Recuemos pouco mais de um ano, à oitava jornada do último Campeonato: o Sporting vencia de forma sofrida em Paço de Arcos por 3-1, com dois golos nos derradeiros cinco minutos a fazerem a diferença num jogo sempre equilibrado. No final dessa primeira volta, os ‘leões’ tinham 28 pontos. Agora, avancemos até ao passado sábado: triunfo seguro da formação ‘verde e branca’ em Paço de Arcos por 5-2, com 4-0 a 20 minutos do final. O encontro fechou a primeira volta do presente Campeonato, com um total de 23 pontos. Porquê esta comparação?
Quem sabe, sabe e a equipa de hóquei em patins ‘leonina’ sabe mesmo: na estreia do Pavilhão do SC Torres, com uma pista de taco maior e mais rápida, o Sporting manteve a dança da vitória e somou o quarto triunfo seguido (terceiro no Campeonato, um máximo até ao momento) na recepção ao Turquel por 9-4. Os ‘leões’ voltaram a fazer uma exibição consistente durante 30 minutos, altura em que o encontro ficou mais partido com evidentes reflexos no resultado.
Deviam faltar uns dez minutos para as sete da tarde quando se abateu uma autêntica enxurrada na zona de Torres Vedras, daquelas em que não se vê um palmo à frente de tão grossa que é a água a cair. De tal forma que, nem se percebeu bem como, começou a pingar no rinque da Física, quase lotado para um encontro que tem hoje outras características face à proximidade do local onde o Sporting faz os seus encontros em casa (Livramento).
Era um ‘leão’ ferido aquele que iria receber o Cambra, ainda a carpir mágoas após mais uma derrota a Norte a impedir que o conjunto de Nuno Lopes voltasse a ganhar o norte no Campeonato. O início da recepção ao Cambra funcionou quase como um bálsamo para sarar feridas, que voltaram a abrir com o decorrer da partida mas fecharam de vez com uma ponta final impiedosa. O Sporting voltou no passado sábado às vitórias mas procura ainda a confiança colectiva e individual para rolar de novo como tão bem sabe.
Pode sempre falar-se do porquê da irregularidade do Sporting no Campeonato mas os números mostram bem a principal causa para esse flutuação de resultados: entre o ano passado e a presente temporada, em 11 jogos acima da ‘Aldeia do Hóquei’ (Turquel), os ‘leões’ fizeram cinco em 33 pontos possíveis. É a Norte que o conjunto ‘verde e branco’ perde o norte, por culpa própria e de outros, e foi isso que voltou a acontecer na deslocação a Viana do Castelo na passada quarta-feira, frente à experiente equipa do Juventude local (derrota por 2-1).
Teve momentos de grande acção, algum drama e pitadas de comédia (em duas ou três decisões de arbitragem), mas o thriller terminou com um actor principal (Luís Viana) e sem vencedor: o Sporting conseguiu recuperar de uma desvantagem de dois golos em cinco minutos finais frenéticos, mas a igualdade acabou por ser demasiado penalizadora para as ambições ‘leoninas’ naquela que poderia ter sido uma reviravolta memorável caso Puigbi não tivesse defendido com a máscara um remate cruzado de João Pinto no último segundo.
As bases do encontro estavam lançadas mas poucos poderiam esperar um epílogo tão duro para as aspirações ‘leoninas’: após duas boas vitórias com o Candelária e o Valongo, o Sporting foi duramente batido no Dragão Caixa frente ao FC Porto. Algo que, em termos históricos (e infelizmente), já não representa uma novidade: a última vitória ‘verde e branca’ no reduto nortenho data de 1977, no tempo do ‘Cinco Maravilha’ com Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Chana e Livramento (6-3). Ainda assim, a expressão que o desaire teve e a forma como aconteceu acabou por ser inesperado.
Neste caso, vale a pena não começar nem pelo início nem pelo fim mas sim pelo minuto seis da segunda parte, momento em que Luís Viana deixou a sua marca de Zorro no encontro com uma fabulosa ‘picadinha’ em zona frontal que deixou Leonardo Pais completamente pregado ao chão.
Parecia que estava escrito. “Estamos perder? Não me digas que foi o Moreira que marcou?”. E foi mesmo: no calor na recepção do futebol ao Estoril também ouve tempo para sintonizar atenções na deslocação do hóquei ao Pico, para defrontar o Candelária. E que começou mal: à semelhança do que já tinha acontecido em Braga com ‘Bekas’ (Pedro Delgado), também André Moreira ‘traiu’ a antiga equipa marcando o primeiro golo da partida aos quatro minutos, antes de Tiago Resende, de ‘penalty’, aumentar a vantagem dos açorianos.
Não faltou aos ‘leões’ a vontade de regressar aos triunfos prometida pelo capitão Ricardo Figueira na véspera da partida, mas a arte e o engenho para superar um organizado OC Barcelos não chegaram e desde cedo se começou a desenhar uma noite complicada para o Sporting, com Luís Querido, na conversão de uma grande penalidade, a adiantar os visitantes no marcador. Os ‘verde e brancos’ não se deixaram ir abaixo e foram em busca do empate, com Ricardo Figueira e Luís Viana a colocarem o guardião adversário à prova.
