantia a criação do campeonato de forma a receber o Campeonato do Mundo em 1994. O campeonato cresceu progressivamente, sempre com ideias bases colectivas como a centralização dos contractos dos jogadores, que são controlados pela liga de forma a manter o equilíbrio e sustentabilidade de todas as equipas, ou a distribuição equitativa do ‘merchandising’ pela classificação que os clubes garantem no campeonato. "Na MLS fazemos com que toda a competição se passe em campo. Fora dele, cooperamos”, afirmou Lino di Cuollo na sua apresentação, explicando que a ideia passa por manter as oportunidades e a competitividade intactas.

Ainda assim, porque sem grandes nomes o interesse geral demorava a acentuar-se, e sem maiores investimentos não apareceriam grandes nomes, a MLS avançou para a sua versão 2.0 com a lei que veio a mudar a realidade da competição. A ‘designated player law’, que no fundo não era mais do que a possibilidade de as equipas poderem contratar um jogador fora dos orçamentos autorizados pela liga, levou David Beckham para o LA Galaxy e consigo uma nova atenção para o campeonato dos EUA. O aumento do investimento tanto em jogadores como em recursos humanos e a aposta na construcção de infra-estruturas foram os passos seguintes, levando a MLS para a sua actual versão, 3.0, em que começaram as construcções de estádios com o principal propósito de prática do futebol e trouxe uma série de ‘designated players’ – entre os quais Henry, Pirlo, Lampard ou Gerrard.

Segundo Lino di Cuollo, as receitas da liga e por consequência dos clubes não têm parado de aumentar, ano após ano, garantindo-se através de um modelo centralizado a justa distribuição das verbas, de forma a possibilitar a legítima aspiração de cada equipa e a preservar a competitividade entre as mesmas. Para o futuro, o objectivo passa por fazer crescer a liga até às 28 equipas e desenvolver-se cada vez mais o trabalho de formação que permita criar bases para o desenvolvimento do futebol norte-americano. 

"Futuro melhor consoante a capacidade de construí-lo"

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Fernando Gomes destacou testes às novas tecnologias em Portugal até 2018

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, foi o segundo interveniente na sessão de encerramento do Congresso Internacional ‘The Future of Football’, destacando o facto de Portugal ser um dos nove países que vão testar as novas tecnologias ao longo das próximas duas temporadas.

“Estas jornadas de discussão de temas do futebol já vai agora para a sua segunda edição. Falar de futebol é sempre um estímulo. Estamos agora num período onde haverá um intenso debate sobre as competições europeias, Liga dos Campeões e Liga Europa, mas as competições nacionais não podem nunca deixar de ser a primeira referência para os atletas e para os clubes, mesmo não sendo incompatíveis”, salientou o também dirigente do Comité Executivo da UEFA.

“A Federação Portuguesa de Futebol é um dos nove países do mundo que irá testar as novas tecnologias ao longo das próximas duas épocas, por forma a que esteja já testada e pronta para ser usada em pleno no Campeonato do Mundo de 2018, como foi referido ainda esta semana pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino. Ainda assim, mesmo com a introdução das novas tecnologias, o futebol não ficará livre de todos os erros mas os árbitros serão ajudados para poderem acertar o máximo das decisões em nome da verdade sem quebrar o jogo”, destacou ainda Fernando Gomes, antes de vincar a importância da transparência no futebol para bem do fenómeno.

“Tudo o que os adeptos não percebem deve ser alvo de ponderação e tornado mais simples. A substituição do presidente da FIFA não pode ser um processo acabado e foi por isso que a Federação e algumas pessoas que me acompanham estiveram juntos na sua eleição. O futuro não espera, escreve-se. E poderá ser melhor consoante a nossa capacidade de construí-lo”, concluiu.

"Liga revê-se na capacidade de reflectir, arriscar e inovar"

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Pedro Proença elogiou realização e temas do 'The Future of Football'

Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa de Clubes de Futebol, foi o primeiro orador na sessão de encerramento do Congresso Internacional ‘The Future of Football’. Entre vários elogios à organização do Sporting CP e a à pertinência dos temas abordados, o antigo árbitro internacional admitiu que as ideias discutidas entroncam no pensamento da própria organização que dirige.

“O Sporting CP está de parabéns pela realização de um evento de grande dimensão e relevância, com riqueza de conteúdos e variedades de temas que permitiu elevar o nome do futebol português. A Liga revê-se na capacidade de reflectir, arriscar e inovar – e esses temas apontam para aquilo que tem sido a estratégia da Liga profissional em Portugal. O futebol profissional português tem uma capacidade constante de produzir, valorizar e exportar talentos. Temos os melhores jogadores e treinadores do Mundo”, iniciou.

“É imprescindível que tudo isto seja acompanhado por uma mudança de paradigma, acompanhando os modelos de sucesso da Europa e se possível superá-los. Esta é uma área que exige uma actualização constantes e o ‘The Future of Football’ ajuda-nos também a manter a rota de sucesso. Vimos e ouvimos muitas coisas interessantes em que a Liga Portugal se revê por completo. Queremos estar com o Sporting CP na mudança”, acrescentou ainda na fase inicial antes de resumir o trabalho desenvolvido no primeiro ano como presidente da Liga de Clubes.

“A Liga Portugal é a casa do futebol profissional e o nosso Campeonato está recheado de grandes jogos e golos. Estamos a demonstrar o ‘futebol com talento’, que é o nosso posicionamento. Há muito para melhorar e temos feito por isso. O primeiro ano tem estado focado na mudança de paradigma. Cabe à Liga valorizar o negócio e promover o futebol, sendo mais atraente, auto-sustentável e captando a atenção de eventuais investidores. O caso da Ledman LigaPro é um bom exemplo de como queremos responder aos grandes desafios, encontrando novas formas de financiamento: procuramos noutros mercados, conseguimos alterar uma realidade esgotada, desenhámos um novo modelo competitivo que valoriza os clubes e a competição, conseguimos que seja uma plataforma de lançamento de novos talentos e valorizámos o jovem jogador português”, destacou Pedro Proença, sem deixar de abordar temas prementes como as apostas online, o vídeo-árbitro e a tecnologia da linha de golo.

"Queremos voltar a ser dominantes no futebol"

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Resumo da entrevista de Bruno de Carvalho à TSF no 'The Future of Football'

Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting Clube de Portugal, concedeu uma extensa entrevista à TSF na antecâmara do Congresso Internacional ‘The Future of Football’, explicando os frutos colhidos na primeira edição e os desafios para os painéis que ontem tiveram início no Auditório Artur Agostinho. “Todos os anos temos de ir falando de situações distintas. No ano passado falámos de temáticas relevantes como as novas tecnologias e as ‘Third-party ownership’, que as pessoas conhecem mais como fundos mas que é muito mais do que isso, e foram assuntos em que o Sporting teve uma grande intervenção cá e além-fronteiras de forma vincada e assertiva. Foram pontos importantes para nós, apesar de já dever ter sido apresentada uma legislação transparente em relação a essa matéria para atrair mais parceiros financeiros para o futebol. A nossa batalha e uma das nossas ideias fundamentais, que eram as novas tecnologias, já têm hoje um discurso correcto. Este ano falamos de novas matérias, tocando ainda alguns pontos da primeira edição, como as novas fontes de receitas, apostas, direitos televisivos, quais são os mercados emergentes e perceber como funcionam, e a relação dos media com o desporto. É preciso perceber essa ligação porque se está a moldar milhões de pessoas”, comentou o líder ‘leonino’ a propósito do evento. “Se o ambiente acalma com estas introduções das novas tecnologias? Penso que é importante sendo acompanhado de outros pontos. Exemplos: como se classificam os árbitros, quais são as regras para isso, como fazem os observadores as análises... Sabe-se tudo no futebol menos isso, que é algo importante. Para trazer racionalidade ao futebol é necessário trazer a transparência. Sou uma pessoa que gosta de defender com paixão aquilo em que acredita. Disseram-me que, em relação aos fundos e às arbitragens, seriam necessários 20 anos; três anos depois, estão à vista as mudanças. Alguns dirigentes têm segundos objectivos e querem criar pressão junto dos árbitros, sendo que já disse várias vezes junto das instituições que se colocam a jeito e como poderiam fugir a isso. Como as pessoas estavam aborrecidas de corrupção no futebol, tudo deu uma volta de 180º. Irrita-me estar num mundo onde as pessoas acham que é tudo corrupto e assobia--se para o lado. Se as nomeações, observações e classificações não são entendidas por ninguém, tenho de alertar a opinião pública da realidade e do que deve acontecer. Ouvi de pessoas responsáveis, mais do que uma, na FIFA, na UEFA e na ECA, que quando deixar de haver esta guerra relacionada com a arbitragem o futebol morre – este raciocínio é arcaico e assustador”, acrescentou.

Em paralelo, Bruno de Carvalho falou de diversos temas da actualidade ‘verde e branca’ e do futebol. “Estou a aguardar pelo programa, é por aí que nos guiamos. Para mim, primeiro é o que se quer fazer e depois se a pessoa consegue ou não exercer o cargo. No futebol, infelizmente, é sempre ao contrário: quem são as pessoas é que interessa. Se for aquilo que trabalhámos em conjunto e que apresentámos como propostas, acredito nisso em pleno. Mas estou à espera de saber se será assim”, comentou a propósito da hipótese de José Fontelas Gomes, actual líder da APAF, substituir Vítor Pereira no Conselho de Arbitragem. “Ser campeão é um objectivo assumido e se não formos admito que será uma desilusão grande para a nação Sportinguista, porque se percebe que, apesar de alguns resultados menos bons, continuam a encher estádios. Sabíamos que estávamos a lutar com uma realidade em que diziam que fechávamos em três meses, que não tínhamos grande parte das percentagens dos jogadores mas que devíamos manter o lema do Clube que é a glória, onde se chega com esforço, dedicação e devoção. Estabilizámos o Sporting em termos financeiros, num caminho muito difícil mas onde conseguimos entrar de forma directa na Champions. O Jorge Jesus é o cimento que veio agarrar toda a infra-estrutura e este projecto, alguém com ambição, excelência, compromisso – ou seja, todas as qualidades que nos permitem consolidar o projecto financeiro e desportivo, que nunca podemos separar. Não ser campeão será uma desilusão mas não põe nada em causa porque toda essa consolidação já é uma realidade”, destacou sobre as próximas quatro jornadas do Campeonato, antes de abordar o actual plantel ‘leonino’: “Este plantel já foi reformulado naquilo que eram as ideias e as vontades do que se queria para o Sporting lutar pelo título e ter um aproveitamento claro da formação. Aconteça o que acontecer, não coloca em causa o projecto nem eleições antecipadas. Nada!”.

“O Sporting conta na próxima época com Alan Ruiz, é mais ou menos público. Tivemos uma política muito clara de renovações e deu uma mensagem muito clara para dentro e para fora do balneário do que quer para o futuro. Quando vejo as notícias da venda das pérolas, não percebo... Queremos voltar a ser dominantes a nível do futebol, algo que já somos a nível desportivo – o Clube é a maior potência desportiva nacional mas ainda não o é no futebol. Por isso, queremos estabilizar a base do plantel e não vamos entrar em loucuras de vender os melhores jogadores. O Sporting vai manter os seus valores e de forma cirúrgica fazer duas ou três aquisições. A mensagem está dada, só não percebeu quem não quis: não renovamos para saírem mas sim porque queremos que continuem”, explicou ainda o Presidente ‘leonino’, completando: “No Sporting nunca estou tranquilo, quero sempre mais e melhor porque não posso nunca ficar satisfeito. Estarmos a uma vitória da Liga dos Campeões é algo natural pelo trabalho que fomos fazendo, apesar de não ser algo regular no Clube. As ambições do Sporting, do Presidente e do treinador, é de reafirmação europeia. O que tem sido feito a nível de resultados desportivos e financeiros tem sido excepcional mas não podemos passar de uma equipa que não lutava pelo título para, de repente, uma equipa campeã e que vai à final da Champions. Temos de ir com calma. Um jogo europeu exige outra preparação e outra mentalidade a quem nem estava habituado a ir à Champions”.

“Usar os sistemas do estádio para envolver os adeptos”

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Steve Rickless abordou a sua experiência na Triple Play no contexto das novas fontes de receita

O estádio de futebol é, por definição, o lugar onde se assiste a um espectáculo de futebol. E se, numa leitura mais completa, com uma lupa para ajudar na análise, aquele espaço fosse observado como uma tremenda plataforma para obter receitas? Esta é uma das ideias fortes desenvolvidas por Steve Rickless, CEO da Triple Play, empresa que vende serviços digitais para plataformas de estádios de futebol e que, de acordo com o seu líder e um dos fundadores, opera há dez anos com escritórios em todo o Mundo, tendo já trabalhado em 30 recintos de futebol (como por exemplo os do Chelsea, Manchester City ou Spartak Moscovo) e sete desportos diferentes, com a premissa de que o estádio deve estar plenamente ligado à internet e em usufruto máximo de todas as suas plataformas.

“Devemos usar os sistemas do estádio para envolver os adeptos”, concretiza o segundo  orador do painel ‘Novas (e convencionais) fontes de receita para os clubes’, do II Congresso ‘The Future of Football’. Os ecrãs gigantes, por exemplo, não necessitam de ser apenas o suporte onde o clube divulga o seu ‘onze’ ou os autores dos golos; se estiverem conectados à internet podem ser aproveitados, por exemplo, como uma plataforma de televisão por IP – e, claro, podem gerar receitas. No estádio, sustenta Steve Rickless, o serviço deve ser o mais personalizado e completo possível. Com uma lógica muito simples: “Pode cobrar-se um preço ‘premium’ ao espectador porque se está a prestar um serviço ‘premium’”, clarificou o orador, dando o exemplo da NFL, em que os preços dos bilhetes mudam consoante os serviços prestados.

A tecnologia é a pedra de toque destas novas formas de receitas, aquilo que permite chegar aos adeptos, mantê-los envolvidos e extrair-lhes receitas, sendo uma fonte de inúmeras possibilidades que pode ser usada em várias plataformas para vender produtos e serviços direccionados e, claro, melhorar a experiência de dia de jogo para os adeptos. Neste contexto, aplicações para fãs são um dos produtos que os clubes mais procuram, sobretudo porque permitem um maior envolvimento com os adeptos – quer no dia de jogo, quer nos restantes –, prestar serviços diferenciados, conhecer os hábitos dos fãs e fazê-los sentirem-se parte do clube. “Podemos ter músicas, jogos, passatempos, ofertas especiais, serviços de localização e parcerias com restaurantes e bares, que pagam para estar na aplicação do clube”, elucidou o CEO da Triple Play que terminou com alguns dos principais desafios para os proprietários da tecnologia: Como mudar os hábitos dos adeptos para gerar retorno? Como conseguir extrair receitas dos adeptos não apenas no dia de jogo mas também nos restantes 300 dias do ano?

Integridade e transparência como eixo vital

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Emanuel Medeiros, CEO do ICSS, falou sobre as apostas online

“A minha intervenção é provocadora”, advertiu Emanuel Medeiros, CEO do Centro Internacional para a Segurança no Desporto (ICSS), que iniciou o painel subordinado ao tema ‘Novas (e convencionais) fontes de receita para os clubes’, no II Congresso ‘The Future of Football’. O aviso chegou já perto do final, quando o orador entrou, enfim, no tema que o trouxe ao Auditório Artur Agostinho: as apostas desportivas.

“Em Portugal, perdemos a oportunidade no que diz respeito às apostas, porque optámos por soluções de curto prazo”, começou por referir Emanuel Medeiros, centrando a questão na integridade do sistema – e dando a França como exemplo de um país em que os organismos que tutelam o futebol intervêm no processo de licenciamento, decidindo o que é ou não lícito. “Que tipo de protecção é dada ao consumidor? Zero. A integridade é vital”, atira o orador, especificando a importância de clarificar de onde e para onde vai o dinheiro, quem está por trás desta fonte de receita e de uma supervisão independente para apurar estes factores. “Não tenho nada contra o investimento externo, mas as condições têm de ser transparentes. É por isto não existir que o futebol é arrastado na lama”. “Como podemos fingir que vários agentes não se aproveitam do fenómeno desportivo?”, lançou. Emanuel Medeiros avisou que a intervenção era provocadora.

Antes, o orador mapeou o contexto em que o fenómeno futebolístico se desenrola hoje. As tradicionais fontes de receitas dos clubes (o investimento imobiliário ou os fundos governamentais) já não são suficientes e há um novo campo para ser explorado neste cenário. A venda dos direitos televisivos está sempre lá como fonte de receita – incrementada por novos elementos, como o ‘pay per view’ e os conteúdos pagos – mas as novas plataformas não podem deixadas de fora do tabuleiro do jogo. Emanuel Medeiros deu o exemplo da NFL, em que foi dado recentemente o passo decisivo de transmitir dez jogos via Twitter. “Quem imaginava isto? Os meios digitais mostram que o céu é o limite. O ‘video streaming’ nestas plataformas é uma oportunidade”, acrescentou o orador, que não tem dúvidas em afirmar que a televisão já não é – e cada menos será – predominante na forma de consumir o futebol.

O responsável do ICSS suportou esta ideia com recurso a números: de acordo com o relatório do consumo desportivo de 2014, o consumo móvel representa 50% na Itália, 70% nos Emirados Árabes Unidos e 30% em França. “Mais de 60% das pessoas consumiram os Jogos Olímpicos de Londres por dispositivos móveis”, exemplificou Emanuel, que afirmou ainda que a Internet é a segunda plataforma mais popular de consumo desportivo e que o YouTube, por exemplo, é a mais popular forma de acompanhar o desporto na Rússia. “O próprio estádio é uma plataforma multifunções”, referiu, deixando a porta aberta para a intervenção seguinte, de Steve Rickless, CEO da Triple Play.

Os 'followers' são o título da temporada

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

É assim que pensa Roger Navarro, director das plataformas digitais do FC Barcelona

E foi com a rapidez de um 'clique' que se chegou ao último assunto do terceiro dia de actividades do II Congresso Internacional ‘The Future of Football’. Para cancelar a janela interactiva, não se poderia escolher alguém melhor do que Roger Navarro, que está habituado a gerir mais de 300 milhões de fãs do Barcelona existentes em todas as partes do mundo. As redes sociais atingiram um relevo monstruoso na sociedade moderna, ao ponto de já existirem especialistas preparados para estudar o fenómeno, assim como as possibilidades de o aproveitar em benefício das organizações. Neste caso, falamos de clubes. O director das plataformas digitais do FC Barcelona destacou os principais processos que conseguem aproximar o clube dos adeptos.

“Temos mais de 300 milhões de ‘followers’, é óbvio que não nos podemos aproximar da mesma forma de todos eles. Se em Espanha, cada fã tem as suas especificidades, imaginem o que é interagir com fãs de culturais tão diferentes da nossa – a estratégia tem de ser diferente, mas o rendimento também será. O mais importante é saber onde eles vivem no mundo da internet para atingirmos o nosso objectivo: liderar as redes sociais”, frisou, antes de transmitir informações acerca dos pontos-chave que não podem ser esquecidos por quem trabalha num mundo digital quase infinito: “Criamos bases de dados para conhecer o valor de cada fã, tentamos a máxima comunicação directa, pois sabemos que, quanto mais directa for, mais rendimento obteremos. É necessário alcançar o máximo de idiomas possíveis, aplicações e, claro está, acordos com terceiros que facilitem o nosso trabalho”, mencionou.

No final, Roger Navarro passou a mensagem clara de que o mais importante na sua missão é transmitir uma felicidade saudável às pessoas que acompanham o clube, ao mesmo tempo que se vai tentando retirar alguns proveitos financeiros. 

Concentradíssimo a recordar experiências

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Paulo Futre falou da interferência da comunicação social nos intervenientes

O ex-atleta de futebol subiu ao palco para partilhar algumas das experiências vividas ao longo da sua notável carreira. Afinal, não são apenas os jogadores da actualidade que têm de lidar com a pressão imposta pela comunicação social. A transferência de um menino de 21 anos para um dos melhores clubes do mundo – Atlético de Madrid – gera mediatismo em qualquer que seja a época. Recuámos até 1987 para falar da maior transferência do futebol português até então. No palco, o protagonista, Paulo Futre, que foi arrancando algumas gargalhas à plateia e, principalmente, ao técnico Jorge Jesus.

“Eu só tinha 21 anos. Cheguei a Madrid e deparei-me com um cenário apoteótico: centenas de fotógrafos, dezenas de jornalistas. Nunca tinha visto nada assim na minha vida. Lembro-me que estranhei o facto de ser obrigado a falar para todas as rádios espanholas, para que depois as minhas declarações passassem na edição das 00:00. O meu primeiro pensamento foi: Em Portugal, às 00:00, está tudo a dormir e aqui dá-se importância às estações de rádio?”, de facto, dava-se, sendo que, por estação, calculavam-se cerca de dois milhões de ouvintes. Prosseguindo, Paulo Futre relembrou ainda os desentendimentos que travou com o então presidente do Atlético de Madrid, Gil y Gil,e a forma como os mesmos marcavam a imprensa espanhola. “O Atlético vendia mais jornais quando eu e o presidente nos pegávamos. É verdade. Lembro-me até da polémica com Dino Viola, ex-presidente da Roma. Gil y Gil não aceitou a proposta do clube italiano, mas eu tinha o sonho de lá jogar, então convidei Dino Viola para nos reunir-nos em minha casa, na tentativa de arranjar uma maneira de pressionar Gil y Gil. No dia seguinte, estava tudo no jornal ‘Marca’”, contou, olhando para Sergio Omedilla, actual editor do periódico espanhol.

Paulo Futre foi-se apercebendo do poder dos seus depoimentos, num processo pelo qual, ainda hoje, todos os jogadores têm de passar, sendo que já existe um controlo bem maior, de modo a evitar as polémicas de que todos os clubes querem fugir. “Fui percebendo o impacto que as palavras podem ter, mas também me apercebi do estímulo que os rumores tinham em mim. Eu crescia! Ficava imparável, porque adorava jogar sob pressão. Contudo, é óbvio que as notícias mexem com os jogadores, principalmente durante os mercados”, acabou por confessar um dos poucos ex-profissionais de futebol que se pode gabar de ter jogado nas quatros principais ligas europeias: portuguesa, espanhola, inglesa e italiana. 

“Todos os árbitros querem a introdução das tecnologias”

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Pedro Henriques, antigo árbitro, manifesta total apoio ao vídeo-árbitro

O painel ‘Inovação do Futebol’, sobretudo focado nas novas tecnologias aplicáveis na arbitragem, e com a participação de, entre outros, Gijs de Jong, da Associação Holandesa de Futebol e de David McHugh, irlandês ligado à modalidade de Rugby onde as tecnologias são uma realidade, reforçou a necessidade de introdução das mais variadas tecnologias de auxílio à arbitragem como forma de reduzir ao mínimo possível o erro humano. Nesse sentido, o antigo árbitro Pedro Henriques, depois de apresentadas todas as palestras referentes ao tema, abordou o assunto e afirmou que, com tecnologia no futebol, teria sido melhor árbitro do que foi.

“É um facto indesmentível que teria sido melhor com o auxílio das novas tecnologias. Qualquer árbitro na tomada de decisão poderia ter cometido menos erros com a ajuda da tecnologia do vídeo-árbitro, que considero ser a de maior destaque. Por vezes recordo alguns lances em que, em casa, facilmente percebi que tomei a decisão incorrecta e que teria rectificado em poucos segundos como se comprovou aqui através de algumas palestras. Mais importante ainda, eu e alguns árbitros ficámos reféns de certos lances, e com estas ajudas isso não aconteceria”, explicou, adicionando um exemplo que os Sportinguistas ainda bem se recordarão.

“Dou um exemplo, que não foi comigo mas porque estamos em casa do Sporting CP faz todo o sentido mencionar, que é o célebre golo do Rony, do Paços de Ferreira, com a mão. Em casa todos o percebemos, e mesmo no estádio através dos telemóveis também assim aconteceu, e só quatro desgraçados – e a expressão é mesmo esta – não sabiam que tinham cometido um erro que teria influência no resultado. Qualquer pessoa no vídeo-árbitro teria comunicado a irregularidade e ter-se-ia resolvido um lance importante, até porque teve influência no resultado e depois no campeonato”, concretizou.

No fim das apresentações, uma das questões colocadas aquando da altura em que o microfone circulou pela plateia foi no sentido de entender o porquê da demora na implementação, uma vez que parece ser consensual que todos concordam com a introdução das tecnologias e com as vantagens aí alcançadas. Com alguns clubes cada vez mais activos na procura pela mudança, nos quais o Sporting CP se destaca por ter sido um dos primeiros, Pedro Henriques falou também acerca da vontade dos próprios árbitros.

 “Os árbitros no activo estão sempre muito vedados naquilo que são as suas intervenções públicas. O que por norma fazem é manifestar as suas necessidades através da APAF ou do Conselho de Arbitragem. Não é normal ver os árbitros a dizer que querem estas tecnologias, mas posso garantir que qualquer um deles quer as tecnologias que vierem ajudar. Não o podem dizer directamente, mas todos eles são a favor do vídeo-árbitro”, afirmou, concluindo: “Não tenho dúvidas de que os árbitros seriam os mais beneficiados pela entrada das novas tecnologias na arbitragem”.

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